GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

domingo, 25 de outubro de 2015

'Amigo do Lula' admite que levou empresário para falar com ex-presidente

O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, apontado na Operação Lava Jato como 'o amigo do Lula', afirma que não repassou R$ 2 milhões para que uma nora do ex-presidente da República quitasse dívida de imóvel. "Não paguei conta de nora de Lula, apartamento, nada a ver."Aos 71 anos, ele diz que não é lobista, como informam investigadores da Lava Jato. "Nem sei como escreve lobista", diz, rabiscando uma folha de papel à mesa.
Diz que "está perdendo 'muito dinheiro'" com a citação a seu nome por delatores da Lava Jato, entre eles Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano.Um dos supostos operadores de propinas do PMDB, Fernando Baiano declarou que repassou a Bumlai quase R$ 2 milhões destinados à mulher de um dos filhos de Lula. "Os bancos se fecham cada vez que meu nome sai na imprensa", lamenta. Bumlai reclama do "último absurdo", que é como denomina o episódio do Banco Schahin, segundo outro delator, Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobrás, Bumlai intermediou o pagamento de uma conta do PT de R$ 60 milhões, originada na campanha à reeleição de Lula, em 2006.
"Meu Deus, eu não sou filiado ao PT, esse Rui Falcão (presidente nacional do PT) até posso ter sido apresentado a ele, muito prazer, não tenho nenhuma ligação com ele, não faço política e, de repente, vou fazer uma negociação para pagar 60 milhões de dívida do PT? Eu lá sei de dívida do PT? Nunca recebi conta de ninguém para botar dinheiro na conta deles (do PT), nunca. Nunca dei um tostão para campanha de Lula. Por que eu iria intermediar? Por que eu intermediar dívida do PT na Petrobrás? Não tem sentido."Bumlai conta que conheceu Fernando Baiano "como um empresário, representante de uma grande empresa espanhola". Preso desde dezembro de 2014, em Curitiba, Fernando Baiano diz que concordou em antecipar R$ 2 milhões da propina a ser paga por um contrato que Bumlai intermediava para o Grupo OSX, de Eike Batista, na Petrobrás.Bumlai diz não ter problemas em ser submetido a uma eventual acareação com Fernando Baiano. Ele afirma que o dinheiro transferido por Fernando Baiano foi para uma transportadora de sua família, a São Fernando, para quitar dívidas com funcionários seus. "Paguei a minha folha que no mês estava bastante atrasada."Na verdade de Bumlai, as negociações com Fernando Baiano, entre 2011 e 2012, em nome do Grupo OSX, foram para compra de uma termoelétrica.
O pecuarista falou ainda de sua amizade com Lula, confirmou o almoço com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano, antes de uma reunião com ex-presidente, no Instituto Lula, em São Paulo, com a participação de alvos da Lava Jato, e garantiu não ter negócios com o petista. "Sou amigo dele, sou amigo de festa, de almoço, de aniversários, mas negócio? Não tenho negócio com ele, nenhum negócio que envolva o presidente Lula.
"Estadão - Como o sr conheceu o ex-presidente Lula?
José Carlos Marques Bumlai - O governador do meu Estado (em 2002, Zeca do PT)  me telefonou e disse "o Lula me ligou, falou que queria passar, foi a época da Copa do Mundo, acho que não era Semana Santa, era Corpus Cristi no Mato Grosso do Sul. Ele disse. 'Podemos ir na sua fazenda?, posso leva-lo à sua fazenda?' Eu digo, 'pode, pode ir lá, não tem problema nenhum. O Lula ficou lá uns 3 ou 4 dias, foi embora, se candidatou a presidente da República, ganhou e nunca mais voltou a nenhuma fazenda minha. No entanto, eu abro os noticiários e tem foto do Lula pescando na minha fazenda peixe que é até do mar. Eu não tenho fazenda à beira mar, entendeu? Já viu isso? Essa foto, Lula no barco pescando um peixe preto bonito, não sei que peixe que é, na fazenda do Bumlai não tem desse peixe. Então, fazem essa maximização da amizade.É meu amigo? É meu amigo, a família é minha amiga, mas não justifica isso.
Estadão - O sr tinha livre acesso ao Palácio do Planalto?
Bumlai - Abro o jornal e tem lá o crachá, que eu teria acesso irrestrito ao Palácio com todas as portas abertas, a hora que eu quisesse. Eu não sabia que tinha aquilo lá, esse crachá. Aliás, o crachá tinha que estar comigo, não?. Muito bem, nunca soube daquele crachá. Durante os oito anos que o presidente Lula esteve no Palácio do Planalto eu fui duas vezes no gabinete dele.
Estadão - Do que trataram nesses encontros?
Bumlai - De assunto relativo a terras indígenas e proprietário rurais. Fui acompanhado do ministro Márcio Thomaz Bastos (morto em novembro de 2014), que era ministro da Justiça, do presidente do Incra, não lembro mais o nome, do governador do meu Estado (Zeca do PT), um deputado. Eu não tinha o que fazer lá. E não resolveu nada, até hoje. Eu era da Associação de Criadores do Mato Grosso do Sul e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social até o ano passado. Eu achava que esse negócio, a terra indígena, tinha que ser resolvido. Aqui é terra indígena, tá bom ah mas está ocupado por proprietários particulares, o governo federal loteou o Mato Grosso do Sul, vendemos lotes para os proprietários rurais, eles desenvolveram suas qualidades. De repente vira terra indígena e não pode indenizar os proprietários a não ser pelas benfeitorias. O pessoal da Associação me procurou, vamos abrir um espaço, é um problema sério. Conclusão, não se resolveu até hoje. Não se resolveu.A soluçao é fácil,  não é muto difícil, é questão de vontade política.Estadão - O sr. fez viagens com o ex-presidente Lula?Bumlai - Eu nunca viajei, nunca fiz uma viagem internacional no avião do presidente da República. Encontrei com ele uma vez ou duas vezes, não me lembro bem. Nunca fui em viagem com o presidente da República. Peguei uma ou duas caronas, não mais que isso. Falam aí de viagens internacionais, eu na cabine, eu nunca fiz uma viagem internacional com o presidente, nunca.
Estadão - Como o sr entrava no Palácio do Planalto?
