Ironia das ironias ou simplesmente fruto de uma mente perturbada, o assassino Wellington Menezes de Oliveira — que matou 12 crianças dentro de um colégio público e depois se matou — doou dinheiro para uma campanha destinada à compra de 12 mil kits escolares para estudantes carentes. A doação foi autorizada, por telefone, à entidade Legião da Boa Vontade (LBV), em 18 de janeiro — menos de três meses antes de cometer o massacre. Os descontos na fatura de telefone de Wellington começaram em março e seriam, a partir de então, mensais.
Em 18 de janeiro, às 10h35m, Wellington — que vinha arquitetando a chacina na Escola Tasso da Silveira desde 2010 — recebeu uma ligação telefônica da LBV, solicitando doações. Ele autorizou, então, descontos mensais de R$ 50 (o mínimo era R$ 5) na sua conta telefônica, a partir de março. O dinheiro seria destinado à campanha “Criança Nota 10”, que, somente no Rio, distribuiu com 2.020 kits escola$para alunos carentes.
A conta com vencimento em 6 de março, faturada no dia 1º de fevereiro, chegou a ser paga. A fatura de abril, que vencia no dia 6 — um dia antes da chacina — não foi quitada. Ela tinha sido faturada em 1º de março. Em 8 abril, no dia seguinte ao do ataque, a autorização do desconto foi suspensa.
Wellington já tinha feito uma doação para a LBV em outra campanha — a de compra de cestas básicas para famílias carentes. Autorizou, em 27 de novembro de 2010, às 14h05m, o desconto em sua conta no valor de R$ 50. O débito ocorreu na fatura de 6 de janeiro.
Procurada, a LBV confirmou as informações. A entidade disse que “está consternada com o crime e orando pelas famílias”.
Apesar de estar desempregado desde agosto do ano passado, Wellington não economizava nas ligações telefônicas feitas do seu aparelho fixo. As quatro últimas contas — de janeiro até abril — contabilizaram R$ 698,21. Somente a última, a de abril, não foi paga. Uma parte dos débitos da conta eram relativos à compra de serviços: banda larga, aquisição de modem e outros.
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