SÃO PAULO – O funcionário do Banco Central do Brasil, Ricardo Neis, acusado de atropelar um grupo de ciclistas que protestava a favor do uso da bicicleta como meio de transporte, na noite de sexta-feira, foi internado numa clínica psiquiátrica em Porto Alegre. Segundo o advogado dele, o funcionário público está muito abalado com que o que aconteceu. No fim da tarde, ele acabou sendo liberado. O Ministério Público do Rio Grande do Sul pediu a prisão preventiva de Neis e a Justiça deve analisá-lo nesta quarta-feira. Os ciclistas estão fazendo um novo protesto nesta terça-feira.Na noite desta segunda, houve uma manifestação na Avenida Paulista,em São Paulo.
(TV Globo: Veja imagens do atropelamento)
Testemunhas dizem que o motorista ficou irritado porque as bicicletas estariam impedindo a passagem do veículo. Neis, no entanto, durante o depoimento de três horas na Delegacia de Delitos de Trânsito, nesta segunda-feira, disse que agiu em legítima defesa, para garantir sua integridade física e de seu filho, de 15 anos, pois teria sido ameaçado pelos ciclistas.
- Deram vários socos no carro e jogaram bicicletas por cima. Naquela situação, eu só esperava sair de lá o mais rápido possível para evitar um linchamento – disse.
Segundo o delegado Gilberto Almeida Montenegro, o suspeito não será preso, mas pode responder por tentativa de homicídio.
- Já colhemos o depoimento de ciclistas. Caso seja comprovada sua responsabilidade, ele poderá responder por tentativa de homicídio. Mas temos 30 dias para a conclusão do inquérito e ele não será preso hoje porque o prazo do flagrante já se esgotou - explica Montenegro.
Um motorista que vinha no carro de trás do de Neis contou que também foi ameaçado pelos manifestantes.
O atropelamento ocorreu na sexta-feira, na esquina das ruas José do Patrocínio e Luiz Afonso, em Porto Alegre. Nove pessoas foram levadas ao Hospital de Pronto Socorro da cidade. Todas foram liberadas sem ferimentos graves, segundo o hospital. O motorista fugiu do local sem prestar socorro. Inconformados, os ciclistas chegaram a fechar a avenida.
Mais de 100 ciclistas participavam do evento promovido pelo movimento Massa Crítica quando um carro entrou no meio do comboio derrubando dezenas de participantes. Para o grupo, que publicou em seu blog vídeos com depoimento dos ciclistas e imagens das bicicletas destruídas, o atropelamento foi considerado um crime e não um acidente.
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