Bumlai - Duas vezes entrei para ir no gabinete do presidente As outras vezes era pela entrada do Conselho de Desenvolvimento, era uma portaria à parte.A gente chegava, se identificava e tomava assento do Conselho. Fui grande colaborador do Conselho, fui relator do grupo de bioenergia, hoje está aí pelo País todo. Então, essa mistificação, 'o amigo do Lula, o amigo do Lula'....sim, meu amigo, como ele tem 20, 30 amigos Ele (Lula) vai na fazenda de um cidadão não acontece nada. Na minha, como presidente, ele nunca foi, nunca, nunca, nunca. (Lula) voa no helicóptero de não sei quem, não acontece nada. No entanto, você abre o  jornal e vê lá o Bumlai. Ele (Lula) nunca botou o pé em nenhuma aeronave minha, nunca. Bom, não era amigo dele? Sou amigo dele, sou amigo de festa, de almoço, de aniversários, mas negócio? Não tenho negócio com ele, nenhum negócio que envolva o presidente Lula.
Estadão - O que o sr. pode falar das acusações que o citam?
Bumlai - Voltando às ilações, não vou chamar de acusações. A verdade é uma só: quando conta uma mentira, você conta uma segunda, uma terceira, uma quarta, uma quinta e aí você se enrolou. Eu não sou homem de mentir. O que eu tenho para falar é a verdade. Eu não tenho nenhuma participação nesse episódio todo. A última é o absurdo do Banco Schahin, que eu ia intermediar o pagamento de uma conta do PT de 60 milhões de reais. Meu Deus, eu não sou filiado ao PT, esse Rui Falcão (presidente nacional do PT) até posso ter sido apresentado a ele, muito prazer, não tenho nenhuma ligação com ele, não faço política e, de repente, vou fazer uma negociação para pagar 60 milhões de dívida do PT? Eu lá sei de dívida do PT? Não sei; eles dizem que não têm a dívida. Não conheço esse assunto de dívida de 60 milhões. Ah, mas o fulano falou que entregou uma conta... Nunca recebi conta de ninguém para botar dinheiro na conta deles (do PT), nunca, nunca. Já vasculhei minha memória. Aliás, não me lembro de ter estado na Petrobrás com nenhum diretor. Fui uma vez, em 2010, como relator do grupo de bioenergia. Eu tinha que trabalhar muito com a Fundação Getúlio Vargas, montar projetos, arrumar a estrutura da nova indústria alcooleira do Brasil, incorporando já no início do projeto a geração de energia, dando aquilo que eu gosto, na parte de genética, uma melhor colheita no canavial. O potencial energético do setor sucroalcooleiro é uma coisa de 12, 13 mil megawats, é uma Itaipu.
Estadão - Conhece Fernando Baiano?
Bumlai - Conheço, conheço sim. Fernando Baiano eu conheci como empresário de uma empresa internacional muito grande que é a Acciona, trabalhando no ramo de energia. Ah, o Baiano falou que fizemos um projeto da OSX com a Sete Brasil. Eu fui apresentado ao grupo Eike Batista pelo Fernando Baiano, tentando vender um projeto termelétrico meu, uma usina, de 660 megas. Ele teria dito que o Grupo Eike Batista teria interesse em comprar, me apresentou lá, eu fui lá, abrimos uma relação de negócios, certo? Se interessaram, realmente um negócio espetacular.Foi em 2011, aí o que aconteceu? Começam a misturar as coisas.Conversando com ele (Baiano) eu falei 'olha, o Ferraz está marcando uma audiência lá com o presidente Lula, o João Carlos Ferraz, o João Carlos'. Eu vou fechar com ele aqui, diz que se marcar eu te aviso.
Estadão - E depois?
Bumlai - Marcou, aí fomos almoçar, era às 15 horas a audiência. Almocei com ele no restaurante Tatina, ele me apresentou o Ferraz nesse momento. Eu não conhecia o Ferraz, não tinha noção de quem era o Ferraz. Ele contou lá as preocupações com respeito ao setor e tal. Eu disse, 'olha, não entendo nada disso,  vou até dar uma recomendação. Vai conversar com o presidente, seja sucinto e coloca o teu problema rápido porque é um entra e sai que...Terminado o almoço, o Baiano foi embora. Eu levei o Ferraz lá no Instituto, apresentei o Ferraz. Ele não conhecia o presidente. Eu fiquei oilhando um livro do Corinthians e saí. Tinha uma outra pessoa na sala, eu não lembro quem era, acho que era o (Paulo) Okamoto (presidente do Instituto Lula). Fiquei lá, conversando, quando terminou não sei se foi mais de 30 ou 40 minutos, não me lembro também, mas acho que dei carona para ele até o aeroporto. Eu não conversei,  fiquei sabendo depois do negócio da indústria naval, sondas, OSX. Eu não falei.
Estadão - Fernando Baiano diz que passou R$ 2 milhões para o sr. quitar uma dívida da nora do ex-presidente Lula.Bumlai - Ele fala que me deu R$ 3 milhões, depois virou R$ 2 milhões, ele até se confunde na delação. Em 2011, no mês de setembro, eu tive uma dificuldade, eu não lembro porque, dificuldade financeira. Como eu estava com aquele meu negócio que renderia um bom... eu tinha aberto um canal de conversa com o Fernando, eu pedi a ele, 'Fernando me arruma um milhão e meio, nem três, nem dois, me arruma um milhão e quinhetos mil, eu te devolvo. Ele me arrumou, esta é a minha verdade. O Baiano, fiquei até surpreso. Não tenho muita intimidade para dizer, mas aparentemente, um cara quieto, quase não fala, viciado em fazer exercício. Tem uma academia.Estadão - O que o sr fez com esse dinheiro?
Bumlai - Paguei a minha folha que no mês estava bastante atrasada.Fiquei de devolver o dinheiro para ele, tive um problema de saúde muito sério. Não tem nada a ver com a OSX, nada a ver.E
stadão - Quem era o devedor dessa conta?
Bumlai - Eu, José Carlos.
Estadão - O sr pode explicar melhor esse negócio de empréstimo?
Bumlai - Foi na minha (pessoa) física. Um negócio estruturado numa empresa, que tem o dinheiro que entrou na empresa. Fez um mútuo com a minha física. Eu tenho todas as contas que eu paguei. Não paguei conta de nora de Lula, apartamento, nada a ver. Não tenho nada a ver com isso. Não tenho. No entanto, dizem que comprei apartamento,  primeiro para um filho de Lula, depois para a nora. Não comprei, não tenho nada com isso, não tenho nada. Três milhões? Não. Dois milhões? Não. Foi dessa forma, sem nada a ver com nora, neto. Eles (família Lula) nem sabem que eu estou falando isso.
Estadão - O sr conhece a nora do Lula?
Bumlai - Eu conheço as quatro, conheço as quatro noras. Também não sei se ela comprou apartamento.
Estadão - Esse dinheiro do empréstimo foi contabilizado?
