O Mercosul, depois do salto no comércio logo após ser formado, está estagnado há dez anos como percentual da corrente de comércio do Brasil. Já foi 16% e agora é 9%. O principal problema do bloco é político. Os sócios entraram num beco sem saída com a suspensão do Paraguai e a entrada da Venezuela. A crise econômica da Argentina cria um impasse a mais.
O Mercosul limita o nosso comércio com o mundo e vive em crise. Não se tornou o grande acordo da América do Sul, como sonhado, mas é um equívoco achar que só traz prejuízo. As exportações brasileiras aumentaram para os vizinhos, as relações econômicas se intensificaram, e a região é destino importante para nossos manufaturados. Sem isso, nossa indústria teria definhado mais.
O grande impasse do Mercosul é a suspensão do Paraguai. Pela acordo, os parceiros tinham respaldo para reagir à ruptura da ordem institucional no país. A retirada brusca de Fernando Lugo foi defendida pelos novos governantes com o argumento de que a Constituição permitia. Mas nada há de democrático no julgamento sumário de um governo sem direito de defesa.
A razão que o bloco tinha perdeu-se quando os sócios aproveitaram a ausência do Paraguai, que não tinha ainda ratificado a entrada da Venezuela, para aceitar o país como membro pleno do Mercosul.
O Mercosul será presidido pela Venezuela, e o Paraguai ainda não voltou, apesar de ter realizado eleições. Continua “de castigo” até a posse do presidente. Nesse tempo, aumentou as vendas para o bloco e começou a negociar com o mundo. Acabou tendo vantagens, e o Mercosul continua em situação complicada porque o Paraguai questiona a legalidade dos atos na sua ausência, já que é preciso unanimidade nas decisões.
]A Venezuela é importante no nosso comércio, mas é uma economia debilitada, apesar das reservas de petróleo. A inflação chegou a 25% no primeiro semestre. É politicamente instável e afugenta investidores, inclusive com perdas para empresas brasileiras, como a Petrobras. A PDVSA desistiu da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujo desenho foi feito para refinar óleo venezuelano. Isso aumentará ainda mais o custo da obra.
O Mercosul já foi mais importante para o Brasil. Em 1991, representava 8% da nossa corrente de comércio, ou seja, tudo que o Brasil importa e exporta. Em 1996, era 16%. Depois, foi perdendo importância. Caiu para 9%, em 2003, e aí ficou.
Com a Argentina, o Brasil tem tido problemas, inclusive quebra de contratos com empresas, além de barreiras ao comércio. Talvez a complacência do governo seja explicada pela venda de manufaturados. De 2002 a 2012, cresceu de 8% para 22% a venda de manufaturados para o Mercosul, dentro do total desse tipo de produto exportado pelo Brasil. Enquanto isso, caíram as vendas dos industrializados no percentual das nossas exportações. Os produtos básicos subiram de 28% para 46%, e os manufaturados caíram de 54% para 37%.
Tudo posto, o Brasil está numa situação difícil. Ligado a parceiros com problemas econômicos, num bloco estagnado no comércio e em crise política.
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