GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mensalão da Globo resulta em sonegação de R$ 615 milhões

Denúncia: Rede Globo sonega impostos para sustentar ‘mensalão’ no Congresso. Jornalista teve acesso a investigação da Receita Federal que revela uma dívida de R$ 615 milhões ao contribuinte brasileiro. Valores são de 2006. “Alguém calcule o quanto isso dá hoje”, sugere o jornalista

A Rede Globo de Televisão deve à Receita Federal um montante superior a R$ 180 milhões em impostos não recolhidos até 2006. Com juros e multas, a dívida com o Erário superava os R$ 600 milhões na época, segundo denúncia publicada nesta quinta-feira na página do jornalista Miguel do Rosário, editor do blog O Cafezinho. Rosário teve acesso a “uma investigação da Receita Federal sobre uma sonegação milionária da Rede Globo”.
mensalão da globo sonegação
Um dos documentos que provam a dívida da Globo com o Erário brasileiro tornou-se público nesta quinta-feira
“Trata-se de um processo concluído em 2006, que resultou num auto de infração assinado pela Delegacia da Receita Federal referente à sonegação de R$ 183,14 milhões, em valores não atualizados. Somando juros e multa, já definidos pelo fisco, o valor que a Globo devia ao contribuinte brasileiro em 2006 sobe a R$ 615 milhões. Alguém calcule o quanto isso dá hoje” sugere o jornalista.
Leia a publicação a seguir
A fraude da Globo se deu durante o governo Fernando Henrique Cardoso, com uso de paraíso fiscal. A emissora disfarçou a compra dos direitos de transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2002 como investimentos em participação societária no exterior. O réu do processo é o cidadão José Roberto Marinho, CPF número 374.224.487-68, proprietário da empresa acusada de sonegação.
O mensalão da Globo é generoso em documentos que provam sua existência. Mais especificamente, 12 documentos (publicados no artigo).
Uso o termo mensalão porque a Globo também cultiva seu lobby no Congresso. Também usa dinheiro e influência para aprovar ou bloquear leis. O processo correu até o momento em segredo de justiça, já que, no Brasil, tudo que se relaciona à Globo, a (Daniel) Dantas, ao PSDB, permanece quase sempre sob sete chaves. Mesmo quando vem à tona, a operação para abafar as investigações sempre é bem sucedida. Vide a inércia da Procuradoria em investigar a ‘privataria tucana’, e do STF em levar adiante o julgamento do ‘mensalão mineiro’.
Pedimos encarecidamente ao Ministério Publico, mais que nunca empoderado pelas manifestações de rua, que investigue a sonegação da Globo, exija o ressarcimento dos cofres públicos e peça a condenação dos responsáveis.
O sindicato nacional dos auditores fiscais estima que a sonegação no Brasil totaliza mais de R$ 400 bilhões. Deste total, as organizações Globo respondem por um percentual significativo.
A informação reforça a ideia de que o plebiscito que governo e congresso enviarão ao povo deve incluir a democratização da mídia. O Brasil não pode continuar refém de um monopólio que não contente em lesar o povo sonegando e manipulando informações, também o rouba na forma de crimes contra o fisco.

Por que a mídia tradicional tem medo da Mídia Ninja?

Alcance da Mídia Ninja explodiu com os protestos de junho. Entusiastas aplaudem proximidade dos ativistas com acontecimentos, mas analistas ponderam necessidade de contextualizar informação

A cada duas horas, em média, o grupo Mídia Ninja posta uma nova foto, link ou relato em sua conta no Facebook. Continuamente, o site PósTV (www.postv.org) transmite vídeos ao vivo e sem cortes de debates e protestos. Atualmente concentradas em atos contra os governadores do Rio, Sérgio Cabral, e de São Paulo, Geraldo Alckmin, as publicações parecem atestar a onipresença do grupo que, por sua cobertura ao vivo, foi chamado de “mídia social das manifestações no Brasil” no blog América Latina, do diário francês Le Monde.
mídia ninja brasil imprensa marrom
Membros do Mídia Ninja. Ascensão do grupo põe em questão imprensa tradicional no Brasil 
A repercussão da Mídia Ninja (acrônimo de Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) registrou seu ápice durante as manifestações de junho no Brasil, quando centenas de milhares de cidadãos foram às ruas para protestar contra a corrupção, os gastos excessivos do governo com a Copa do Mundo de 2014, a falta de infraestrutura e de investimentos na área da saúde e educação, entre outros motivos.
“[O grupo] entrou em evidência porque as pessoas estavam esperando uma cobertura mais próxima sobre o que estava acontecendo nas ruas”, explica o jornalista Bruno Torturra, líder dos ninjas e ex-diretor de redação da revista Trip, onde trabalhou por 11 anos. “Acho que a mídia [tradicional] não soube ler rápido o que estava acontecendo nas redes e nas ruas, e estávamos sempre presentes nos protestos, transmitindo tudo ao vivo, fotografando e dando o ponto de vista dos manifestantes. Acho que tinha uma demanda muito grande de uma cobertura independente, e a gente estava lá.”
“O Ninja estava presente onde a grande mídia não esteve”, constata também o jornalista e sociólogo Venício A. de Lima, professor titular aposentado de Ciência Política e Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). A divulgação, pela internet, de imagens feitas por um membro do Ninja da violenta repressão policial aos protestos na capital paulista teria sido, segundo Lima, “absolutamente fundamental como detonador de uma insatisfação generalizada que havia e que explodiu depois da reação policial.”
A explosão do Ninja – criado em 2012 no âmbito da rede de intercâmbio artístico Fora do Eixo, liderada pelo ativista cultural Pablo Capilé –, de acordo com relatos da imprensa brasileira, teria coincidido com a ampliação das manifestações, na semana de 17 de junho, quando os protestos foram convocados em todo o Brasil. Hoje, o grupo tem mais de 140 mil seguidores no Facebook.

Oxigênio para jornalismo tradicional

Lima considera, no entanto, que o alcance da Mídia Ninja pode estar sendo superdimensionado. “A estimativa que os próprios membros do grupo fizeram é de que, no auge [dos protestos], eles tenham tido uma audiência de cem mil espectadores. Não sei como esse cálculo foi feito e essas questões precisam ser colocadas num contexto”, diz o estudioso.
O papel de grupos alternativos de comunicação como a Mídia Ninja também podem servir para “oxigenar” a produção de informação do tradicional jornalismo no Brasil, segundo afirma Sylvia Debossan Moretzsohn, professora da Universidade Federal Fluminense no Rio de Janeiro.
“Eu acho que [a Mídia Ninja] vem preencher uma lacuna, sobretudo porque recupera essa reportagem de rua, essa ênfase no que está acontecendo neste momento e ao vivo”, exemplifica. “Isso tudo é importante porque é uma forma de documentar a realidade e, ao mesmo tempo, de denunciar principalmente certas violências que não são frequentemente objeto de cobertura da mídia tradicional, e então entram muito perifericamente porque a mídia tradicional fica muito refém das fontes oficiais e das assessorias de imprensa, exatamente porque não está na rua como deveria estar”, avalia Moretzsohn.
As formas alternativas de informação, como a Mídia Ninja e o site Repórter Brasil, acabam mudando também certos fluxos de trabalho da mídia tradicional, diz a autora do livro Repórter no Volante. “Há um aumento brutal de fontes que querem se apresentar como informação, e é preciso selecionar tudo isso de forma muito mais criteriosa. Os jornalistas continuam tendo esse papel de mediação. Que credibilidade tem a internet, de forma geral? Posso publicar o que eu quiser e depois apagar, como indivíduo. Mas sempre há uma promessa de credibilidade no jornalismo, seja na forma de grandes empresas ou nas formas alternativas”, explica a professora da UFF.