Bumlai - Tudo, imposto pago, nota fiscal eletrônica tirada. A Receita tem um tratamento privilegiado para o agronegócio de pessoa física.Você tem taxação menor no agronegócio, a pessoa jurídica é maior. Então, todo o meu negócio é pessoa física. Mas você tem que estruturar como se fosse uma empresa, tem que ter contabilidade, é tudo eletrônico. Já capta o imposto na hora pagamento de funcionário, tudo, tudo, tudo, esse negócio está contabilizado. Imposto pago, Nota Fiscal eletrônica, mútuo da empresa comigo e os pagamentos de tudo o que foi feito em 2011. Fernando Baiano fala na empresa São Fernando É uma transportadora, tudo que é meu é São Fernando. Em 1995 minha mulher faleceu. Eu tinha várias propriedades rurais, gado, genética, imóveis. Mandei estruturar tudo. Foi o mais rápido inventário que vi correr no meu Estado. Tudo que é nosso é São Fernando, é Fazenda São Fernando, eu tenho um filho Fernando. Tem a transportadora, foi com essa transportadora (o empréstimo). Não tem nada de usina, nada a ver.
Estadão - A que o sr atribui Fernando Baiano contar essa história?
Bumlai - O que eu acho? Imagina você se tivesse realmente acontecido isso. Ele tentou me arrumar um financiamento internacional, não deu certo. Ele tentou me achar um grupo africano, não deu certo. Tentou me ajudar. Eu não vou entrar nesse intimo porque eu não estou dentro dele (Baiano).Estadão - Tem negócios com o ex-presidente?Bumlai - Na minha vida eu fui alvo, você não imagina, de inúmeros e inúmeros pedidos, mais de quinhentos negócios. Mas não fiz nenhum, nenhum, com o Lula. Eu não tenho nenhum negócio feito com (o ex-presidente Lula) e nem pedi também para ele. Porque a minha amizade não é amizade de negócio, de empresa, não, Lula nunca foi na minha fazenda depois de 2002, nunca visitou empreendimento nosso, nada disso, nunca tive qualquer relação comercial com ele. Até porque, depois que ele foi eleito fiz questão de que assim fosse.
Estadão - O sr gosta dele?
Bumlai - Ah, é uma boa pessoa, é um papo que você não tem. você aprende, é eclético, fala de tudo. tem as tiradas dele, algumas são difíceis, né? Cativante, então é isso aí.
Estadão - A Lava Jato não vai mesmo confirmar que o apartamento da nora do Lula foi quitado com esse dinheiro?
Bumlai - Imagina você se eu chegasse e falasse tudo isso que estou falando e amanhã descobrissem um dinheiro (ilícito). O que iria virar? Isso não vai aparecer. Com José Carlos Bumlai não. E com outras pessoas eu acho que não. Que eu conheço da família (de Lula) eu acho que não, não vai aparecer, não tem como. Imagina que eu tenha passado esse dinheiro e não tivesse como provar que não passei a uma nora do Lula, qualquer que seja a forma. Porque da forma que foi colocada, foi feito um depósito no banco. Aí chega em mim e pega, eu dou o dinheiro prá fulano, aí era um desastre, não acha? Esse desastre não vai ter, não tem.Estadão - A que o senhor atribui, então?
Bumlai - Eu acho o seguinte, o Baiano deve ter esquecido dessa termoelétrica entendeu?
Estadão - Como ele repassou o dinheiro para o senhor?
Bumlai - Banco, TED. Ora, se eu quisesse fazer diferente era em dinheiro, não?
Estadão - Mas quem tem ativos tão fortes precisava desse empréstimo?
Bumlai - Existem momentos, existem momentos, naquele momento eu precisava. Naquele ano de 2011, eu estava separando uma sociedade, meus filhos estavam separando uma sociedade, um filho meu ficou doente, 1 ano e meio. Foram 60 dias assim, o maior desastre que você pode imaginar. Eu nunca atrasei uma folha de pagamento, nunca. Já tive bastante funcionário.
Estadão - O sr emprega quantos?
Bumlai - Hoje? Há uma confusão, porque eu não emprego ninguém, a não ser minhas empregadas domésticas, eu estou há 10 anos aposentado. Com essa estruturação que eu fiz, meus filhos assumiram os negócios. No empreendimento da pessoa física, muito pouco, 100 homens, 150 homens, no máximo. Não, mais, 300 homens. Eu mexo com genética de altíssima qualidade. A minha folha de pagamento de pessoa física é na ordem de R$ 400 mil, R$ 500 mil. As despesas do mês, mais R$ 800 mil, R$ 1 milhão, pessoa física.
Estadão - E se socorreu de Fernando Baiano sem conhecê-lo?
Bumlai - Não, não, eu estava em negociação nessa termoelétrica com ele e com o grupo Eike Batista, que ele me apresentou. Nem me lembro o nome do diretor lá. O interesse do Baiano era grande, o negócio era muito grande. Eu disse, olha faz o seguinte, me empresta um milhão e 500 mil reais. Eu vou te devolver, foi assim, não foi diferente. Não tenho nada com a OSX.
Estadão - O sr faria uma acareação com Fernando Baiano?
Bumlai - Problema nenhum
Estadão - O presidente falou com o sr depois que seu nome foi citado nas delações?Bumlai - Não, não falei com o presidente. Até porque da forma que saiu eu entendo ele falar daquele jeito (referindo-se a uma nota divulgada pelo Instituto Lula). Tem até que dizer aquilo mesmo. Se eu fiz algum lobby, o que eu não fiz em lugar nenhum, em nenhuma empresa estatal, não foi com autorização dele. Não sei se a colocação foi a mais feliz, mas eu entrei na internet e o pessoal ficou bastante revoltado comisso: 'Pô, abandona'. Abandona nada, porque eu não fiz nada.
Estadão - O sr tem ingerência na Petrobrás ou na Sete Brasil?
Bumlai - Nenhuma, nenhuma. Não sei nem onde fica essa Sete Brasil. Como é que eu vou negociar um empréstimo sem falar com diretor? Não tem almoços em restaurantes, não tem nada disso. Quem disser para você que almoçou comigo em restaurante não está falando a verdade.Estadão - O sr. está sofrendo perdas? Bumlai - Só perdi. Cada notícia dessa que sai, os bancos fecham.
Estadão - Fale sobre José Carlos Bumlai
Bumlai - Quem eu sou? Eu sou um cidadão brasileiro, nascido no Mato Grosso há 71 anos, sou engenheiro, sou pecuarista, tenho alguns orgulhos dentro das minhas atividades.Na engenharia fiz obras enormes neste País, em São Paulo, fora de São Paulo. Na pecuária desenvolvi os maiores sistemas de Voisin, que é uma metodologia francesa de rodízio de animais em pastos pequenos. Cheguei a colocar 1500 animais em 100 hectares, dá 15 animais por hectare, a média nacional é um animal por hectare.Estadão - Por que decidiu falar?Bumlai - Venho lendo a meu respeito coisas que têm me causado um certo aborrecimento.

