Um dia após a Justiça liberar quatro acusados pelo incêndio na boate Kiss,no Rio Grande do Sul, familiares das vítimas da tragédia realizaram um novo protesto na tarde desta quinta-feira (30), em Santa Maria.
A manifestação começou por volta das 15h, na praça Saldanha Marinho, no centro da cidade. De lá, o grupo seguiu em caminhada na região da avenida Medianeira e rezou em frente à igreja Nossa Senhora das Dores.
Ao menos 200 pessoas participaram do protesto, de acordo com a Brigada Militar.
"Fomos gritando por Justiça, por cadeia, para chamar a atenção da população e dizer que nós estamos indignados por tudo o que aconteceu. Levamos um puxão de tapete [do Judiciário]", disse o presidente da associação que reúne os familiares das vítimas, Adherbal Ferreira, sobre a liberação dos quatro principais acusados pelo incêndio.
Os sócios da Kiss, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, o vocalista Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Leão, da banda Gurizada Fandangueira, foram soltos na noite desta quarta-feira (29). Eles deixaram o presídio após decisão da Justiça.
Segundo Adherbal Ferreira, os familiares pretendem se reunir com advogados e com a Promotoria nos próximos dias para tomar medidas contra a liberação dos acusados. "Estamos com dúvida se realmente a Justiça existe no Brasil", diz.
LIBERAÇÃO
Por decisão unânime, a 1ª Câmara Criminal do TJ-RS avaliou que os dois sócios da boate e os dois integrantes da banda que tocava no local não oferecem perigo à sociedade, por serem réus primários e não terem "traço excepcional de maldade".
Os sócios da Kiss, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, são acusados de ter instalado espuma inadequada na casa. Já o vocalista Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Leão, da banda Gurizada Fandangueira, por terem usado o artefato pirotécnico que causou o incêndio.
Presos há quatro meses, desde o dia seguinte à tragédia, os quatro respondem por homicídio doloso qualificado e tentativa de homicídio. A revogação da prisão decorreu de análise de pedido da defesa do vocalista, e foi estendida a todos os réus.
Após a liberação, os acusados foram para a casa de familiares. Responsável pela defesa de Spohr, o advogado Jader Marques disse que vai esperar a divulgação de quando as testemunhas serão ouvidas antes de definir novas estratégias de defesa.
Além dos presos que ganharam liberdade, também são réus no caso dois bombeiros acusados de adulterar documentos após o incêndio e duas pessoas acusadas de mentir à polícia durante a investigação. Todas respondem em liberdade.
INCÊNDIO
O incêndio ocorreu no dia 27 de janeiro e provocou 242 mortes. Centenas de sobreviventes ficaram feridos, incluindo cerca de 140 que precisaram ser hospitalizados.
O fogo começou por volta das 3h, quando um integrante da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show no local, acendeu um artefato pirotécnico. Faíscas atingiram uma espuma usada como revestimento acústico, que começou a queimar.
Uma espessa fumaça preta tomou conta de todo o ambiente da casa noturna em poucos minutos, intoxicando os frequentadores.
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