Credibilidade em dúvida

“Com o aumento das críticas à TV Globo pelos manifestantes, a Mídia Ninja se tornou rapidamente uma fonte confiável de informação para muitos dos envolvidos nos protestos e transmitiu ao vivo manifestações em todo o Brasil”, diz um texto do jornal britânico The Guardian, publicado um dia após a chegada do papa Francisco ao Rio de Janeiro, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.
O diário destacou a prisão do ninja Felipe Peçanha no dia 22 de julho. Ele cobria os protestos na sede do governo do Rio, o Palácio Guanabara, e foi acusado de “incitar a violência”. Depois de ter se negado a parar de filmar os protestos após o pedido de um policial militar, Felipe foi preso com um outro ninja e libertado horas depois, encontrando do lado de fora um grupo de pessoas que gritava: “Ninja! Ninja!”.
Na mesma ocasião, o estudante Bruno Ferreira Teles foi preso pela Polícia Militar, acusado de arremessar um coquetel molotov contra a barreira de policiais. Transmitidas por streaming pela internet, filmagens mostraram que o coquetel molotov foi arremessado de outro ponto da multidão, inocentando o jovem, que foi libertado no dia seguinte.
Para Moretzsohn, porém, ainda é preciso que grupos como a Mídia Ninja encontrem uma maneira de contextualizar a informação. “Acho um pouco complicado se eles forem protagonistas dos próprios episódios. Acho que eles rejeitam a ideia de editar, e editar é uma forma de sintetizar para que as pessoas compreendam o que está acontecendo”, afirma. Já o líder da Mídia Ninja diz que o grupo “faz o possível” atualmente e que também trabalha “na edição, na filmagem offline e na produção de textos de jornalismo investigativo”. A Mídia Ninja deverá lançar um site no próximo fim de semana.

Democratizar a informação

Entre os objetivos da Mídia Ninja, Bruno Torturra lista o alcance da informação para parcelas mais amplas da população brasileira. “Queremos democratizar a produção de informação e, com isso, informar melhor as pessoas para que tenhamos uma democracia cada vez mais sólida, justa, integrada e próxima dos fatos. Acho que o próprio jornalismo tem de ser repensado e atualizado”, afirma o líder dos ninjas, que aponta para a concentração dos meios de comunicação brasileiros nas mãos de “pouquíssimas pessoas, grupos e famílias”.
Um cenário também destacado por Lima, da UnB, que costuma apontar para o “atraso” do país em relação a uma regulação do setor de comunicação, especialmente no que diz respeito normas aprovadas na Constituição de 1988 que “nunca foram regulamentadas”.
“Nunca houve preocupação com a propriedade cruzada dos meios de comunicação no Brasil. São poucas grandes empresas, é um sistema de redes que nunca foi controlado pelo poder público, e pouquíssimos grupos têm afiliações regionais e locais. Uma terceira característica é que, se formos ver como de fato esses grupos [de comunicação] funcionam, boa parte deles têm algum tipo de vínculo com políticos no exercício do mandato. Eu tenho começado a falar numa situação de corrupção histórica e sistemática da opinião pública brasileira por causa desse tipo de situação”, explica.

Partido Militar quer Joaquim Barbosa como candidato em 2014

Partido Militar quer Joaquim Barbosa como candidato a presidente da república

joaquim barbosa partido militar
Partido Militar oficializará convite a Joaquim Barbosa para candidatura à Presidência em 2014
O nome do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, está entre os mais cotados para ser o candidato a presidente da República pelo Partido Militar Brasileiro (PMB).
A informação é do idealizador do partido, o capitão Augusto Rosa: “A postura do ministro diante de grandes escândalos, como no caso do mensalão, comprova a intolerância de Barbosa quanto à corrupção. Essa postura vem ao encontro aos ideais do PMB, que está em busca de candidatos que possam resgatar a moralidade na política nacional”.
Quase lá
O PMB ainda não tem registro no Tribunal Superior Eleitoral. Já publicou seu estatuto no Diário Oficial da União, já tem CNPJ e, segundo as próprias contas, tem mais de 300 mil assinaturas ao redor do país.Pela regra do TSE, o partido precisa de 485 mil nomes e abrangência nacional. Para lançar candidatos às eleições presidenciais de 2014, o PMB precisa entregar a composição de sua chapa ao TSE até setembro. A legenda se define como de centro-direita
Falta combinar
Joaquim Barbosa ainda não foi comunicado de sua pré-candidatura. O convite, segundo o partido, deve ser feito nas próximas semanas em reunião a ser marcada com o ministro. Mas o PMB não foi o primeiro a ter a ideia. Está no ar, desde outubro de 2012, o site joaquimbarbosapresidente.com.br, com informações e homenagens ao presidente do STF.

Faltam 3 mil médicos na periferia de São Paulo

Déficit de médicos castiga moradores da periferia de São Paulo. Mesmo na maior metrópole do país, a carência de profissionais atrasa diagnósticos e tratamentos; atrair especialistas para longe do centro é o maior desafio

A distância, a dificuldade de locomoção e a carência de médicos especialistas formados criam um quadro problemático nas periferias de São Paulo: a população mais pobre não consegue passar por consultas médicas e realizar exames no período adequado, aguardando meses pelo atendimento. Nos rincões da maior metrópole do país falta a porta de entrada no sistema público de saúde: ginecologistas, psicólogos, psiquiatras, anestesistas e até clínicos gerais. Nos cálculos da Secretaria Municipal de Saúde, o déficit é de 2.680 médicos.
médicos são paulo
Lúcia Oliveira, Maria Moreira e Jacy Galvão, denunciam: falta clínico geral há um ano em seu bairro, no extremo sul de São Paulo 
“Temos três vagas de clínico geral e estamos sem nenhum. Dois estão de licença, um foi embora e não há previsão de quando serão repostos. Eles são a base”, lamenta o funcionário de um complexo de saúde no extremo sul da capital paulista, que preferiu não se identificar. Usuários reclamam que a falta de clínico geral já dura um ano.
“Atendemos aqui 25 mil pessoas e estamos tentando redirecionar para outras unidades. Temos pediatra, psiquiatra, ginecologista e dentista. A demanda por psiquiatra é muito grande, por isso atendemos todos os pacientes, mesmo que não sejam da região.”
A psiquiatria é uma das especialidades prioritárias do Ministério da Saúde no programa Mais Médicos, lançado este mês pelo governo federal. O Centro de Atenção Psicossocial (Capes) Infantil Capela do Socorro, também na zona sul, esperou 11 meses pelo especialista, que chegou à unidade na última semana. “Tivemos dificuldade de conseguir médico, além da psiquiatria infantil ser uma área bastante específica”, afirma o supervisor do Capes, Paulo Cesar da Silva.
A unidade tem três psicólogos, três terapeutas ocupacionais, dois assistentes sociais, dois enfermeiros, cinco auxiliares, um farmacêutico, um assistente de farmácia, dois técnicos administrativos, dois agentes operacionais e um motorista. “Por conta da equipe e do trabalho multidisciplinar não suspendemos os atendimentos nem os acolhimentos. Manejamos a situação”, relata.
Nos últimos dez anos, o Brasil criou 147 mil vagas para médicos, 36,7% a mais do que os 93 mil formados no período, o que totaliza uma carência de 54 mil profissionais, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados em maio. Para tentar dar conta do problema, o governo federal lançou mão, neste mês, do Programa Mais Médicos, que prevê aumentar o ciclo de formação dos cursos de Medicina para garantir dois anos de atendimento obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS).
Os médicos que se integrarem ao programa, sempre nas unidades de atenção básica, receberão uma bolsa de R$ 10 mil, além de uma ajuda de custo que vai de três salários-extras para áreas remotas da Amazônia a um salário-extra no caso da periferia das grandes cidades. As vagas que não forem preenchidas por brasileiros serão destinadas a médicos estrangeiros.
Em São Paulo, a prefeitura criou um um grupo de trabalho com representantes das secretarias da Saúde, Planejamento e Finanças “para debater um novo plano de carreira com o objetivo de manter os profissionais na rede municipal e equalizar o desequilíbrio salarial hoje existente quando se comparam os salários pagos pela administração direta, pelas organizações sociais e pelo setor privado. Também será aberto concurso público este ano para preenchimento das vagas existentes”. Só no Hospital Municipal Professor Dr. Waldomiro de Paula, na zona leste, há um déficit de 120 profissionais.
As entidades que representam médicos, como a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), rechaçam a afirmação que faltam médicos para trabalhar nas periferias e nas regiões isoladas do país. De acordo com as organizações, a carência de profissionais nessas áreas deve-se à falta de infraestrutura e, por isso, o Programa Mais Médicos não revolverá efetivamente o problema.