Holandês passa um mês sem álcool e açúcar e mostra o que acontece com corpo

Depois de uma semana sem açúcar refinado, Sacha Harland sentia-se exaustoLifeHunters: Depois de uma semana sem açúcar refinado, Sacha Harland sentia-se exausto© Fornecido por BBC Depois de uma semana sem açúcar refinado, Sacha Harland sentia-se exausto
Cansaço, mau humor e até uma espécie de crise de abstinência. É o que sentiu Sacha Harland, holandês de 22 anos, ao começar seu experimento.
Ele resolveu passar um mês sem consumir produtos que tenham adição de açúcar, álcool e "junk food", o que se mostrou, pelo menos nos primeiros dias, um grande desafio.
É o que ele conta na primeira parte de "Guy gives up added sugar and alcohol for 1 month" ("Um cara abre mão de açúcar e álcool por 1 mês"), um documentário da produtora holandesa LifeHunters.
Em sua primeira semana à base de sucos naturais, frutas, verduras e outros alimentos não processados, Harland sente fome o tempo inteiro e lhe falta energia.
Além disso, morre de inveja de um amigo que come uma pizza enquanto ele se conforma com uma salada.
No cinema, teve de deixar de lado a pipoca doce e o refrigerante, e a única opção que encontra sem açúcar é uma garrafa de água.
A carência de alternativas foi um problema que Sacha enfrentou com frequência. Mesmo produtos que não são considerados doces, como batatas fritas, molho de tomate industrializado e sopas enlatadas têm sacarose.
"O mais difícil foi a primeira semana e meia. Tinha que saber o que podia ou não comer e foi complicado. Mas depois fui me acostumando (a ler as etiquetas dos produtos)", diz Harland à BBC Mundo.

