Ao fazer um balanço do primeiro turno das eleições municipais, na tarde desta segunda, o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, disse não temer o embate sobre ética com os adversários, principalmente com o PSDB. Citando denúncias como a suposta compra de votos para a emenda da reeleição aprovada durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o dossiê Cayman e denúncias envolvendo privatizações no governo tucano, Falcão disse que o partido está preparado para esta discussão. "Há várias questões para debater no campo ético. Nós não tememos esse debate", afirmou o dirigente, durante entrevista coletiva na sede nacional do PT em São Paulo.
A reação do presidente do PT foi uma resposta às afirmações do adversário do candidato da sigla Fernando Haddad, em São Paulo, o tucano José Serra, que desde o domingo (07), quando foi anunciada sua ida ao segundo turno, invocou o mensalão para dizer que pretende fazer comparações de biografias, discutir ética e valores nesta nova etapa das eleições para a Prefeitura de São Paulo. Já em campanha pelas ruas da cidade, nesta segunda-feira, Serra acusou o PT de estar usando as eleições municipais para ''abafar'' o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.
Falcão rebateu as declarações de Serra sobre o uso do julgamento do mensalão no debate eleitoral. "Acho que (o debate sobre ética) é um campo desfavorável para o nosso adversário travar", disse. Falcão ressaltou que Fernando Haddad não tem denúncias "em seu prontuário". "Seria extremamente desfavorável para o nosso adversário fugir dos problemas da cidade pelos quais ele é responsável e querer travar um debate sobre ética, campo no qual ele fica devendo explicações."
Em entrevista coletiva na tarde de segunda, o dirigente disse que o PT está pronto para rebater qualquer ataque referente, inclusive, ao julgamento do mensalão. Para o cacique petista, o julgamento do mensalão ocorre porque o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu condições para que a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) fossem reaparelhadas. Com isso, a antiga figura "do engavetador-geral da República" deixou de existir. "Hoje não há engavetador, há um procurador que inclusive opina sobre o resultado das eleições livremente", disse.
Excelente
Para o PT, o resultado do primeiro turno das eleições municipais "foi excelente", uma vez que o partido cresceu 12% em todo o País em número de prefeituras conquistadas em relação ao pleito de 2008, chegando a um total de 624 prefeitos eleitos. Entre as vitórias mencionadas pelo dirigente, está a conquista da prefeitura de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, reduto do governador Geraldo Alckmin (PSDB). "O projeto do PT foi consagrado neste primeiro turno", comemorou.
Otimista para o segundo turno, Falcão revelou que a tendência de alianças do PT em todo o País é com partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff. Ele destacou, ainda, que Dilma participará da campanha de Haddad em São Paulo, e que está apenas definindo sua agenda. "A tendência é ela participar de alguma maneira."
Falcão destacou também que o PT não pretende levar questões religiosas para o debate em São Paulo e que a aposta do partido é o programa de governo de Haddad, principalmente o Bilhete Único Mensal e os projetos para a área de saúde. Em sua avaliação, os altos índices de rejeição a Serra vão favorecer o candidato petista. "A população está cansada de oito anos de descaso", comentou.
Sobre a derrota do partido no Recife, Falcão reconheceu "os erros de encaminhamento" da sigla na capital pernambucana e culpou o racha no PT local. "Inegavelmente, onde o partido se dividiu o resultado foi desfavorável", observou. Segundo o dirigente, o pior resultado para o PT seria ver o candidato do PSDB, Daniel Coelho, chegar ao segundo turno. "De qualquer maneira a vitória foi de um aliado", afirmou, numa referência ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).