ESPERA

O principal problema da falta de médicos, segundo os usuários, é a demora no atendimento. “Meu marido teve um ‘derrame’ em abril e ainda não fez os exames. Ele está com a voz enrolada e fico com medo porque dizem que o segundo é mais forte”, contou a diarista Andrea Rodrigues, que mora no bairro Cocaia, na zona sul, enquanto aguardava para marcar uma consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS) Cocaia, pensando em prevenir que o marido sofra um novo acidente vascular cerebral.
No mesmo local, a dona de casa Cirlene dos Santos reclama que só conseguiu realizar cinco dos nove exames pré-natais da gestação do seu terceiro filho, hoje com três anos. “Depois do nascimento, ele deveria vir mensalmente para acompanhamento, mas se consegui trazê-lo seis meses foi muito, porque não tinha médico. Eles faltavam e éramos remarcados para o mês seguinte.”
A falta de médicos se repete também na zona leste da capital paulista. No Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, faltam cirurgião geral, neurocirurgião, anestesista, ginecologista, neonatologista, intensivista, reumatologista e “primeiro lugar e há tempo: clínico”, como informou a assessoria de imprensa da entidade, por e-mail. “A maior causa é salarial. Existe uma grande competição com outras instituições, já que São Paulo não tem política única, e por causa da distância.”
Ainda em Itaquera, faltam médicos no Hospital e no centro de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Planalto. Por isso, alguns atendimentos são oferecidos apenas algumas vezes por semana. Para compensar, alguns médicos são convidados a fazer horas extras em plantões, segundo a assessoria de imprensa da entidade.
“Não é todo dia que falta médico. Quando acontece, é feito o remanejamento. Temos algumas referências, como o Hospital Ermelino Matarazzo. Quando já se sabe que aqui em tal dia não tem uma especialidade, os pacientes são encaminhados para essa unidade”, informou a assessoria de imprensa. “A própria população é ciente disso. A gente tenta fazer o possível, mas tem coisa que a gente sabe que não vai ser 100%, devido à grande defasagem.”
A falta de médicos faz com que a vendedora Maria Fabiana dos Santos Costa espere, desde outubro do ano passado, por uma ressonância magnética nos joelhos, para acompanhar um problema nos ligamentos. “Estou doente há quase três anos e só piora. Fico em cima da cama sem poder andar”, conta. Antes disso, ela esperou mais dois anos para conseguir a consulta com o ortopedista.
“Eu morava em Itaquera e conversei com a assistente social do posto do Jardim Helian. Como eu não estava conseguindo nem mais tomar banho sozinha, ela me passou na frente, pela urgência. Mas o médico mal me atendeu e só falou que eu tinha de fazer a ressonância para depois voltar”, conta.
“Eles falam que é muita gente e que tem de aguardar. Há um mês eu liguei (no posto) e disseram que estavam chamando quem tinha passado com o médico em junho do ano passado. Se eu fui em outubro, vou passar quando?”, questiona. “Enquanto isso o caso só piora, não ando mais e estou com depressão porque não posso nem sair da cama sem ajuda.”
A falta de pediatras é um problema para a dona de casa Maria Aparecida da Silva, que já por duas vezes tentou levar a filha de quatro meses ao AMA Santa Marcelina, em Itaquera, e não encontrou o especialista. “Disseram que era possível que eu encontrasse lá para os lados do Belém”, lembra, referindo-se a outro bairro da zona leste paulistana
“Tanto o Santa Marcelina quanto o AMA do Hospital Planalto não atendem. Também já fui lá e não encontrei pediatra”, conta. “Todo mundo que chegava voltava com as crianças, porque eles já iam avisando, da porta mesmo, antes de a gente entrar, que não tinha pediatra e que não tinha como atender.”

Consumo de álcool por vias vaginal e anal preocupa médicos

Adolescentes têm assustado pais e médicos com consumo exagerado de álcool por vias anal, vaginal e até pingando no olho

Recentemente, um jovem americano foi hospitalizado em coma alcoólico depois de introduzir uma grande quantidade de vinho por meio de um tubo inserido no reto.
Além de consumir bebida via anal, vários jovens no mundo têm assustado pais e médicos com métodos nada convencionais de se embriagar. Nos Estados Unidos e Europa, vídeos se espalharam na internet com adolescentes pingando vodca nos olhos, método chamado por eles de “vodka eyeballing”. Meninas que encharcam absorventes internos de álcool e os colocam na vagina também tem parecido uma prática difundida, além de beberem álcool em gel.
álcool anal vaginal
Jovens preocupam médicos com consumo de álcool via anal e vaginal 
Segundo a Dra. Zila Van Der Meer Sanchez, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Unifesp, os adolescentes que chegam aos prontos-socorros alcoolizados usam menos destas práticas no Brasil do que em outros países, apesar de casos terem sido registrados.
“Os riscos para quem consome álcool desta maneira são exatamente os mesmos de métodos convencionais. O que conta é a quantidade de álcool ingerida, porque independente de onde for, o corpo vai absorver do mesmo jeito”.
O clínico geral do Hospital das Clínicas, Dr. Arnaldo Lichtenstein, também alerta para o uso cada vez maior de álcool. “O grande problema é o uso abusivo do álcool, independente da via”.
No entanto, além do comportamento extremamente invasivo ao corpo, o ânus, por exemplo, tem mais terminações nervosas e mucosas mais expostas, o que causa uma absorção mais rápida e compromete a percepção da quantidade ingerida.
“Se for tomando de pouquinho em pouquinho, a pessoa vai sentindo e consegue identificar mais fácil a hora de parar. Mas, mesmo assim, depois de parar ainda há uma grande quantidade de álcool no estômago para ser metabolizado e, neste ponto é comum as pessoas passarem mal, vomitarem e colocarem para fora o que ainda não foi absorvido. No entanto, nestes casos de consumo por outras vias, a substância vai ficar ali até ser completamente absorvida”, informou.

