Com a intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou ontem que não pretende concorrer ao governo de São Paulo em 2014 pelo PT. A costura de Lula e Dilma para deixar Mercadante fora do páreo em São Paulo abre caminho para novos nomes do partido, como o ministro Guido Mantega (Fazenda) e Alexandre Padilha (Saúde).
Em avaliação sobre o cenário político em São Paulo, Lula voltou a alertar o partido sobre a necessidade de romper a barreira dos 30% dos votos, porcentual que Mercadante alcançou na eleição passada. O ministro tinha a intenção de concorrer, mas setores do PT acham que é preciso trabalhar um novo nome.
Como o PT considera ter uma dívida com Mercadante, já que ele, em 2010, desistiu da reeleição ao Senado para disputar o governo estadual, a saída foi convencê-lo a ocupar papel relevante num eventual segundo mandato de Dilma - possivelmente um ministério político, de forte projeção -, desistindo do plano São Paulo. Mercadante disse que fica na pasta porque considera a educação "a grande prioridade estrutural do País e seu maior desafio". "Temos que demonstrar essa prioridade com atitudes concretas."
Mercadante disse que tomou a decisão há pouco mais de um mês, durante a viagem com a presidente Dilma Rousseff a Roma para a missa inaugural do papa Francisco. A conversa definitiva sobre o assunto ocorreu em São Paulo entre o ministro, a presidente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão.
"Eles me disseram que, se eu decidisse me candidatar, haveria um consenso em torno do meu nome", disse Mercadante. "Eu agradeço esse gesto, mas minha maior contribuição hoje é estar no Ministério da Educação. Por isso, o PT está liberado para apontar outro candidato."
O ministro acrescentou que o trio teria lhe pedido que esperasse para fazer o anúncio, mas que ele preferiu revelar logo sua decisão. "Eu achei que manter meu nome sabendo que não serei não tinha sentido", alegou.
Operação. Em 2011, Lula também avaliava que o partido precisava ter um candidato novo na eleição pela Prefeitura de São Paulo. De forma mais incisiva que agora, pediu a petistas que tinham intenção de disputar, entre os quais Marta Suplicy, que abrissem mão da candidatura em prol de Fernando Haddad. O ex-ministro da Educação venceu o pleito, e a tese da renovação ganhou força no PT.
Sem Mercadante, o nome de Padilha é o mais cotado no PT para sair candidato. O titular da Saúde conta com a simpatia de Lula, que acredita poder fazer com ele o mesmo que fez com Haddad. O ex-presidente também defendeu em reuniões o nome de Mantega, que não só teria esse perfil da novidade eleitoral como teria um cardápio de realizações na área econômica.
Pesa contra Mantega a recente alta da inflação e o baixo crescimento. No caso de Padilha, petistas dizem que ele não criou uma marca em sua gestão na Saúde. Ontem, em reunião com Lula, apoiadores ponderaram que isso não seria impeditivo, pois o setor também seria um "calcanhar de aquiles" da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
Ao descartar a disputa, Mercadante diz que não cobiça outro ministério - nem mesmo um com gabinete no Planalto, como a Casa Civil - ou a coordenação da reeleição de Dilma. "Não condicionei minha permanência no governo a nenhum projeto futuro."
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