O dólar comercial fechou nesta terça-feira cotado a R$ 2,928, o maior valor desde 2 de setembro de 2004, depois de o Banco Central manter sua intervenção reduzida no câmbio. A divisa registrou alta de 1,13%, fazendo do real a moeda que mais perdeu valor frente ao dólar no mundo nesta terça-feira. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) avançou 0,56%, aos 51.124 pontos, na contramão dos mercados globais. Puxou o índice de referência Ibovespa a Petrobras, que subiu após anunciar venda bilionária de ativos.
Assim como na segunda-feira, o BC ofereceu a rolagem de 7.400 mil contratos que venceriam em abril. Se continuar nesse ritmo diário de rolagem, o BC irá deixar vencer US$ 2,2 bilhões do lote total de US$ 9,96 bilhões de contratos desse tipo com vencimento no mês seguinte. O swap cambial equivale à venda de dólar no mercado futuro, oferecendo uma proteção aos investidores contra a volatilidade da moeda e reduzindo a pressão sobre o câmbio.
Se pretendesse rolar todo o lote com vencimento em abril, o BC teria que oferecer a rolagem de 9.500 contratos por dia — desconsiderando-se o último dia do mês, no qual o BC não costuma fazer esse tipo de operação.
— A sinalização que o BC dá é de que a intervenção não ficará do jeito que está hoje. O que o mercado especula é sobre o que vai mudar. Não se sabe se o BC vai reduzir a ração diária de 2 mil contratos, se seguirá enxugando a rolagem dos contratos que estão para vencer ou se extinguirá de vez o programa. O que se sabe é que o Levy não quer o dólar barato — afirmou João Medeiros, gerente de câmbio da corretora Pioneer.
O atual programa de intervenção no câmbio vale, pelo menos, até 31 de março. Medeiros acredita que o mais provável é que o BC corte pela metade a chamada “ração diária” de 2 mil contratos de swap, que totalizam US$ 100 milhões. No fim de 2014, a autoridade monetária já havia feito isso: até então eram US$ 200 milhões oferecidos diariamente.
— Se o BC mexer na “ração diária”, o dólar dará uma corrida fantástica e atingirá R$ 3,10 já em julho, em vez de chegar a esse valor em dezembro, como se prevê — disse o especialista.
PETROBRAS VENDERÁ US$ 13,7 BILHÕES EM ATIVOS
Entre as ações, a Petrobras registrou valorização de 2,48% (ON, com direito a voto) e 2,13% (PN, sem voto). Ontem à noite, a companhia anunciou que vai vender US$ 13,7 bilhões (cerca de R$ 39,5 bilhões) em ativos neste ano e em 2016. O valor é bem superior aos US$ 3 bilhões que a gestão anterior, comandada por Maria das Graças Foster, previa desinvestir até o fim de 2015.
— Mesmo isso tendo impacto negativo nos resultados futuros da empresa, o que o mercado quer ver é a companhia saneada. A avaliação é que o anúncio da venda de ativos vai nessa direção — afirmou Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.
A medida visa a capitalizar a empresa, que está praticamente impedida de levantar recursos por meio da emissão de títulos de dívida após perder grau de investimento pela Moody’s e por não ter publicado seu balanço auditado.
O setor bancário fechou em alta, com o Itaú Unibanco apresentando alta de 0,77%. O Bradesco subiu 0,16%. Mas o Banco do Brasil recuou 0,17%,
A Estácio cai 3,73%. A companhia informou hoje, em entrevista à agência Bloomberg, que os novos alunos de cursos presenciais terão o início das aulas adiado de amanhã para 11 de março. O adiamento é causado pela instabilidade no portal do programa de Financiamento Estudantil (Fies). Sua concorrente Kroton foi a companhia com a queda de mais peso no dia, recuando 2,62%, seguida por JBS (-1,74%) e CCR (-1,81%).
As ações europeias fecharam em queda, apesar da divulgação de vendas no varejo alemão melhores que o esperado e de o PIB da Suíça ter crescido o dobro das expectativas no quarto trimestre. Puxaram as Bolsas para baixo as ações dos bancos. O índice de referência Euro Stoxx recuou 1,17%, enquanto a Bolsa de Londres recuou 0,74%. Em Frankfurt, a queda foi de apenas 1,14%.
Nos EUA, as ações também caem. O Dow Jones cai 0,47%, enquanto o S&P 500 tem baixa de 0,45%. O Nasdaq tem baixa de 0,56%.
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