Marchinha e fantasias de Carnaval, flashes por onde passa e até tietagem de deputados. O agente da Polícia Federal Newton Ishii, alçado à fama por aparecer em quase todas as prisões de políticos e empreiteiros da operação Lava Jato está prestes a se deparar com mais uma grande novidade em sua vida: poderá se tornar político. Conhecido como o japonês da Federal, Ishii esteve nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados para visitar o deputado Aluisio Mendes (PTN-MA) e recebeu seu “sexto ou sétimo convite” para se filiar a um partido e concorrer a um cargo nas eleições municipais deste ano, segundo seus amigos.
“Convites para se filiar ele tem vários. Mas até a semana que vem deve se decidir se aceita algum. Hoje, ele é um símbolo do combate à corrupção e pode aproveitar esse momento”, afirmou Fernando Vicentino, o presidente do sindicato dos policiais federais do Paraná que fez a ponte entre o japonês
Ishii não quis falar com repórteres. Usando seus inseparáveis óculos escuros, marca registrada dos momentos em que aparece carregando os detidos pelos braços, ele apenas caminhou pelo plenário da Câmara, tirou dezenas de fotos (inclusive selfies) com deputados e sorriu para todos que o abordavam. Entre seus fãs momentâneos estavam os ultraconservadores deputados Jair Bolsonaro (ex-militar filiado ao PP) e Eduardo Bolsonaro (policial federal filiado ao PSC-SP), além do deputado Tiririca (do PR-SP), um ex-palhaço que também aproveitou da fama para seguir carreira política.
No fim do ano passado, durante a tumultuada votação que escolheu a primeira comissão especial que analisaria o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), parte da oposição provocava os governistas aos gritos de: “olha o japa! Olha o japa!”, em referência a Ishii.
Na terça-feira, ninguém se assustou quando o japa apareceu. Mas nenhum dos parlamentares investigados pela Lava Jato quis tirar fotos ao lado dele. Oficialmente, o tour de Ishii pela capital federal se deve à participação dele na assembleia da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). E até a conclusão desta reportagem na noite desta quarta-feira, ele não tinha participado de nenhuma prisão de políticos corruptos no Planalto Central.
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