RIO — O Vale do Silício ficou quieto por quase uma década, desde o estouro da bolha, na virada do século. De uns dois anos para cá, eclodiu novamente em criatividade, dinheiro investido e disputas pesadas. São conflitos em diversas áreas: a internet social, a internet aberta, a internet móvel. Tudo está em jogo, e a maneira como a rede funcionou até agora não dá pistas sobre como funcionará no futuro. Qualquer coisa pode mudar. É na internet móvel que ocorre, entre dois titãs, uma dessas principais brigas. Apple contra Google. E, nesse início de 2011, o Google piscou.
Contrariando sua filosofia, a empresa ainda não tornou público o código fonte do Honeycomb. Parece complexo, não é. Honeycomb é a versão 3 do Android, sistema do Google para dispositivos móveis. A maior diferença deste para o anterior é que é otimizado para tablets. Até agora, o Android era público, aberto. Quem quiser pode baixar o código, modificá-lo como achar que cabe e enfiá-lo num aparelho qualquer. Entre China e Coreia há uma penca de celulares e tablets genéricos saindo das fábricas.
Ser aberto assim é uma filosofia. É o que difere Google de Apple. Steve Jobs não acredita em abertura desse jeito. Ele quer controle sobre tudo. Sistemas da Apple só rodam em aparelhos da Apple. Todo aplicativo feito para iPhone, iPod e iPad passa pelo crivo da empresa antes de aparecer na loja de apps. A desvantagem é que o usuário não tem muita escolha: ou se submete aos critérios Apple ou cai fora daquele universo. A vantagem é que tudo funciona muito bem, é uma experiência redonda.
O Google, com seu Android, é a alternativa. Mas, quando decidiu manter o Honeycomb fechado ao menos por enquanto, jogou um sinal para o mercado. A empresa considera que abertura demais atrapalha a qualidade do produto final. Quer, quem diria, mais controle. Seu medo é o de virar uma Microsoft. Está em quase todos os computadores mas é sinônimo de sistema que não funciona direito. Pudera: funcionar bem em qualquer máquina é impossível.
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Para o Google, tudo ficou muito claro, no ano passado, quando a Samsung preferiu não esperar o novo sistema e lançou seu Galaxy Tab, tablet rodando Android 2, desenvolvido originalmente para celulares. A experiência é ruim. O usuário fica com a impressão que o produto com a marca Google é inferior.
Honeycomb está fechado por dois motivos. O primeiro é que permite ao Google controlar quem fará seus tablets iniciais. O segundo é que ele não foi adaptado ainda para celulares. Quer evitar a implementação ruim em smartphones genéricos.
Fechar Honeycomb não é o único movimento na direção do modelo Apple. Maior controle sobre o hardware também está na lista. A primeira experiência ocorreu de forma limitada, em janeiro de 2010, quando lançou o Nexus One, celular oficial do Google fabricado pela coreana HTC. Agora, o esforço será mais concentrado. Lançou em dezembro último, com a Samsung, o Nexus S, segundo modelo de smartphone oficial. E, no segundo semestre, via LG, deverá sair o Nexus tablet.
Apple e Google estão no centro da disputa pela filosofia da internet móvel. É briga que ambas levam muito a sério. “Não tenham dúvidas de que eles querem matar o iPhone”, disse Steve Jobs aos funcionários, em janeiro de 2010. Mas, até 2009, eram parceiras. Eric Schmidt, ex-CEO do Google, tinha assento no Conselho da Apple. Jobs e os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, dividiam até o mesmo guru. O coach Bill Campbell, um senhor bonachão, dono de bar esportivo no Vale e ex-treinador de time de futebol americano universitário, que serve de ouvido atento para as grandes estrelas da indústria local. Schmidt deixou a Apple e, obrigado a escolher perante a inimizade repentina, Campbell deixou o Google.
O Google não fechou sua plataforma de forma radical como a Apple e provavelmente nunca o fará. Mas, no primeiro teste das duas filosofias, foi ele que cedeu. É só o primeiro round numa disputa que tenderá a crescer conforme todos passemos a usar smartphones e tablets rodando, provavelmente, um dos dois sistemas.
Contrariando sua filosofia, a empresa ainda não tornou público o código fonte do Honeycomb. Parece complexo, não é. Honeycomb é a versão 3 do Android, sistema do Google para dispositivos móveis. A maior diferença deste para o anterior é que é otimizado para tablets. Até agora, o Android era público, aberto. Quem quiser pode baixar o código, modificá-lo como achar que cabe e enfiá-lo num aparelho qualquer. Entre China e Coreia há uma penca de celulares e tablets genéricos saindo das fábricas.
Ser aberto assim é uma filosofia. É o que difere Google de Apple. Steve Jobs não acredita em abertura desse jeito. Ele quer controle sobre tudo. Sistemas da Apple só rodam em aparelhos da Apple. Todo aplicativo feito para iPhone, iPod e iPad passa pelo crivo da empresa antes de aparecer na loja de apps. A desvantagem é que o usuário não tem muita escolha: ou se submete aos critérios Apple ou cai fora daquele universo. A vantagem é que tudo funciona muito bem, é uma experiência redonda.
O Google, com seu Android, é a alternativa. Mas, quando decidiu manter o Honeycomb fechado ao menos por enquanto, jogou um sinal para o mercado. A empresa considera que abertura demais atrapalha a qualidade do produto final. Quer, quem diria, mais controle. Seu medo é o de virar uma Microsoft. Está em quase todos os computadores mas é sinônimo de sistema que não funciona direito. Pudera: funcionar bem em qualquer máquina é impossível.
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Para o Google, tudo ficou muito claro, no ano passado, quando a Samsung preferiu não esperar o novo sistema e lançou seu Galaxy Tab, tablet rodando Android 2, desenvolvido originalmente para celulares. A experiência é ruim. O usuário fica com a impressão que o produto com a marca Google é inferior.
Honeycomb está fechado por dois motivos. O primeiro é que permite ao Google controlar quem fará seus tablets iniciais. O segundo é que ele não foi adaptado ainda para celulares. Quer evitar a implementação ruim em smartphones genéricos.
Fechar Honeycomb não é o único movimento na direção do modelo Apple. Maior controle sobre o hardware também está na lista. A primeira experiência ocorreu de forma limitada, em janeiro de 2010, quando lançou o Nexus One, celular oficial do Google fabricado pela coreana HTC. Agora, o esforço será mais concentrado. Lançou em dezembro último, com a Samsung, o Nexus S, segundo modelo de smartphone oficial. E, no segundo semestre, via LG, deverá sair o Nexus tablet.
Steve Jobs e os jovens fundadores do Google chegaram, até, a dividir o mesmo guru conselheiro
O Google não fechou sua plataforma de forma radical como a Apple e provavelmente nunca o fará. Mas, no primeiro teste das duas filosofias, foi ele que cedeu. É só o primeiro round numa disputa que tenderá a crescer conforme todos passemos a usar smartphones e tablets rodando, provavelmente, um dos dois sistemas.
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