'Uma agradável surpresa'

Harland só podia tomar sucos naturais, já que os industrializados têm muita adição de açúcarLifeHunters: Harland só podia tomar sucos naturais, já que os industrializados têm muita adição de açúcar© Fornecido por BBC Harland só podia tomar sucos naturais, já que os industrializados têm muita adição de açúcarNo cinema, o rapaz teve de abrir mãos da pipoca e ficou com inveja da cerveja da amigaLifeHunters: No cinema, o rapaz teve de abrir mãos da pipoca e ficou com inveja da cerveja da amiga© Fornecido por BBC No cinema, o rapaz teve de abrir mãos da pipoca e ficou com inveja da cerveja da amiga
O documentário mostra, no entanto, que após 25 dias de dieta especial, ele começou a sentir os benefícios da nova rotina.
"A última semana está prestes a terminar, e me levanto com mais facilidade e tenho mais energia", diz ele para a câmera.
"Foi uma surpresa agradável, que não pensava que sentiria tão diferente fisicamente."
Uma médica especializada em esportes confirma que esta sensação é fruto de uma mudança real em seu corpo.
Exames mostraram que Harland perdeu 4 kg, teve uma redução de 8% em seu colesterol e sua pressão sanguínea baixou desde que iniciou o processo.
"Já que é cada vez mais difícil comer alimentos saudáveis, queríamos saber como se sente uma pessoa que renuncia ao açúcar, ao álcool e aditivos alimentares por um mês e como isso afeta seu corpo e sua condição física", diz Erik Hensel, diretor da LifeHunters.
O filme já foi visto mais de 4 milhões de vezes no YouTube, tanto quanto o projeto anterior da produtora, em que ela apresentava - sem que as pessoas soubessem - produtos da rede de lanchonete McDonald's como comida "ecológica" em uma feira gastronômica.

Recomendação

Exames mostraram uma melhora em sua saúde após o experimentoLifeHunters: Exames mostraram uma melhora em sua saúde após o experimento© Fornecido por BBC Exames mostraram uma melhora em sua saúde após o experimentoHarland perdeu peso e viu seu colesterol e pressão caíremLifeHunters: Harland perdeu peso e viu seu colesterol e pressão caírem© Fornecido por BBC Harland perdeu peso e viu seu colesterol e pressão caírem
Mas qual é o respaldo científico do mais recente documentário da LifeHunters? Qualquer um que fizer o mesmo que seu protagonista vai ter os mesmos benefícios?
"Depende da quantidade de açúcar e álcool que a pessoa costumava consumir antes de se submeter à dieta", diz Damuel Durán, presidente do Colégio de Nutricionistas do Chile.
"Seria estranho se alguém que segue uma dieta saudável passasse por essas mudanças."
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade normal diária de açúcar em uma "dieta saudável ótima" é equivalente a 5% do total de calorias ingeridas - índice que não deve ultrapassar 10%.
A recomendação da OMS para uma pessoa adulta é de um consumo de 2 mil calorias por dia. Então, o normal de açúcar seria consumir 25 gramas, ou 6 colheres de chá, e no máximo 50g por dia.
Acima disso, os mecanismos que permitem ao corpo armazenar e queimar açúcares simples pode ficar desregulado.
"Consumir mais de 20% das calorias diárias em açúcar pode provocar enjoo, tremedeira, transpiração e uma ligeira dor de cabeça. Mas, para isso, a pessoa teria de passar o dia, por exemplo, tomando açúcar com muitas colheradas de açúcar ou sucos engarrafados", explica Durán.
"O mais provável é que uma pessoa não tenha as mesmas sensações" do jovem do documentário, acredita o especialista.

Rigor

OMS recomenda que consumo de açúcar corresponda a 5% da ingestão diária de caloriasThinkstock: OMS recomenda que consumo de açúcar corresponda a 5% da ingestão diária de calorias© Fornecido por BBC OMS recomenda que consumo de açúcar corresponda a 5% da ingestão diária de calorias
Eduard Baladía, coordenador da revista Evidência Científica e membro da Fundação Espanhola de Dietistas-Nutricionistas, é mais taxativo.
"O filme não tem nenhuma validade científica. A amostra é muito pequena: de uma só pessoa. Além disso, não é um estudo controlado, porque não leva em conta outros fatores (além da mudança de dieta) ou mudanças que o jovem possa ter feito consciente ou inconscientemente, como, por exemplo, fazer mais exercícios", afirma.
Por isso, como investigação, não tem nenhum rigor e, portanto, nenhuma credibilidade."
Mas Baladía esclarece ser um consenso entre especialistas ser preciso limitar o consumo de açúcar agregado aos alimentos a menos de 10% da ingestão calórica diária e insiste que esta recomendação se baseia em estudos científicos rigorosos em que foram observadas milhares de pessoas.
De sua parte, o protagonista do documentário, o holandês Sacha Harland, garante que seguirá a recomendação médica, mas sem "ficar obcecado".
"Decidi buscar equilíbrio entre os açúcares e os alimentos saudáveis, já que optar por um ou pelo outro pode ter deixar realmente infeliz", reconhece.
"Essa foi minha conclusão do experimento."

