Entre os políticos que têm ambições de disputar a Presidência da República daqui a dois anos, o principal vitorioso foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Ele tirou do bolso do colete o empresário João Doria Junior, contra a vontade de toda a cúpula do tucanato paulista, e mesmo assim conseguiu uma vitória inédita no primeiro turno em São Paulo.
Com isso, Alckmin larga em vantagem dentro do PSDB, que deve enfrentar uma disputa renhida para definir o candidato daqui a dois anos. João Leite (PSDB), o candidato de Aécio Neves em Belo Horizonte, chegou ao segundo turno, mas o mineiro precisa de mais que isso para se recuperar da derrota em 2014 em sua base — além, claro, de sobreviver à Lava Jato.
O outro tucano com ambições em 2018, José Serra, apoiava a candidatura do vereador Andrea Matarazzo pelo PSDB. Como perdeu as prévias para Doria, Matarazzo saiu do partido e disputou como vice de Marta Suplicy (PMDB), que terminou na quarta colocação.
Na ponta oposta à de Alckmin, o principal derrotado foi o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Bem avaliado durante todo o seu mandato, entregou uma Olimpíada que foi considerada um sucesso e inundou a cidade de obras, mas não conseguiu emplacar seu candidato, Pedro Paulo, nem sequer no segundo turno. Terá dificuldades para viabilizar uma candidatura à Presidência sem conseguir votos nem ao menos em seu reduto eleitoral.
No campo intermediário estão Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). Os candidatos de Ciro e de seu irmão, Cid Gomes, tiveram um bom desempenho no Ceará — Roberto Cláudio (PDT) passou ao segundo turno em primeiro lugar, com 40% dos votos. Já em relação a Marina, é difícil dizer: embora tenha feito campanha em algumas cidades, a ex-senadora continua a apostar mais em sua figura do que em um partido estruturado.
Ainda há muito a ser definido, mas são dois os principais fatores. O primeiro: quem será o candidato do PT? O único nome consensual no partido para disputar a Presidência, e com chances de ir ao segundo turno segundo as pesquisas, é o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não é possível saber se seu nome estará na urna, já que ele enfrenta uma batalha na Justiça para não ser condenado (e, se for em segunda instância, ser tornado ficha-suja).
O segundo fator são as regras eleitorais: essa foi a primeira eleição sem financiamento empresarial e com uma campanha mais curta (45 dias, contra os tradicionais 90), e os políticos já se articulam para mudar as regras. A quantidade de dinheiro para financiar as campanhas e as coligações de partidos podem fazer toda a diferença.
A apuração de 2016 mal acabou, mas os políticos já pensam só em 2018.