Após conquistar o apoio formal de Marina Silva (PSB) à sua candidatura no 2.º turno da disputa presidencial, Aécio Neves (PSDB) tenta agora agendar um encontro com a ex-ministra. A intenção do tucano é potencializar a adesão da terceira colocada no 1.º turno, produzindo imagens para o horário eleitoral na TV.
Marina aceita fazer uma gravação para o palanque eletrônico do tucano, mas espera um contato direto do candidato. Depois pretende se recolher. A ex-ministra já decidiu que não vai participar de comícios e subir no palanque de Aécio.
A intenção da campanha tucana é promover um encontro em algum lugar simbólico. Como faltam poucos dias para a eleição e o tempo é considerado escasso - principalmente por causa dos quatro debates na TV previstos até o fim do 2.° turno -, o plano é pragmático: captar as imagem de Marina e Aécio juntos e utilizá-las no horário eleitoral.
'Futuro'
Ontem, em Curitiba, Aécio disse que é possível que os dois se encontrem ainda esta semana. Depois de afirmar que a aliança com Marina não era apenas eleitoral, mas para "o futuro", o tucano fez questão de observar que a declaração não significa que haverá uma participação da ex-ministra em seu eventual governo.
"A forma como a Marina veio honra a boa política brasileira. Não pediu absolutamente nada, não insinuou absolutamente nada em relação a cargos. Estamos fazendo algo muito maior", disse o candidato.
O tucano afirmou ainda que, caso ficasse fora da disputa do 2.º turno, não tem dúvidas de que estaria ao lado de Marina.
Anteontem, Marina convocou uma entrevista coletiva e leu uma carta escrita de próprio punho em que anunciou o apoio ao tucano. Com o aval da ex-ministra, Aécio enviou equipe de áudio e vídeo para registrar o acontecimento. As imagens têm sido amplamente divulgadas no horário eleitoral e também nas redes sociais.
No pronunciamento, Marina afirmou que a decisão teve como base a carta de compromissos anunciada pelo tucano no sábado e que "a alternância de poder fará bem ao Brasil". "Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos."
Antes da declaração de Marina, o candidato do PSDB já havia recebido o apoio do PSB - que abrigou a ex-ministra após a Justiça Eleitoral negar registro à Rede Sustentabilidade, partido que ela tentava criar - e da família do ex-governador Eduardo Campos.
Rede
Além de Marina, dois importantes nomes da Rede, o ambientalista João Paulo Capobianco e o engenheiro Bazileu Margarido, coordenadores do programa de governo da ex-ministra, também declararam apoio a Aécio Neves.
"Eu já havia decidido, mesmo antes de Marina, que iria apoiar a urgente e necessária alternância de poder. Já havia comunicado ao grupo na semana passada que não poderia conviver com neutralidade nesse momento de crise profunda que ameaça a democracia brasileira", disse Capobianco.
A intenção da campanha tucana é promover um encontro em algum lugar simbólico.
"Minha decisão é a decisão de Marina", completou Bazileu.
Já Pedro Ivo, outro dirigente da Rede, afirmou que manterá a neutralidade. "A Rede orientou o voto nulo, branco ou em Aécio Neves. Eu me manterei neutro. Vou votar nulo", disse.
Após o anúncio de apoio, integrantes do PSB deverão realizar nesta semana reuniões com tucanos nos Estados para tentarem organizar uma agenda de atos políticos em favor de Aécio. "Não é um processo que se faz no estalar dos dedos, mas vai ser feita uma mobilização para que cada membro procure os coordenadores do PSDB nos Estados", afirmou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).