Além do estômago e intestino, o álcool é mais rapidamente absorvido pelas mucosas do corpo, desde a boca até o ânus e a vagina. “A absorção é muito grande pelas mucosas. Se você bebe uma taça de vinho e demora uma hora ou duas para ser processado, o consumo pela mucosa leva minutos”, explicou o Dr. Arnaldo Lichtenstein.
“O problema é que o álcool é irritante. Do mesmo modo que irrita o estômago, vai irritar o olho e causar uma conjuntivite, no ânus e na vagina vai acontecer a mesma coisa e pode gerar problema sérios a curto, médio e longo prazo”, esclareceu o clínico do HC.
Os adolescentes que bebem álcool em gel podem ter reflexos no fígado. “Você vai sobrecarregar seu fígado com as substâncias que têm no produto, além do álcool. Pode intoxicar e vai retardar o metabolismo”, informou a Dra. Zila Van Der Meer.
Vale ainda esclarecer que a exceção é pingar bebida no olho, prática que não tem efeito nenhum. “Esta história de pingar nos olhos, teria que ser um caminhão de álcool para deixar bêbado. Nesta região não tem nenhuma relação fazer isto”, comentou a especialista.
Em relação ao consumo via anal, ela esclareceu ainda: “pode dar uma concepção de violência sexual. Vai além do álcool, pode ter caráter de uma agressão sexual”.
O Dr. Arnaldo Lichtenstein ressaltou que a procura pelo prazer sexual também vem junto nestas práticas. “Isto é a busca pelo prazer mais rápido que está sendo misturado com sexualidade. São duas grandes sensações de busca de prazer”, explicou .
Ele alertou ainda que estas práticas não muito comuns acontecem há bastante tempo, mas o que mais preocupa é a quantidade exagerada de álcool que tem sido colocado em questão. “Esta busca desenfreada por sensações de euforia e anestesia é muito preocupante. Alguns pacientes falam em anestesia e usam estes meios mais rápidos para conseguir não só a desinibição que o álcool produz”, concluiu.

“Maconha é remédio”

Como o uso da maconha mudou radicalmente a vida e o tortuoso tratamento de Thaís Carvalho, vítima de um agressivo câncer de ovário

Thaís Carvalho viveu, ao mesmo tempo, a melhor e a pior experiências de sua vida. No mesmo dia em que segurou sua filha no colo pela primeira vez, descobriu um câncer no ovário. Duas semanas depois do parto, uma cirurgia retirou todo seu aparelho reprodutivo. Com um bebê recém nascido e uma prescrição para seis meses de quimioterapia, as mudanças abalaram seu jeito de ver o mundo. E lhe levaram a uma descoberta desconhecida para a maior parte dos brasileiros.
Paraense, hoje com 33 anos, Thaís é filha de uma família que classifica como tradicional. Vegetariana, ela não bebe e gosta de passar os finais de semana em casa. Quando voltou do hospital, estava em estado de encantamento com a primeira filha. Ficou triste em saber que não poderia amamenta-la, devido ao medicamento, mas tentou manter-se positiva. Logo descobriu que também não poderia dar banho na menina ou trocar a fralda, pois seus braços perderam a força. Com dores pelo corpo e enjoo, já no primeiro mês de tratamento Thaís parou de comer e perdeu muito peso. Perdeu também os cachos morenos e o sorriso tranquilo. Pela manhã, só levantava da cama para atravessar a rua e buscar ajuda na casa de sua mãe, que mora na mesma vila, em Belém.
Suas roupas ficaram largas, o rosto inchado e pálido. Quando olhava os olhos sem sobrancelhas no espelho, vinha a certeza de que não demoraria para ser abandonada pelo marido, que chegava à noite do trabalho e corria para cuidar dela, da filha e da casa. “Eu me sentia feia, fraca, minha casa estava largada. Estava definhando”.
Foi nesse momento que seu marido lhe chamou para uma conversa. Ele pesquisou sobre como os médicos americanos prescrevem o uso de maconha (Cannabis é o nome científico da planta) para combater os efeitos colaterais da quimioterapia. Thaís teve muitos receios. Ela nunca tinha experimentado a droga. Alguns amigos fumavam, mas ela não sabia qual seria sua reação. “Eu sempre vi a maconha como algo negativo, não queria isso para mim”.
Só quando recebeu a terceira dose de quimio e os efeitos castigaram ainda mais seu corpo frágil, ela resolveu experimentar. “No primeiro dia, senti relaxamento e bem estar, mas não arrisquei fazer nada, não conhecia os efeitos. No segundo dia, senti ânimo e levantei. Tinha uma pilha de louça pra lavar na cozinha e ataquei empolgada. Feliz em dar conta de uma tarefa cotidiana”.
maconha câncer remédio
Para defender sua saúde, Thaís rompeu uma fronteira da ciência que está em reconfiguração no mundo. O uso da maconha em tratamentos médicos está em debate em diversos países e já é autorizado na Holanda, em Israel e na República Tcheca. Nos Estados Unidos, 18 estados permitem o uso terapêutico, número que cresce a cada ano. 
A partir de então, Thaís passou a fumar um cigarro de maconha pela manhã durante a “semana crítica” (os dias em que os efeitos colaterais da quimioterapia são mais intensos). Para o seu corpo, a mudança mais importante foi o fim da náusea que lhe impedia de comer. Pelo contrário, Thaís tinha mais fome. Ela ganhou peso, o que deu uma nova perspectiva para o seu tratamento.
O ciclo de medicação previsto inicialmente era de 21 dias entre as doses. Devido à perda excessiva de peso já na primeira aplicação, seu médico oncologista adiou a segunda sessão de quimioterapia para 30 dias depois da primeira. Ele também teve que adiar a terceira, que só ocorreu 45 dias depois da segunda.Só quando passou a fumar maconha, e voltou a comer, o corpo de Thaís teve energia para aguentar o intervalo recomendado inicialmente pelo médico: 21 dias entre cada sessão.
Na memória de Thaís, porém, o efeito mais importante foi a mudança no seu bem estar. Antes, com dores constantes e incapaz de realizar tarefas simples, ela colocava um peso negativo em tudo. Até no esforço do marido, como se os cuidados que ela exigia fossem algo insuportável para ele. Com a possibilidade de realizar pequenas tarefas, aos poucos, ela conseguiu mudar essa percepção. “Comecei a ver que meu marido era admirável ao cuidar de mim e da nossa filha tão pequena. A dedicação dele passou a me dar força”.
Thaís nunca sentiu “nóia”, nome dado às sensações de paranoia que alguns experimentam ao fumar maconha. A sensação pode levar a um efeito oposto: percepção negativa do mundo. Sem saber como sua frágil saúde poderia ser afetada pela substância, ela tomou coragem para conversar com o médico. “Se te faz bem, quem sou eu pra mandar parar? ”, ouviu. “Vi que ele não concordou, mas preferiu se abster. Ele disse que esse tratamento não existe no Brasil.Mas eu falei que ele deveria se informar, mesmo que não possa recomendar, todo médico deve saber das últimas pesquisas”. E saiu do consultório sem orientação.
Para defender sua saúde, Thaís rompeu uma fronteira da ciência que está em reconfiguração no mundo. O uso da maconha em tratamentos médicos está em debate em diversos países e já é autorizado na Holanda, em Israel e na República Tcheca. Nos Estados Unidos, 18 estados permitem o uso terapêutico, número que cresce a cada ano. Na semana passada em Nova Iorque, onde esse debate está pegando fogo, 600 médicos lançaram um manifestopedindo autorização para tratar pacientes com doenças como câncer, esclerose múltipla e HIV/Aids. Em seu site, o grupo elenca pesquisas e estudos controlados sobre como os efeitos da maconha podem reduzir a dor, o espasmo muscular, a sensação de náusea e estimular o apetite.
Em português, no livro “Maconha Cérebro e Saúde”, os neurocientistas Renato Malcher-Lopes e Sidarta Ribeiro apresentam os efeitos da substância e fazem um panorama dos estudos internacionais sobre seus potenciais terapêuticos. Cientistas brasileiros também tentam fazer pesquisas com a maconha, mas esbarram em dificuldades legais e acadêmicas. É o caso de um dos maiores especialistas no tema, o professor Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo. Nessa entrevista para revista da Fapesp, ele explica os efeitos da substância e defende o uso médico.
Thaís sabe da importância da maconha no seu tratamento. E decidiu não ficar calada. Ela já recuperou a saúde e os cachos no cabelo. Enquanto dava entrevista, sua filha, hoje com três anos, não parava de chamar a mãe para brincar. Quando perguntei se não tinha medo de dar o nome e mostrar o rosto para este texto, ela não vacilou. “Seria hipocrisia. Vejo as pessoas na linha de frente lutando pela descriminalização, enquanto tantos fumam e têm medo de mostrar a cara. Não quero ser a maioria silenciosa. Quero ser parte da minoria que contribuiu para a mudança”. Embora não tema falar no assunto, ela prefere usar o termo científico Cannabis, pois considera que maconha é uma palavra carregada de preconceitos.
Thaís é a favor da descriminalização para uso medicinal, mas também para qualquer outro. “Não faço uso recreativo, mas não tenho preconceito”, diz. No ano passado, estava no pequeno grupo que tentou fazer a Marcha da Maconhano centro de Belém. A mesma marcha, que ocorre em mais de 40 cidades no Brasil, vai acontecer em São Paulo nesse sábado dia 8.
Mais difícil que enfrentar as ruas, é reunir forças para ter uma conversa na casa dos pais. Quando contou que estava fumando durante o tratamento, o pai de Thaís ficou em silêncio, a mãe lhe criticou. Depois que viu sua melhora, a mãe não tocou mais no assunto. Mas agora é o pai de Thaís, com 62 anos, que terá de passar por um tratamento de quimioterapia. “Minha família é bastante conservadora, não sei se ele vai querer. Mas vou conversar, acho que as pessoas têm direito a essa escolha”.
Daqui a muitos anos, ela pretende conversar também com a sua filha, explicar que a maconha não deve ser vista compreconceito, mas com respeito e cuidado. Thaís sabe que a menina vai receber lições maniqueístas na escola. Dos adultos, vai ouvir que a maconha é algo ruim e que sempre faz mal. De alguns amigos, o extremo oposto. Dentro de casa, a menina vai conhecer a verdade experimentada por sua mãe: “Cannabis é remédio”.

