BRASÍLIA - Uma série de investigações iniciadas no rastro do esquema do mensalão do PT, ocorrido em 2005, pode originar novos inquéritos na Justiça. O relatório concluído em fevereiro pela Polícia Federal e encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) propõe novas investigações sobre as contas do Banco do Brasil, sobre depósitos e repasses feitos pelo PT, sobre indícios contra ex e atuais parlamentares, suspeitas sobre a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal no governo Joaquim Roriz (PMDB), além de repasses feitos para meios de comunicação em diversos estados.
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Apesar de iniciados a partir da descoberta do mensalão, o relatório da PF e as novas investigações propostas ao Ministério Público não têm relação direta com a ação principal que tramita no STF e que envolve 38 acusados de envolvimento com o esquema de corrupção montado no governo Luiz Inácio Lula da Silva há pouco mais de cinco anos. Os novos indícios encontrados pela PF fazem parte do inquérito aberto no Supremo para apurar a origem dos recursos do mensalão. Não são, portanto, o relatório final do mensalão.
O delegado da PF encarregado da investigação, Luís Flávio Zampronha, adiantou no relatório que um inquérito policial já foi aberto por determinação do Ministério Público para 'apurar a responsabilidade dos servidores do Banco do Brasil nas irregularidades envolvendo seus contratos de publicidade e propaganda'.
A investigação torna-se ainda mais relevante porque a PF concluiu que parte dos recursos do mensalão, esquema supostamente montado pelo empresário Marcos Valério e pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, era de dinheiro público vindo do Fundo Visanet e do orçamento próprio do Banco do Brasil.
'Vislumbra-se mais uma vez, nestes casos, a confusão existente entre o público e o privado, nos quais servidores de uma empresa estatal manipulam vultosas quantias segundo não uma lógica impessoal e universal, mas, ao contrário, tendo em vista os interesses particulares de grupos detentores de poder político ou que exerçam algum tipo de influência', afirmou Zampronha no relatório.
Outra investigação que pode ser desencadeada envolve as contas do PT. A movimentação de recursos do partido mostra a existência de depósitos sem origem certa de R$ 800 mil e transferências de altos valores sem destinação especificada. A PF questionou ao Ministério Público a se deve buscar informações que permitam descobrir quem são os responsáveis pelos depósitos e os beneficiários dos recursos.
O relatório da PF aponta ainda indícios da existência de uma nova lista de possíveis beneficiados pela distribuição de dinheiro por empresas de Marcos Valério, incluindo políticos, servidores públicos, advogados e empresários. Na lista feita pela Polícia Federal estão, por exemplo, Rodrigo Barroso, coordenador financeiro da campanha de Fernando Pimentel - hoje ministro do Desenvolvimento - à prefeitura de Belo Horizonte (MG) em 2004. A PF tentou saber de Barroso a origem e destino dos R$ 247 mil recebidos de uma das empresas de Valério. Mas o coordenador da campanha de Pimentel ficou calado durante o depoimento.
Também constam da lista feita pela PF os nomes do ex-deputado distrital Geraldo Naves, preso por suposto envolvimento também no escândalo do mensalão do DEM em Brasília, do jornalista Luiz Lanzetta, que integrou a campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República, de Freud Godoy, segurança de Lula durante a campanha de 2002, e Manoel Neto, casado com a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF).
Entre as empresas que também receberam recursos das empresas de Marcos Valério está o jornal Tribunal do Brasil, que teve donos o ex-senador Mário Calixto e, depois, o empresário Alcyr Collaço, este flagrado guardando na cueca dinheiro do mensalão do DEM. O jornal recebeu R$ 4,9 milhões em menos de dois anos da Secretaria de Fazenda do Distrito Federal durante o governo de Joaquim Roriz.
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A investigação torna-se ainda mais relevante porque a PF concluiu que parte dos recursos do mensalão, esquema supostamente montado pelo empresário Marcos Valério e pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, era de dinheiro público vindo do Fundo Visanet e do orçamento próprio do Banco do Brasil.
'Vislumbra-se mais uma vez, nestes casos, a confusão existente entre o público e o privado, nos quais servidores de uma empresa estatal manipulam vultosas quantias segundo não uma lógica impessoal e universal, mas, ao contrário, tendo em vista os interesses particulares de grupos detentores de poder político ou que exerçam algum tipo de influência', afirmou Zampronha no relatório.
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