Era uma manhã de sábado e sob uma temperatura de 10 graus, debaixo de chuva, pelo menos 100 pessoas esperavam na rua para acompanhar a inauguração de uma nova loja de departamentos na cidade de Criciúma (SC). O proprietário, Luciano Hang, abriu as portas e recebeu os clientes com um coral de crianças que usavam uma bandana da rede na cabeça. A abertura da loja, no último dia 10, é mais uma etapa do agressivo plano de expansão de uma varejista ainda desconhecida em São Paulo, mas que vem ganhando espaço fora dos grandes centros. Inaugurada em 1986 como uma atacadista de tecidos em Brusque (SC), a Havan é hoje uma rede com 57 unidades e receita anual de R$ 2 bilhões.
Vestindo camiseta e jaqueta pretas estampadas com o logotipo da empresa, Hang coordenou todos os detalhes da festa. ?O aeroporto abriu? Veja se dá para trazer a Luciana Gimenez à tarde?, dizia o empresário ao telefone, entre uma foto e outra com clientes e autoridades locais. Às 13h, o helicóptero com a apresentadora do programa Super Pop, da Rede TV, patrocinado pela Havan, pousou no pátio da loja de Criciúma, ao lado de uma estrutura metálica ainda em construção, que receberá uma réplica de 35 metros de altura da Estátua da Liberdade, o símbolo da varejista.
É assim, fazendo barulho, que a Havan pretende deixar de ser uma rede regional para crescer em todo o Brasil. A meta da empresa é chegar a 100 unidades até 2015. Cada uma delas consumirá entre R$ 20 milhões e R$ 40 milhões em investimentos - dinheiro que vem de recursos próprios e de financiamentos.
?Abrimos uma loja a cada 15 dias. Chego a visitar dez cidades em uma semana?, conta Hang, que, entre os dias 5 e 10 de agosto, esteve em Sorocaba, São José dos Campos, Bauru, Anápolis, Goiânia e Brasília, antes de pousar seu jato em Criciúma.
Das 57 lojas da Havan, 23 estão em Santa Catarina. A primeira fora do Estado foi inaugurada em Curitiba, em 1995. A expansão além da Região Sul começou no ano passado. Hoje, a empresa também tem unidades no interior de São Paulo, no Mato Grosso do Sul, no Mato Grosso e em Goiás.
A proposta da Havan é vender de tudo no mesmo espaço: roupas, eletrodomésticos, ferramentas, copos, cosméticos, brinquedos. ?É como um shopping, mas é mais barato?, garante o dono. As lojas oferecem, em média, 100 mil itens. A maior delas, em Brusque, ocupa 35 mil metros quadrados. ?É a maior loja do varejo brasileiro?, diz Hang.
A expansão da Havan é uma estratégia de sobrevivência, explica o consultor Claudio Felisoni, presidente do conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar/Ibevar). Como as grandes varejistas tendem a vender os mesmos produtos, o mercado é de margens reduzidas e as companhias precisam de escala para lucrar. ?A tendência no varejo é de baixa rentabilidade e alto giro. Para sobreviver, as empresas precisam de musculatura?, avalia.
No caso de redes regionais, a alternativa é ganhar porte nacional, como fez a Magazine Luiza, por exemplo, ou se unir a um grupo maior, como fez a também catarinense Salfer, vendida à Máquina de Vendas. ?Se ficar limitada a uma região, um dia a empresa vai fechar?, diz Felisoni.
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