Cidade oferece R$ 10 mil e estrutura, mas faltam médicos

Cidade do RS com segunda melhor distribuição de renda do Brasil oferece estrutura, R$ 10 mil por mês e até faculdade de graça, mas faltam médicos

Localizada na Serra Gaúcha, a cidade de Carlos Barbosa é a segunda melhor no Brasil em distribuição de renda e tem o 23º maior PIB per capita do Rio Grande do Sul. Com 25 mil habitantes, o município tem um centro de saúde, inaugurado em dezembro de 2004, e cinco unidades para atender a população. A prefeitura oferece exames laboratoriais, de raio-X, tomografias, mamografias, ecografias, endoscopias, colonoscopias, eletrocardiogramas, ressonâncias magnéticas, ecocardiogramas. Os médicos recebem salário de R$ 4.630,31 (20 horas semanas) e R$ 9.260,61 (40 horas), além de um adicional de insalubridade de R$ 529,55. Mesmo assim, faltam médicos para atender a população.
mais médicos carlos barbosa
Cidade terminou a construção de um centro radiológico e agora aguarda a compra de equipamentos de exames. 
A cidade gaúcha recentemente encerrou as inscrições para preencher as vagas de médicos. Mesmo com o salário de quase R$ 10 mil e a infraestrutura oferecidos, com quatro vagas ofertadas para contratação imediata, somente uma pessoa se inscreveu.
“Aqui, nós estamos muito bem posicionados. Estamos a 100 quilômetros de Porto Alegre, 40 km de Caxias (do Sul), 15 km de Bento Gonçalves. Nós temos uma boa estrutura física. Nós temos um centro de saúde que o (Fernando) Lucchese (cardiologista famoso por seus livros para o público leigo) esteve aqui e disse que ‘parece mais um apart-hotel do que um centro de saúde’. Temos toda uma infraestrutura aqui”, diz o prefeito Fernando Xavier da Silva (PDT).
Segundo Silva, se não é a estrutura nem qualidade de vida na cidade que afastam os médicos, sobra uma explicação: os salários. Para ele, os médicos na região conseguem mais dinheiro com consultórios privados e planos de saúde e a remuneração não é atraente para esses profissionais da saúde.​
“Acredito que o valor-hora oferecido pela cidade não seja atraente para os médicos, pela própria concorrência do mercado ao redor, principalmente de Caxias (do Sul) e Bento (Gonçalves)”, diz Fernando Matos, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers). Para ele, a região da Serra Gaúcha oferece uma remuneração muito alta, principalmente os planos de saúde, e os profissionais da saúde não escolhem trabalhar no setor público.
E para pagar um salário maior? Os cofres públicos aguentariam? “Aí vai depender da capacidade gestora de quem tem a obrigação de fazer a administração pública. Eu acho que nós teremos que fazer algum tipo de corte em algum lugar e repassar para a área da saúde algum recurso para tentar via remuneração melhor (atrair médicos), e eu estou fazendo um estudo para passar para R$ 6 mil para 20 horas e, consequentemente, R$ 12 mil para 40 horas para ver se torno mais atrativo esse serviço aqui no município”, diz o prefeito.

Mais Médicos

Para tentar acabar com o déficit de médicos, a prefeitura de Carlos Barbosa se inscreveu no programa Mais Médicos, do governo federal, que oferece bolsas de R$ 10 mil para esses profissionais de saúde.
mais médicos carlos barbosa
Centro de Saúde de Carlos Barbosa sofre com a falta de médicos 
O prefeito afirma que o programa “tem algum fundamento”, mas precisa de ajustes. Silva defende que o projeto deve se esforçar em trazer médicos brasileiros. “Aí se, não tendo condição (deve-se contratar estrangeiros), e o Revalida é fundamental.”​
Um dos principais pontos de discórdia entre as associações e o governo, o exame de revalidação de diploma do médico que se formou no exterior deve ficar de fora do Mais Médicos (veja detalhes no quadro abaixo).
“Não tem discussão. Médico brasileiro ou estrangeiro que fez curso no exterior tem que seguir as leis brasileiras”, diz Matos, ressaltando que esses profissionais têm que saber falar português para fazer atendimento com qualidade.
“O Mais Médicos teria, a meu ver, apenas um benefício: de conscientizar a todos de que tem que fazer investimento em infraestrutura, criar mais hospitais, mais condições de trabalho e criar também um plano de carreira para os médicos, estabelecendo um valor para o trabalho médico digno”, diz o vice-presidente do Cremers. Matos não diz qual seria esse valor digno, afirma que essa definição deve ser feita com os sindicatos médicos. Ele critica também o pagamento do programa ser feito por bolsa, que devem ser garantidos contrato e direitos trabalhistas aos profissionais.
programa mais médicos
Programa Mais Médicos

