GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma profissão bíblica e um pescador de fé

Cleyton Domingos*

Nas belas praias de Caraguatatuba pode-se ver Aristeu Longuinho da Silva, caiçara de 66 anos, preocupado com o local que sempre tirou o alimento e a fonte de renda. “O mar é um bem precioso e deve ser cuidado por todos”, afirma o pescador de forma incisiva.
Jeito firme. Aristeu critica aqueles que não preservam a natureza. Ele se desmantela ao lembrar a infância, principalmente, de seus pais: Benedito Teodoro da Silva que veio de São Paulo para o Litoral Norte, devido a Revolução de 32 e aqui se casou com Tereza Pires da Silva, que conheceu em Natividade da Serra.
Seu caminho estava traçado, nasceu em Caraguá em 1944. Por aqui dominou a arte da pesca aos 12 anos. Dali para frente, qualquer hora era boa para pescar, seja a noite toda ou o dia todo. “Já fiquei uma semana no mar”, revela com orgulho.

Histórias de caiçara

Ao contar suas aventuras vivenciadas no mar, Aristeu recorda que: “O mar era maravilhoso”. E lembra mais o experiente pescador, “Já pesquei peixes de até 110 quilos, Cachorras grandes. Também peguei robalos que pesavam 22 quilos. Do mangue se tiravam peixes para refeições com facilidade. Tudo em Caraguá”, afirma.
Hoje a situação é bem diferente. O mar parece não gostar mais dos que vivem de maneira humilde. A impressão de que tudo é mais difícil. Mesmo assim, Aristeu não deixa o desânimo tomar dele. Mas, ao contar o quanto pesca atualmente o desconforto é mais que financeiro: um prejuízo na alma de caiçara. “Hoje em dia tiro apenas nove quilos no máximo a cada pescaria, que é de onde sai o pão de cada dia”, confessa com saudade das pescarias de outra década.
Contudo, Aristeu construiu seu patrimônio graças ao trabalho no mar. E não pretende parar com a atividade mesmo sabendo que na atualidade, o que pesca, é só para sobreviver. A saúde vai bem. Se depender dele: “dá para trabalhar bastante ainda”.

A natureza e seus colegas de ofício

Aristeu não pensa só nele. A degradação da natureza e a falta de consciência ambiental têm prejudicado a renda dos pescadores. Esta é uma das razões das novas gerações não continuarem no ofício da pesca. Mais que isso, não enxergam a pesca como meio de sustento.
Por esse motivo precisa-se dar um incentivo aos pescadores que não tem condições de colocar o barco no mar. Aristeu revela uma preocupação que fala alto em seu coração: “Deve-se pensar nos pescadores mais pobres”, propõe. Além de sentir na própria pele, Aristeu é testemunha ocular de tudo que se passa nos dias atuais, no que tange à pesca da região: “Os pescadores até tentam se ajudar, mas o apoio é aquém do necessário”, desabafa o pescador.

Vida pacata

Como todo bom caiçara, Aristeu gosta de ficar em casa com a esposa Hioraide Portes dos Santos. Não gosta muito de outros lugares que não sejam a casa e o mar. Orgulha-se de dois filhos, a filha e seus queridos netos. Seus portos seguros são Deus e a família. Ainda, é fácil se ver o pescador fazendo suas redes (tarrafas) nas tardes em que não está no mar, principalmente, aos domingos.



A fé inabalável em “Nosso Senhor Jesus Cristo”, a qual Aristeu Longuinho da Silva se remete, é impressionante. Fala como se Jesus Cristo tivesse ao seu lado. Expõe sua relação com o mar: “Eu não tenho medo, mas tenho respeito, porque ali foi Deus quem fez e temos que respeitar”. Enfim, eis uma profissão bíblica e um pescador de fé.

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