Paolla Oliveira, vilã de 'Além do Tempo', usa look com decote e fenda em evento

Atriz prestigiou o aniversário de 13 anos da 'Estilo', na qual aparece na capa da próxima edição, e roubou a cena do coquetel que aconteceu nesta quinta-feira (22)
Paolla Oliveira prestigia o coquetel de aniversário de 13 anos da revista 'Estilo', que tem a atriz como capa, na nova loja Mr. Cat, do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro
Paolla Oliveira chamou atenção com um look decotado no coquetel de aniversário de 13 anos da revista 'Estilo', que tem a atriz como capa, na loja Mr. Cat, do Shopping Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. A atriz, que está com os cabelos mais claros para a nova fase da novela "Além do Tempo", arrasou na produção com body NK Store, saia com fenda A.Niemeyer, brincos Monte Carlo Joias e sandália Mr. Cat.
Na última quarta-feira (21), Paolla se reuniu com os colegas de elenco da novela das seis da Globo, na qual interpreta Melissa, para assistirem juntos ao capítulo que marcou a passagem de 150 anos na trama. "A gente estava na expectativa antes de acontecer a mudança. Agora, a sensação é de fim de novela, de fim de 1.800. Hoje é o último capítulo para a gente, e amanhã o primeiro", afirmou ela, cuja personagem morreu com um golpe de espada dado por Pedro (Emilio Dantas), após empurrar Lívia (Alinne Moraes) de um penhasco no fim da primeira fase.
Atriz comenta mudanças em sua personagem: 'Está recebendo o que deu lá atrás'
A segunda fase de "Além do Tempo" tem uma caracterísitica comum aos personagens: a maioria deles virá com suas personalidades trocadas. Assim será também com Melissa, intepretada por Paolla Oliveira. Vilã no século 19, Melissa volta reencarnada mais amorosa e bondosa.
Segundo a atriz, o maior desafio da nova personagem será dar amor ao marido, Felipe (Rafael Cardoso), e ao filho Alex (Kadu Schons), sem receber o carinho deles de volta na mesma proporção. "Devolver amor quando não se recebe é um exercício. Melissa volta boa, amorosa, equilibrada. Mas está recebendo o que deu lá atrás. Ela era mimada e egoísta, não pensava no outro. Agora, ela vive para o marido e o filho", explicou Paolla na coletiva de imprensa feita exclusivamente para anunciar a segunda fase da trama.
No entanto, a bondade de Melissa poderá mudar de acordo com os rumos da novela. "Vamos ver até que ponto ela consegue ser equilibrada, já que o marido se apaixona pela Lívia (Alinne Moraes). Temos que esperar para saber se ela tem alguma coisa daquela Melissa guardada dentro dela e se isso vai explodir em algum momento", disse a atriz.

Paula Fernandes choca seguidores ao “abraçar” própria cintura com as mãos

Cantora postou clique no Instagram

Paula Fernandes queria apenas exibir seu look do dia para os seguidores do Instagram, mas acabou “chocando” seus seguidores com a pose que fez para a foto postada na rede social na última quinta-feira (22). No clique, a morena aparece “abraçando” a própria cintura com as duas mãos.  
"Ela simplesmente fecha a cintura dela com as mãos", observou um internauta. "Você está uma Barbie mesmo, hein. Olha essa cintura", comentou outro. “Está magrinha demais, hein?", criticou uma seguidora.  
A cantora publicou a imagem para avisar aos fãs sobre sua participação no “Altas Horas”, da TV Globo. "Prontinha pra lançar meu CD Amanhecer no ‘Altas Horas’ ao lado do meu amigo @serginhogroisman. Vocês poderão conferir tudo no próximo sábado", escreveu na legenda.