Médicos estrangeiros começam a trabalhar no Brasil em setembro

Em setembro médicos estrangeiros começam a trabalhar nas cidades do interior e periferias dos grandes centros do Brasil através do Programa Mais Médicos

médicos estrangeiros brasil
Médicos estrangeiros começam a trabalhar no Brasil em setembro.
A partir da segunda quinzena de setembro, 358 médicos estrangeiros começam a trabalhar nas cidades do interior e periferias dos grandes centros por meio do Programa Mais Médicos. Na primeira edição, o programa selecionou 1.618 profissionais. Os dados são do balanço da primeira fase do programa, divulgados nerta quarta-feira (14) pelo Ministério da Saúde.
Quando chegarem ao Brasil, os médicos estrangeiros ficarão concentrados em oito capitais: Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza. Nessas cidades, terão aulas sobre saúde pública brasileira e língua portuguesa durante três semanas, entre 26 de agosto e 13 de setembro. Após a aprovação nesta etapa, começam a atender a população na segunda quinzena de setembro.
Os profissionais que vão atuar em áreas indígenas terão, além do módulo de acolhimento, treinamento específico. Os estrangeiros terão registro profissional provisório e podem trabalhar apenas na região para onde forem designados.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reafirmou a intenção do governo de buscar parcerias com instituições e universidades de outros países para facilitar a vinda de médicos estrangeiros. “Estamos tratando com a Organização Pan-Americana de Saúde [Opas] as possibilidades que ela tem para abrirmos tanto para países, organizações não-governamentais e universidades, a possibilidade de cooperação com outros países. Cada país têm suas regras próprias de colaboração”, disse.
Padilha disse ainda que os profissionais que irão participar do programa por meio desse modelo de cooperação serão alocados nos cerca de 1,5 mil municípios prioritários do Mais Médicos.
Perguntado sobre as negociações para trazer médicos cubanos, Padilha respondeu que Cuba já havia feito oferta ao Brasil e disse que é interessante a participação de profissionais especialistas em atenção básica, a exemplo dos cubanos.
Do total de 1.618 médicos selecionados pelo Mais Médicos, 53% vão para as periferias de capitais e regiões metropolitanas e 47% para municípios com alta vulnerabilidade social. Em relação ao perfil dos profissionais, entre os médicos formados no Brasil, 58% são homens e 42% mulheres. Entre os com diploma do exterior, 63% são homens e 37% mulheres.

Promotor revela em seu Facebook ‘ódio mortal’ contra manifestantes

“Saudade da época em que era resolvido com borrachada”, diz promotor de justiça sobre protestos. Rogério Zagallo publicou em seu facebook que arquivaria o inquérito de quem matasse os manifestantes contra o aumento da passagem

rogerio-zagallo
Promotor Rogério Zagallo convocou tropa de choque a assassinar manifestantes
Na última sexta-feira 7, o 1º promotor de Justiça do 5º Tribunal do Júri, Rogério Leão Zagallo, se manifestou em sua conta pessoal no Facebook a respeito dos protestos contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo. Zagallo reclamava do bloqueio, em protesto organizado pelo Movimento Passe Livre, na avenida Faria Lima e na Marginal Pinheiros. Ele disse que sentia saudades da “época em que esse tipo de coisa era resolvida com borrachada nas costas”.
O conteúdo completo da mensagem pode ser conferido na imagem ao lado. Em justificativa publicada posteriormente, Zagallo disse que “qualquer pessoa minimamente dotada de boa-fé perceberia que aquilo jamais poderia representar a verdade ou caracterizar minha forma de atuar como Promotor de Justiça”.
A mensagem postada pelo promotor na sexta-feira ganhou rápida repercussão na internet. O blogueiro Renato Rovai questionou a autoria da mensagem junto ao promotor. Segundo postou em seu blog, Rovai abordou Zagallo pela própria rede social no domingo pela manhã e recebeu a confirmação do Facebook de que sua mensagem havia sido visualizada pelo promotor, cerca de uma hora depois. Entretanto, seu questionamento não foi respondido.
O posicionamento de Zagallo veio horas depois, em uma nova postagem também pela sua página pessoal no Facebook. O promotor confirmou ser o autor da frase e explicou que entende “como lícita e válida toda forma de protesto, debate e discussão sobre temas que estão na pauta da administração de uma grande cidade”, e completou dizendo que “sinceramente, acredito que o Movimento Passe Livre exercitou seu legítimo direito ao protesto;”. Entretanto, o promotor afirmou não concordar “com a forma de execução da legítima manifestação do grupo chamado MPL”.
Zagallo disse ainda que o comentário foi fruto de “um desabafo” motivado pelas longas horas de espera no trânsito. “Em face da enorme repercussão do comentário, hei por bem retira-lo de minha página do Facebook”. Consultada, a página do promotor na rede social não contém o comentário inicial, nem a justificativa publicada posteriormente.
Não é a primeira vez que o promotor Rogério Zagallo se envolve em polêmicas à respeito do tratamento dispensado aos criminosos. Em março de 2011, ele pediu o arquivamento de um processo sobre um suposto assalto contra um policial civil que terminou com um suspeito morto sob o argumento de que “bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer”. O crime, considerado pelo promotor como ato de “legítima defesa,” ocorreu em setembro de 2010.
No documento, Zagallo ainda lamentou que “tenha sido apenas um dos rapinantes enviado para o inferno” e aconselhou o policial civil em ação, Marcos Antônio Teixeira Marins. “Fica aqui um conselho para Marcos Antônio: melhore sua mira”.
Abaixo, a íntegra da segunda mensagem postada por Rogério Zagallo no Facebook:
Prezados amigos.
Com relação ao post que circulou em minha página do facebook na última sexta-feira, sobretudo diante de sua enorme repercussão, venho aqui novamente para expressar o quanto segue:
rogério zagallo promotor facebook
A mensagem publicada pelo promotor Rogério Zagallo no Facebook
3 QUE, apesar de entender que o MPL estava exercitando um direito legítimo, discordo, democraticamente, da forma de protesto.
De fato, acredito que o o MPL estava rigorosamente dentro da legitimidade ao protestar contra o aumento da tarifa de ônibus, todavia, não me retrato (da permanência em minha página) acerca do mérito do comentário, pois, não concordo com a forma de execução da legítima manifestação do grupo chamado MPL Movimento do Passe Livre.
Sobre esse assunto, invoco o editorial de um dos mais respeitados e lidos jornais do Brasil, o O Estado de São Paulo, publicado no dia de ontem (09/06).
Dele se extrai a seguinte comentário ao qual adiro plenamente:
“DEVE-SE LEVAR EM CONTA AINDA QUE A CAPITAL PAULISTA ESTÁ PAGANDO O PREÇO DA FALTA DE FIRMEZA DAS AUTORIDADES – AO LONGO DAS ÚLTIMAS DÉCADAS – DIANTE DE MANIFESTAÇÕES SELVAGENS COMO A DE QUINTA-FEIRA. PEQUENOS GRUPOS AGUERRIDOS – O PROTESTEO DO MPL REUNIU APENAS CERCA DE MIL MANIFESTANTES – PARA QUANDO QUEREM A AVENIDA PAULISTA E OUTRAS VIAS IMPORTANTES DA CIDADE, DESCONHECENDO SOLENEMENTE AS PROIBIÇÕES EXISTENTES NESSE SENTIDO. PARA NÃO FICAR MAL PERANTE OS CHAMADOS MOVIMENTOS SOCIAIS, AS AUTORIDADES TÊM TOLERADO OS SEUS DESMANDOS. AGORA MESMO, O PREFEITO FERNANDO HADDAD, EM VEZ DE CONDENAR O VANDALISMO PROMOVIDO PELO MOVIMENTO PASSE LIVRE, SE APRESSOU AO DIÁLOGO. VAI DISCUTIR COM ESSE BANDO DE VÁNDALOS A TARIFA ZERO?” (sic).
Mais não é preciso falar. Notem que o respeitado jornal O Estado de São Paulo fala em “MANIFESTAÇÃO SELVAGEM” e “BANDO DE VÁNDALOS”…
Nesse sentido, entendo que muitas pessoas que necessitavam de auxílio médico ou que tinham compromissos pessoais e profissionais ficaram cerceados de alguns de seys comezinhos direitos entre eles, o de ir e vir. Por sinal, registro que recebi – e tenho recebido – inúmeras manifestações de apoio e concordância, o que demonstra a viabilidade do desabafo perante algumas camadas da sociedade que também se sentiram importunadas com tais atos;
4 – QUE o comentário foi fruto puramente de desabafo feito por pessoas que estavam há muito tempo paradas no trânsito (3 horas ao total), mas que tinham compromisso com seus filhos de poucos anos de idade que os aguardavam sozinhos para serem apanhados. Sabia-se que as crianças estavam nervosas e ansiosas esperando serem resgatadas e levadas para suas casas;
5 – QUE o comentário relativo ao arquivamento de inquérito policial foi apenas uma forma de expressão, jamais caracterizando a aquiescência com execuções ou arbitrariedades. Por sinal, qualquer pessoa minimamente dotada de boa-fé perceberia que aquilo jamais poderia representar a verdade ou caracterizar minha forma de atuar como Promotor de Justiça. Evidentemente, qualquer interessado pode consultar minha biografia para perceber que aquilo foi apenas a maneira de extravazar um descontentamento com o momento e com a incapacidade de alcançar, junto com outro amigo, os filhos que, angustiados, clamavam, pelos respectivos telefones, por suas chegadas;
6 – QUE apesar de ter permitido a veiculação em minha página do facebook de um comentário relativo ao meu modo de atuar perante o Tribunal do Júri, EM NENHUM MOMENTO AGI COMO PROMOTOR DE JUSTIÇA, mas sim como cidadão e, especial, na qualidade de um pai que estava deveras angustiado com a enorme dificuldade em alcançar seu filho de pouca idade que, nervoso, o esperava ;
7 – QUE, por questão de justiça, afasto qualquer vinculação do comentário que permiti fosse veiculado em minha página com o Ministério Público ou com sua atuação. Como dito, minha atuação foi de um cidadão, um pai tenso e preocupado;
8 – QUE, quando permiti a permanência do comentário em minha página do facebook, avaliei que estaria fulcrado no direito à livre expressão e opinião, garantido pela Constituição Federal. Se a avaliação foi equivocada, atribuo ao enorme nervosismo a que estávamos submetidos em face da preocupação com o bem estar de seu filho;
9 – QUE, em face da enorme repercussão do comentário, hei por bem retira-lo de minha página do facebook;
10 – QUE quando permiti a veiculação do citado desabafo pelo facebook, não tinha a intenção de ofender alguém, mas, agora, ciente que isso pode ter ocorrido, desde logo, em ato sincero, peço escusas pelos inconvenientes. Se alguém entender que errei, por favor, aceite minhas desculpas como forma de reparar o inconveniente.
Agradeço a todos e, com essa explicação, espero ter ajudado a colocar uma pá de cal nessa celeuma que, involuntariamente, dei causa

