O investidor que não quer correr riscos e busca rendimentos maiores do que o oferecido pela poupança já tem uma nova alternativa para aplicar seu dinheiro: os fundos de investimento simples. A nova categoria de fundos foi criada por meio da resolução nº 555, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entrou em vigor no dia 1º de outubro. De acordo com pesquisa feita por EXAME.com com os maiores bancos do mercado, dois já oferecem o investimento: o Banco do Brasil e a Caixa.
Os fundos simples buscam oferecer uma rentabilidade de acordo com a variação da taxa DI, que tem comportamento semelhante ao da taxa básica de juros (Selic). Esses produtos devem investir, no mínimo, 95% do seu patrimônio em títulos públicos vendidos pelo Tesouro Direto ou em títulos de renda fixa privados, que possuam risco equivalente ao dos títulos do governo, como é o caso dos CDBs de grandes bancos, mas desde que o investimento nesses títulos bancários não passe de 50% do patrimônio do fundo.
Tanto no Banco do Brasil, como na Caixa, a aplicação mínima para investir nesses fundos é de 50 reais. No BB, o investidor tem a possibilidade de agendar as aplicações e os resgates de recursos.
A diferença entre os dois produtos é que, enquanto o fundo do BB é de curto prazo, o da Caixa é de longo prazo. Isso significa que a menor alíquota de Imposto de Renda incidente no resgate de recursos do fundo do BB será de 20%, caso o período da aplicação varie entre 181 dias a 360 dias. No fundo da Caixa, a incidência de imposto sobre o resgate do investimento pode ser ainda menor e chegar a 15%, já que o tempo de aplicação pode ser maior do que 720 dias.
Isso acontece porque os fundos são tributados pela tabela regressiva do IR, segundo a qual são aplicadas alíquotas de: 22,5% para aplicações feitas em até 180 dias; 20%, para investimentos de 181 dias a 360 dias; 17,5% para prazos de 361 a 720 dias; e 15% para aplicações feitas em prazos superiores a 721 dias.
Menos custos
Para aplicar nos fundos simples, não é necessário assinar um termo de adesão ou preencher uma análise de perfil de investidor, como ocorre com outros fundos de investimento do mercado. Também não podem ser cobradas taxas de saída, que são pagas quando o investidor saca seus recursos, ou de performance, que são aplicadas quando o gestor do fundo consegue superar o rendimento do seu benchmark, ou seja, do índice de desempenho ao qual está referenciado, como o Ibovespa, ou a taxa DI, por exemplo.
Essas características ajudam a reduzir custos, mas, ainda assim, os fundos simples cobram taxas de administração, que são pagas pela prestação de serviços de gestão e administração do fundo.
Enquanto o BB cobra uma taxa de 1,95% ao ano no seu fundo simples, na Caixa a taxa é um pouco menor, de 1,5% ao ano.
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A aplicação compensa?
Para o consultor financeiro André Massaro, ainda que os fundos simples ofereçam rendimentos maiores do que a poupança e sejam muito práticos, já que o investidor pode fazer as aplicações no mesmo banco no qual mantém sua conta corrente, existem hoje opções igualmente conservadoras que também pagam rendimentos em linha com a taxa Selic, que está aos 14,25% ao ano.
Um dos exemplos é o título público Tesouro Selic, que paga ao investidor a variação diária da taxa Selic. Como algumas instituições oferecem a possibilidade de investir em títulos públicos sem a cobrança de taxas de administração, o investidor pode aplicar em um Tesouro Selic pagando apenas a taxa de custódia, de 0,3% ao ano, que é paga à BM&FBovespa pelo serviço de custódia dos títulos.
Como a taxa DI e a taxa Selic apresentam comportamento muito semelhante, considerando que um fundo simples consiga atingir a rentabilidade de 100% da taxa DI – o que pode não ocorrer, se a gestão do fundo não for satisfatória - e que o Tesouro Selic sempre paga 100% da taxa Selic, o que diferencia a rentabilidade de ambas as aplicações essencialmente são as taxas de administração cobradas.
Assim sendo, se os fundos do BB e da Caixa cobram taxas de 1,95% e 1,5% ao ano, respectivamente, caso o investidor compre um Tesouro Selic com corretoras que não cobram taxa de administração, facilmente ele conseguirá superar a rentabilidade dos fundos simples, já que seu único custo com o investimento no título público será a taxa de custódia de 0,3% ao ano.
Portanto, para que os fundos simples ofereçam rendimentos superiores aos do Tesouro Selic, eles precisariam preencher dois requisitos: atingir o rendimento de 100% da taxa DI; e cobrar taxas inferiores a 0,3% ao ano.
Os fundos simples também poderiam bater o Tesouro Selic se o seu rendimento fosse superior a 100% da taxa DI, mas, nesse caso, o retorno adicional teria de ser suficiente para cobrir a diferença entre as taxas de administração de uma aplicação e de outra, já que os fundos têm taxas que passam do 1,5% ao ano – como no caso da Caixa e do BB - e o Tesouro Selic pode ter apenas a cobrança dos 0,3% ao ano de taxa de custódia,
Simulação feita por EXAME.com aponta que, mesmo no caso de fundos que cobram taxas de apenas 1% ano e conseguem obter rendimentos de 100% da taxa DI, o Tesouro Selic ainda é mais vantajoso em qualquer prazo se a aplicação for feita por meio de instituições que não cobram taxa de administração.
Quem investir, por exemplo, mil reais por 24 meses em fundos DI com taxa de administração de 1% ao ano - e atingem o rendimento de 100% da taxa DI - terá, ao final desse período, 1.235,22 reais. Caso a preferência seja por investir o valor no Tesouro Selic, com corretoras que não cobram a taxa de administração-, o valor sobe a 1.245,51 reais.
Massaro aconselha que o investidor busque sair da zona de conforto antes de optar por investir em fundos de renda fixa de baixo risco. “As taxas oferecidas por esses fundos de investimento ainda são altas em comparação ao retorno que oferecem. Para ganhar mais dinheiro, basta que o investidor gerencie seus investimentos conservadores. Esse processo não é um bicho de sete cabeças” (veja o passo a passo para investir no Tesouro Direto).