Boas e más notícias para os trabalhadores do Brasil

Boa notícia: em pouco mais de uma década, o brasileiro se tornou um trabalhador mais bem qualificado e pago, segundo o novo relatório Sustentando Melhorias no Emprego e nos Salários no Brasil: uma Agenda de Competências e Empregos, do Banco Mundial.
O salário mínimo, por exemplo, quase dobrou em termos reais desde 2002, o que ajudou muito a reduzir a pobreza e a desigualdade. Já o nível educacional médio, embora permaneça baixo em relação a outros países, aumentou em mais de 50% entre 1995 e 2010. O desemprego e a informalidade também caíram nos últimos anos.
A má notícia é que a produtividade do trabalho ora se manteve, ora diminuiu. A partir de 2004, os ganhos em salários reais superaram os da produtividade do trabalho.
E, para completar, a economia brasileira terá 2,6% de retração no próximo ano, com duas consequências: queda do nível de emprego e aumentos menores dos salários mínimos.
E, para as famílias não perderem qualidade de vida, é urgente melhorar os empregos e a produtividade.
Veja a seguir quatro ideias propostas pelo estudo.
1) Fortalecer os programas de formação profissional, principalmente o Pronatec
Embora o Pronatec tenha oferecido 8,8 milhões de vagas entre 2011 e 2014, há pouca informação sobre o impacto do programa na empregabilidade e na renda dos alunos. Para aumentar a eficácia do principal programa governamental de ensino técnico, o estudo recomenda:
  • Melhorar os sistemas de monitoramento e avaliação para determinar as necessidades de treinamento e direcionar melhor a expansão do programa.
  • Aumentar as parcerias com o setor privado para verificar as áreas que mais precisam de treinamentos e facilitar o acesso dos alunos a postos de estágio e trabalho.
  • Oferecer aos alunos orientação de carreira para apoiá-los na transição entre escola e mercado de trabalho. E, também, para ajudar os alunos mais velhos a mudar de emprego ou mesmo de setor.
2) Reformar serviços como o do Sistema Nacional de Emprego (SINE)
O Brasil gasta com o Sistema Nacional de Emprego (SINE) menos de 2% do orçamento para políticas de melhoria de acesso ao mercado de trabalho. Isso se reflete no baixo índice de colocação de empregos: 12%, ante os 36% do México. Em 2012, só 23% das vagas oferecidas pelo SINE foram preenchidas. “Reformar o sistema é uma das políticas que menos custam e podem ser mais eficientes para aumentar a empregabilidade da população pobre”, informa o estudo, que também propõe:
  • Melhorar a estrutura, o gerenciamento, o monitoramento e a avaliação do SINE.
  • Categorizar os que procuram por emprego para facilitar a oferta de vagas.
  • Investir em sistemas de informação para alinhar a demanda do mercado com os candidatos.
  • Fazer uma busca ativa das empresas que mais contratam trabalhadores com baixa qualificação.
  • Estabelecer indicadores e metas de encaminhamento para vaga, tempo em que o trabalhador fica na vaga, etc.
3) Revisar e ajustar as leis trabalhistas para melhorar o ambiente de negócios e estimular o empreendedorismo
A rotatividade dos trabalhadores brasileiros é muito alta pelos padrões internacionais, e por sua vez isso desestimula os empresários a investir em treinamento, segundo o relatório. O fenômeno ocorre sobretudo porque os trabalhadores mudam com frequência para empregos que paguem melhor (57% em 2013). Gastos com INSS e outras taxas trabalhistas também são altos, representando 33% do custo do trabalho, enquanto nos países da OECD somam cerca de 20%.
  • Revisar as atuais leis trabalhistas é interessante para motivar empresas e trabalhadores a ter contratos de trabalho mais longos, estimular a contratação e melhorar a produtividade.
  • Criar incentivos (como bônus) para quem consegue emprego mais rápido ou se mantém na vaga por mais tempo. Monitorar os esforços de busca de emprego e impor sanções para quem recusa ofertas.
  • Avaliar e reestruturar a atual Lei do Aprendiz para incentivar cada vez mais empresas a contratar jovens trabalhadores (de 14 a 24 anos).
  • Estudar mais profundamente o impacto dos programas de suporte ao empreendedor no Brasil.
4) Melhorar as políticas de inclusão produtiva
A maior parte dos brasileiros pobres está trabalhando, mas a renda é baixa. Em áreas urbanas, por meio do Pronatec, as vagas direcionadas aos pobres (40% do total) aumentaram rapidamente desde 2011. Fortalecer e diversificar os programas de inclusão produtiva – como o Pronatec e as iniciativas de microcrédito e apoio à agricultura familiar - conectarão os pobres a melhores empregos, defendem as autoras. No entanto, ainda há desafios a superar:
  • Oferecer treinamento em áreas como liderança, motivação e trabalho em equipe, além de habilidades técnicas.
  • Aumentar o acesso a serviços de suporte ao trabalhador, como creches e postos de intermediação de mão de obra.
  • Facilitar a transição de trabalhadores rurais para empregos não agrícolas (para quem quiser).
  • Melhorar os sistemas de monitoramento e avaliação dos atuais programas de inclusão produtiva.