Manifestantes criam site para denunciar abusos

Manifestantes criam site para denunciar abusos em protestos em SP. Qualquer pessoa pode publicar textos, imagens, vídeo, links, citações e áudio dos protestos contra o aumento das tarifas de ônibus

agressão pm manifestantes sp
Estudante postou foto com marcas da agressão sofrida durante o protesto 
Com a continuação dos confrontos durante os protestos contra o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo, um novo tumblr – site que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações e áudio – foi criado por manifestantes com o objetivo de abrir espaço para relatos de abusos e agressões cometidas durante os atos na capital paulista. Por meio do site chamado de Feridos no protesto em SP, qualquer pessoa pode falar sobre as manifestações que terá o texto original no ar.
Em um dos relatos, uma estudante conta que estava observando a manifestação com um grupo de amigos na porta da universidade onde estuda quando foram atingidos pela polícia. “Eis que a cavalaria passa (lembrando que tudo isso se passou na porta da faculdade) e param cerca de 10 carros da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) há uns 10 metros da esquina da Piauí com a Consolação. Ali começou o caos. Comentei com as pessoas que eles iriam arremessar bombas na nossa direção e todos discordaram, dizendo que não tinha motivo pra isso. E não tinha. Eram menos de 30 estudantes na esquina só tirando foto, mas em questão de segundos, “booooom”!”, disse. Junto com o texto, ela postou uma foto onde mostra os ferimentos sofridos no braço por estilhaços de uma das bombas. “Na hora senti a dor, mas não parei de correr”, afirmou.
Em outro post, o texto intitulado de “Notícias de uma guerra muito suspeita” de Elcio Fonseca conta a dificuldade encontrada pelo autor ao tentar pegar o trem para voltar para casa após o trabalho. “Para minha surpresa, a estação estava fechada. Guardas me avisaram “volte até a estação Trianon/Masp, se quiser embarcar”. Achei um exagero, protestei, quando me volto para o lado esquerdo da Paulista e vejo pessoas vindo de mãos levantadas, fotógrafos com as câmeras suspensas, e, antes mesmo que pudesse me dar conta desse exagero, cerca de seis motocicletas irrompem pela nossa calçada, em velocidade e impetuosidade, atropelando pessoas, seguida de dezenas de cavalos, ao que todos, assustados e, alguns de nós, já em estado de pânico e estupor, encostam-se nas marquises. Quando fui protestar, os soldados da Policia Militar, com cassetetes batendo em seus escudos, foram nos empurrando, e, particularmente em mim, bateu com um cassetete nas costas, sem que eu pudesse pelo menos perguntar onde poderia tomar o Metrô. Uma truculência e humilhação a que não tinha presenciado nem nos momentos mais duros do regime militar”, comparou Fonseca.

Vídeo: o último registro de Amarildo

Vídeo mostra Amarildo sendo levado por viatura da UPP antes de desaparecer. Ajudante de pedreiro não ofereceu resistência

vídeo amarildo upp
Vídeo mostra Amarildo sendo levado por viatura da UPP antes de desaparecer 
Uma câmera de monitoramento localizada em frente ao posto da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, flagrou a última aparição do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido há quase um mês. No vídeo, obtido pelo programa Bom Dia Rio, da Rede Globo, Amarildo aparece junto com a mulher, Elizabete Gomes, entrando em um carro da UPP da comunidade. (vídeo no final da matéria)
Amarildo mora há mais ou menos 400 metros do local de onde as imagens foram registradas. Ele ficou na base da UPP por cerca de 15 minutos e foi levado por uma viatura da PM para averiguação. Os policiais suspeitavam que Amarildo poderia ser um suposto traficante de drogas conhecido na região.
No entanto, ao checar seus documentos, que incluía registros profissionais na carteira, a própria polícia descartou a hipótese de que ele era o traficante procurado. Essa versão vai ao encontro da mesma apresentada pelos moradores da Rocinha, desde o início da investigação do caso.
O vídeo mostra que não houve resistência alguma de Amarildo durante a prisão. A polícia vai investigar as imagens.

