GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Que brasil é este que nós vivemos e queremos?

Hoje, 17 de fevereiro de 2016 o ex-presidente Lula seria ouvido pelo ministério público federal, em inquérito que apura possíveis crimes na aquisição de apartamento tríplex no Guarujá e sítio em zona rural de Atibaia. Entretanto, por força de decisão do conselho superior do ministério público, a oitiva de Lula e de sua mulher Marisa, foi suspensa e foram anulados todos os atos praticados até então pelo promotor do caso, sob alegação de irregularidades de natureza técnica no inquérito. Um dos principais equívocos alegados é o de que o promotor não poderia convocar os acusados diretamente, mas teria de encaminhar a convocação para o setor de distribuição que é utilizado normalmente para todos os casos investigados, não cabendo exceção só por se tratar de réus famosos.
O fato, para quem olha de fora, com olhos menos perfunctórios, pode não ser bem esse, já que militantes políticos pró Lula e pessoas que são contra o Lula, organizaram protestos em frente ao edifício onde seriam ouvidos os réus, e hoje pela manhã já havia bandeiras vermelhas de diversas agremiações e muitos militantes do MST, PCdoB, e outros, estavam posicionados no local dispostos a defenderem os seus ideais.
Ontem a imprensa especialmente o rádio, alertava para a possibilidade de conflitos entre esses grupos e, certamente, a justiça pode ter levado em conta tal risco para suspender os atos.
Quem conhece de perto as formas de atuação dos movimentos tidos como de esquerda, sabe que qualquer ato mais forte contra o atual sistema de poder instituído pelo voto direto no Brasil, vai ser contraposto por movimentos organizados, de centro esquerda e de esquerda que esperaram muito tempo para chegarem com seus representantes ao poder e certamente não vão entregá-lo de volta à direita assim tão facilmente. Nesses movimentos há um anseio que não se enxerga facilmente, mas que existe, o de se estabelecer no Brasil um governo socialista, mesmo sem os antigos ingredientes do socialismo ortodoxo da Rússia, Albânia ou Cuba, mas que tenha por finalidade a igualdade social. Os governantes do PT trazem no seu DNA , o gene dessa tendência e isso todo mundo sabe, porque o Lula não fala em socialismo abertamente, mas é ele o grande instrumento da luta pela igualdade de oportunidades para todos, e mostrou isso quando governou o país com os programas sociais, luz para todos, cotas sociais e raciais nas universidades, fome zero, minha casa minha vida, cisternas rurais para acumular agua de chuva, e muitos outros programas menos lembrados agora.
Quem achar, inocentemente, que os movimentos de esquerda são apenas bagunça de rua, pode estar redondamente enganado porque existem centros de formação e de debates que cuidam de difundir os pensamentos que dão sustentação aos ideais políticos populares.
Algumas experiências estão sendo levadas a efeito na América Latina, como na Venezuela, Chile, Uruguai, Bolívia e Equador, os casos mais destacados, e encontram grandes dificuldades, por conta dos conflitos de interesses que essas mudanças costumam causar.  Quem está se dando bem no atual modelo, não concorda com mudanças enquanto quem está mal quer mudar a situação. A grosso modo pode se dizer que é a luta entre o capital e o trabalho, em que o capitalista acha que quem tem dinheiro manda, enquanto que o trabalhador acha que sem os eu trabalho não há produção e que, portanto, deve ser ouvido nas decisões que atinjam os seus interesses. O trabalho vem vencendo a luta no Brasil já que nos últimos tempos o salário cresceu mais do que os preços e o consumo tornou-se possível para os pobres.
No Brasil, o Lula teve muita habilidade ao implantar os seus programas sem gerar conflitos, diferente da Venezuela que afronta os ricos e gera ódio, e conseguiu, no Brasil, agradar ao menos favorecido sem, contudo, desagradar aos mais favorecidos que viam nos novos emergentes que saiam da pobreza, novos consumidores para o seu produto. Com o Lula parecia que os dois lados estavam satisfeitos já que o empresário cresceu e o pobre deixou o mundo da miséria absoluta.
Agora, o debate ideológico vem à tona com essa história de apuração de possíveis atos praticados pelo ex-presidente, numa volúpia que pode estar sendo incentivada pelos movimentos filosóficos de direita que ainda não aceitam a ideia de igualdade.
O importante de tudo isso, é o fato de que o brasileiro pode estar voltando a pensar politicamente, o que pode nos levar a ser um povo esclarecido e capaz de escolher entre um e outro movimento qual o que mais lhe poderá fazer feliz.
O importante é que se faça o debate de ideias livremente, sem os arrochos do capitalismo americano que financiou a maldita intervenção militar de 1964, para sufocar os ideias sociais, e sem os excessos do socialismo ortodoxo Russo que prejudica a liberdade pessoal e torna o estado uma máquina monstruosa que não deu certo por lá. O meio termo, com liberdade pessoal e igualdade social é o ideal ainda que as diferenças continuem existindo de forma menos danosa e menos desumana.
Os dois grupos pró e contra o Lula que estavam se posicionando em frente ao fórum onde seriam ouvidos os Réus, mostram a síntese desse argumento que não se trata de guerra física, mas de confronte de ideais que já existe no mundo e também no Brasil desde o início do século XX, por volta de 1900, quando se instalaram os primeiros movimentos sociais no Brasil, muito especialmente com a criação das ligas camponesas do nordeste, da cana e do açúcar. Parafraseando o Chico Xavier, é bom saber que a tolerância em relação às diferenças de pensamento, de classe, de raça, de credo e de outras vertentes, é fundamental para a paz no mundo, devendo sempre prevalecer para o interesse público, a decisão da maioria, sem que sejam massacradas as minorias.

João Lúcio Teixeira
 

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