Vale tem prejuízo de R$6,66 bi no 3º trimestre com impacto cambial

A mineradora Vale registrou prejuízo líquido de 6,663 bilhões de reais no terceiro trimestre, apesar do recorde de produção de minério de ferro no período, principalmente devido ao efeito contábil da forte desvalorização do real ante o dólar em sua dívida e em meio aos baixos preços do minério de ferro.
O prejuízo é quase duas vezes maior que as perdas registradas no mesmo trimestre do ano passado, de 3,381 bilhões de reais, segundo relatório financeiro publicado pela maior produtora global de minério de ferro nesta quinta-feira.
Em dólares, o prejuízo da Vale no trimestre foi de 2,117 bilhões, em linha com pesquisa da Reuters com sete analistas, que projetou prejuízo médio de 2,28 bilhões de dólares.
O resultado financeiro líquido foi negativo em 7,18 bilhões de dólares no terceiro trimestre, frente a perdas de 3,37 bilhões de dólares no mesmo período de 2014.
O principal impacto foi com perdas de variações monetárias e cambiais de 5,1 bilhões de dólares.
"Tivemos muita volatilidade no mercado de câmbio no Brasil com a desvalorização muito significativa do real brasileiro que fechou o trimestre a 3,97 com impacto sobre as contas de balanço da companhia de forma importante, justifica, dessa forma, o prejuízo que a companhia registrou no trimestre", afirmou o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, em vídeo publicado no site da companhia.
Grande parte da dívida da mineradora é em dólar, ressaltou o executivo em sua declaração. O real perdeu 28 por cento de valor em relação ao dólar durante o trimestre.
"Quando esses dólares são traduzidos em reais, o valor da dívida cresce muito", disse Siani.
Além disso, os preços do minério de ferro são agora cerca de um quarto dos valores registrados em 2011. No terceiro trimestre, o minério teve preço médio de 46,5 dólares por tonelada, ante 50,6 dólares no trimestre anterior.
Em contrapartida, o diretor-executivo ressaltou pontos positivos no balanço, como o recorde trimestral de produção de minério de ferro e o avanço físico de 75 por cento das obras de seu principal projeto S11D, que entra em operação em 2016 e vai acrescentar 90 milhões de toneladas de minério de ferro de baixo custo para a produção anual da Vale.
Entre julho e setembro, a companhia produziu 88,225 milhões de toneladas de minério de ferro, melhor resultado trimestral de sua história.
O Ebitda ajustado, uma importante medida de geração de caixa da companhia, alcançou 6,816 bilhões de reais no terceiro trimestre, muito parecido com o resultado do trimestre anterior (6,817 bilhões) e do terceiro trimestre de 2014 (6,854 bilhões).
O desempenho semelhante foi atribuído "principalmente ao maior volume de vendas na maioria dos segmentos de negócios, que foi parcialmente compensado pelos menores preços de venda e maiores custos", destacou a Vale.
Em dólares, contudo, o Ebitda ajustado foi de 1,875 bilhão, queda de 37,6 por cento ante um ano antes e de 15,3 por cento ante o segundo trimestre.
Na comparação com o período entre maio e junho, os menores preços dos produtores da Vale impactaram negativamente o Ebitda em 715 milhões de dólares, enquanto os menores custos e despesas adicionaram 481 milhões de dólares ao resultado e os maiores volumes de vendas acrescentaram 62 milhões.
CUSTOS E PREÇOS
A Vale comemorou uma redução nos custos de produção do minério de ferro.
Uma tonelada de finos de minério de ferro colocada dentro do navio no porto, excetuando-se royalties, teve custo de 12,7 dólares no terceiro trimestre, uma redução ante dos 15,8 dólares do trimestre anterior.
"É o menor custo da indústria em todo o mundo", disse Siani.
A redução foi impulsionada pelas iniciativas de redução de custos em curso e pelo aumento da produção nas minas de N4WS e N5S, localizadas no complexo de Carajás, no Pará, e de alguns dos projetos de Itabiritos, em Minas Gerais.
Os custos unitários, somando as despesas, dos finos de minério de ferro entregues na China caíram para 34,2 dólares por tonelada no terceiro trimestre, ante 58,5 dólares um ano antes.
Sede da Vale, no centro do Rio de Janeiro
Por outro lado, os preços médios realizados também despencaram no último ano.
O preço de referência de finos de minério de ferro (incluindo custo e frete) caiu para 56 dólares por tonelada no último trimestre, ante 84,80 dólares no terceiro trimestre de 2014.

Bilhões em crédito barato mostram por que o Brasil está perdendo a luta contra a inflação

A autoridade monetária elevou os juros em 3,25 pontos porcentuais nos últimos 12 meses, maior incremento entre os países do Grupo dos 20.

O banco estatal de desenvolvimento do Brasil está tornando a luta do país contra a inflação ainda mais difícil.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujo portfólio de empréstimos, de mais de US$ 170 bilhões, é maior que o do Banco Mundial elevou sua principal taxa de juros em dois pontos porcentuais neste ano, para 7 por cento. A taxa básica do Banco Central, a Selic, está no nível mais alto em nove anos, de 14,25 por cento.
O dinheiro barato do BNDES está fluindo para a economia em um momento em que o BC está tentando desesperadamente restringir o crescimento do crédito que tem impulsionado o aumento da inflação. O empréstimo subsidiado é uma das razões pelas quais a inflação atingiu o nível mais alto dos últimos 12 anos, de 9,77 por cento, mesmo o Brasil sofrendo sua pior recessão em 25 anos.
“A taxa Selic precisa subir mais que o devido para reduzir a inflação, porque uma parte significativa do mercado de crédito que tem acesso ao crédito subsidiado não reage aos seus aumentos e isso diminui a eficácia das ações do BC”, disse Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e atualmente economista-chefe do Banco Safra SA.
O BNDES, que tem sede no Rio de Janeiro, não respondeu aos pedidos para comentar o fato de seu crédito estar minando o esforço do governo para conter a inflação, enquanto o BC preferiu não comentar o assunto.
A autoridade monetária elevou os juros em 3,25 pontos porcentuais nos últimos 12 meses, maior incremento entre os países do Grupo dos 20, em uma tentativa de conter uma inflação mais de duas vezes superior ao centro da faixa-meta oficial.
Medidas de austeridade
Os empréstimos do BNDES também estão custando cerca de R$ 37 bilhões (US$ 9,5 bilhões) ao país em um momento em que o governo tenta impor medidas de austeridade para evitar mais rebaixamentos em sua nota de crédito soberano, segundo Kawall. Isso ocorre porque o Tesouro gera crédito a uma taxa próxima à Selic e depois empresta ao BNDES o dinheiro, que o banco utiliza para conceder crédito pela taxa subsidiada.
Como resultado, a dívida bruta do país cresceu para cerca de 65 por cento de seu produto interno bruto. Quando a presidente Dilma Rousseff, que está tentando evitar um impeachment, assumiu, em 2011, a proporção era de 52 por cento.
“As dinâmicas da dívida do governo federal pioram cada vez que o balanço do BNDES se expande”, escreveu Daniel Tenengauzer, chefe de estratégia de câmbio para mercados emergentes da RBC Capital Markets, em um relatório de 19 de outubro. O BC “precisa elevar as taxas significativamente mais do que o normal a cada subida da inflação”.