Prisão de Elisabete

O delegado Orlando Zaccone, atual titular da 15º DP (Gávea), questionou a conclusão do delegado-assistente, Ruchester Marreiros, de que a residência de Amarildo servia para guardar drogas e também para a fuga de traficantes. Ruchester chegou a pedir a prisão da esposa de Amarildo, Elizabete, acusando-a de envolvimento com o tráfico de drogas. No entanto, a promotora do caso, Marisa Paiva, desconsiderou o pedido.
Ruchester concluiu que o pedreiro era um dos responsáveis por assessorar o tráfico de drogas, junto com sua mulher. Num vídeo mostrado pelo delegado, uma testemunha que teria sido torturada por traficantes se refere a uma “Bete”. Para o investigador, uma referência clara a Elizabete, esposa de Amarildo.
Já Zaccone acha precipitado concluir que Bete seja a esposa de Amarildo, pois não havia elementos capazes comprovar que a Bete citada num termo de declaração de um policial era a mulher de Amarildo.

Brasil deve esquentar pelo menos 3°C até 2100 Dado faz parte da mais completa análise dos impactos causados por mudanças climáticas; Sudeste deve ter 40% mais chuva e a caatinga, 30% menos

O dia frio que amanhece hoje em boa parte do Brasil pode fazer muito marmanjo engraçadinho perguntar: "Mas e o aquecimento global?" Um cientista menos espirituoso, porém, teria a resposta na ponta da língua. Aproveite agora o frio porque nosso futuro próximo vai ser bem quente. De acordo com um novo relatório compilado por 345 cientistas brasileiros, a temperatura média em todo o País subirá pelo menos 3°C até 2100, na comparação com o fim do século 20. No pior cenário, o aumento pode ser de até 6°C.
Os dados, que levam em conta cenários de menor ou maior emissão de gases de efeito estufa, fazem parte do primeiro relatório de avaliação nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e foram antecipados na edição deste mês da revista Pesquisa Fapesp. O anúncio completo será feito em setembro.
O trabalho traz também mais detalhes de como as mudanças climáticas devem afetar o regime de chuvas nos diferentes biomas do País. Enquanto nos pampas (Região Sul) e na Mata Atlântica do Sudeste pode haver um aumento de até 30% na precipitação, na Amazônia e na Caatinga o cenário será de seca, com redução de até 40% das chuvas.
Projeções de aumento de temperatura e mudança no Brasil e no mundo já vêm há tempos sendo divulgadas, mas a novidade desse relatório é que ele sintetiza o melhor que a ciência conhece sobre os impactos que as mudanças climáticas terão sobre o Brasil. O painel, que reúne pesquisadores das mais diversas áreas, atuou nos mesmos moldes do grupo das Nações Unidas que faz esse tipo de avaliação em escala global - o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Divididos em três grupos de trabalho, eles analisaram as pesquisas publicadas em revistas científicas desde 2007. O primeiro considerou aquelas que mostram a ocorrência das mudanças climáticas no Brasil. O segundo avaliou os impactos disso - nas cidades, nos setores da economia, nos recursos hídricos - e as medidas de adaptação a eles. E o terceiro, as formas de redução das emissões de gases-estufa no Brasil.
O objetivo, explica o pesquisador Carlos Nobre, que preside o painel, é trazer uma "avaliação neutra, baseada em evidências científicas, com um enorme detalhamento sobre o que é importante para nós". Os relatórios do IPCC - o próximo, aliás, também será divulgado a partir de setembro - também seguem esses critérios, mas são globais, com apenas alguns destaques sobre América do Sul e Brasil.

Brasil deve esquentar pelo menos 3°C até 2100

Legista contesta PM e diz que menino Marcelo foi assassinado

Legista do caso PC Farias contesta versão da polícia e explica que filho de PMs não cometeu suicídio

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Sanguinetti refaz cenário do crime. Legista também detectou que havia uma janela com o cadeado arrombado, mas os investigadores estranhamente ignoraram a informação, considerando apenas que portão e porta estavam intactos.
O médico legista e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) George Sanguinetti, que ficou conhecido por refazer o laudo das mortes do casal Paulo Cesar Farias e Suzana Marcolino e apontar que eles foram assassinados em 1996, afirmou que o filho do casal de policiais militares paulistas Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13, também foi assassinado junto com os pais.
Ao analisar as fotos da sala em que Marcelo e os pais foram encontrados mortos, Sanguinetti foi categórico ao afirmar que a posição do corpo do adolescente não é compatível com a de um suicídio, e sim, com a de um assassinato.
Há muita clareza nas posições dos corpos, que mostram que os três foram assassinados. Ao fazer os cálculos de corpos com estatura semelhantes à da mãe e do filho, podemos observar que todos foram mortos por outra pessoa”, disse Sanguinetti, explicando em um cenário montado com um colchão no chão e um boneco na posição semelhante à qual Marcelo foi encontrado morto.
“A posição em que o corpo do menino caiu, com a mão direita em cima do lado esquerdo da cabeça e o braço esquerdo dobrado para trás, com a palma mão esquerda aberta para cima, não é compatível com a posição de um suicida, e sim, com a de uma pessoa que foi assassinada. A arma do crime também não está no local compatível, que iria aparecer na foto em cima da cama ou próximo aos joelhos do menino”, explicou Sanguinetti.
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Para ele, a equipe da perícia precisa refazer os cálculos do trajeto dos corpos ao serem atingidos pelos projéteis porque a conclusão está equivocada ao afirmar que o menino assassinou os pais e depois se matou. Ele explicou que não é impossível refazer os cálculos mesmo com o cenário desfeito e que os peritos devem se basear nas imagens para concluir “claramente” que o menino também foi vítima.
“Apesar de as pessoas próximas ao menino dizerem que ele sabia atirar, a forma como cada um deles foi morto, com apenas um tiro na cabeça, é de atirador profissional. Por mais que o menino tivesse habilidade, ele iria efetuar mais de um disparo para atingir os corpos dos pais e para se certificar de que eles teriam morrido”, argumentou o legista.
Sanguinetti disse que também seguiu os cálculos da medicina legal para afirmar que o corpo de Andreia foi colocado no local em que foi encontrado. Para ele, a policial não foi morta na posição fetal. “A parte do corpo que ficou suspensa na cama corresponde a 15% da massa [corporal da vítima], e o peso restante iria fazer o corpo ser arrastado para o chão. Jamais, ao levar um tiro, o corpo conseguiria se manter em uma posição que a parte mais leve seguraria a parte mais pesada, a não ser que já estivesse com rigidez cadavérica, como podemos observar na foto.”
O legista também questionou o argumento de que não foi detectada a presença de chumbo, antimônio, bário e pólvora nas mãos do menino, e que, ao efetuar supostamente os cinco disparos que mataram o adolescente, os pais, a avó Benedita de Oliveira Bovo, 67, e a tia Bernadete Oliveira da Silva, 55, o polegar e a parte dorsal da mão esquerda, obrigatoriamente, teriam algum vestígio.
“Informaram que o menino era sinistro e nem a mão esquerda, a provável a ser usada para fazer os disparos, e nem direita apareceram com resíduos de tiros. Obrigatoriamente quando efetuam-se disparos de arma de fogo os resíduos aparecem. Se disserem que ele efetuou e deu negativo o exame residuográfico estamos indo de encontro com toda a medicina legal”, afirmou
O médico legista questionou ainda o porquê da equipe de criminalistas não realizar exame em microscópio para observar resíduos dos tiros na derme e na epiderme do garoto. “Eles fizeram exames somente com a lavagem das mãos em soro, mas deviam ter retirado pedaços da pele do menino para investigar os resíduos e iriam encontrar”, disse.
Sanguinetti disse que também analisou os relatos do cenário da casa dos PMs paulistas assassinados e afirmou que a equipe de peritos só observou se o portão e a porta estavam intactos, sem sinais de arrombamento. “Tinha uma janela com o cadeado arrombado e eles ignoraram a informação da cena. Provavelmente a pessoa que matou os cinco entrou pelo local.”