André de Carvalho Ramos, procurador Regional Eleitoral de São Paulo, afirmou que a aplicação da Lei da Ficha limpa nessas eleições foi um trabalho árduo para o Tribunal Regional Eleitoral, mas bem sucedida. Em entrevista à TV Estadão, Ramos reforçou que as eleições municipais deste ano foram as primeiras em que a lei foi aplicada com aval do Superior Tribunal Federal. No Estado de São Paulo, a eleição teve quase 80 mil candidatos. Segundo Carvalho, apesar de haver a tradicional dúvida sobre se a lei "vai pegar", em São Paulo, 340 candidatos foram barrados.
No entanto, com a possibilidade de recurso, diversos candidatos impugnados deram continuidade a suas candidaturas. O procurador reforça que, nesse caso, o candidato sofrerá consequências, se não conseguir reverter sua situação na Justiça após o fim das eleições. Carvalho afirma que o ideal seria ter conseguido julgar todos o recursos, mas afirma que isso não ocorreu em virtude de gargalos, presentes em todo o sistema judiciário brasileiro. Contudo, Carvalho afirma que o TSE espera ter julgado todos os recursos até dezembro.
Cota de sexo
Sobre as cotas de sexo, que exigem que seja respeitada uma proporção de 30% para 70% de candidaturas de cada sexo. Segundo o procurador, o sexo sub-representado é o feminino; no entanto, nas eleições deste ano, tem-se, em São Paulo, pela primeira vez, 32% de candidaturas femininas, apesar de haver partidos que não atingiram este índice. Carvalho ressalta que "depois de alguns anos, os resultados são muito interessantes", se analisados os casos de países que já aplicaram este tipo de ação afirmativa. Ele pondera, no entanto, que existe a necessidade de verificar a efetividade de tais candidaturas, ou seja, se as candidatas apresentadas pelo partido compareceram realmente à campanha.
Quociente eleitoral
Carvalho explicou que o quociente eleitoral é o mecanismo utilizado pela Justiça Eleitoral para converter votos em mandatos. Ele afirma que, sendo o mandato partidário, realiza-se a divisão do número de votos recebidos por cada legenda pelo número de cadeiras disponíveis. Desta forma, ocorre o que se chama de "distribuição das sobras", que é quando candidatos menos votados são eleitos por causa de um "puxador de votos" de seu partido, ou seja um candidato que recebe uma quantidade de votos muito maior do que apenas o necessário para que ele seja eleito."Apesar de o eleitor frequentemente votar pessoalmente, em virtude do carisma de um candidato em especial, ele está confiando num programa partidário", reforçou.
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