Ele tenta usar o bullying, a perseguição que diz ter sofrido na escola, para justificar as mortes: "Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos".
O texto revelado pelo "Fantástico" cita o atentado de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center, em Nova York, e destaca que há sites na internet que ensinam como fazer bombas e como conseguir recursos para comprar munição e explosivos. Veja, no vídeo acima, parentes falando sobre as vítimas do massacre.
Em outro vídeo do programa da TV Globo, parentes e amigos lembram das vítimas do massacre. Assista:
— O que mais chamou minha atenção foi exatamente a disposição dele em matar as crianças. É horrível, mas seria óbvio: primeiro ele me mataria, até para eu não correr.
A professora diz ter feito cara feia quando Wellington entrou na classe, porque ele não tinha batido na porta. O assassino carregava uma bolsa de viagem:
— Eu olhei nos olhos dele, ele tava normal, tranquilo, não estava tremendo, nem nada. Ele foi entrando e, daqui a pouco, falou assim: "eu vim dar uma palestra". Aí eu virei para ele e falei: "como?" Quando eu falei isso, ele já abriu (a bolsa). Estava de costas, as crianças olhando, esperando para ver quem era. Todo mundo normal. Ele abriu a bolsa e com as duas mãos, ao mesmo tempo, pegou dois revólveres. Enquanto pegava os revólveres, ele falava assim: "vim dar um palestra” e já atirou.
A professora só se deu conta do que acontecia após o terceiro tiro disparado por Wellington. Naquele momento, disse Leila, o atirador matava a esmo, sem escolher as vítimas. Os alunos e a professora assistiram em desespero Wellington recarregar duas vezes as armas. Enquanto isso, Leila gritava para os alunos fugirem e ajudava a quem podia, já saindo da sala.
— Se eu ficasse ali, não iria ajudar em nada. Eu acabaria, talvez, levando um tiro ou vendo ele matar. Não poderia desarmá-lo, não poderia fazer nada. Então, só pensava : "tenho que salvar estas crianças". As que estavam perto de mim, eu puxava e descia. Era só isso que eu conseguia pensar.
Há 25 anos dando aulas, 16 deles na Escola Tasso da Silveira, Leila acredita que Wellington não teria conseguido entrar no prédio se não tivesse se identificado como ex-auno:
— Ele tinha ido (à escola) uma semana antes pegar o histórico. Naquele dia, foi na secretaria pegar o histórico e a grade estava fechada. Ele pediu para subir para falar com a professora. Todo mundo sabia que não tinha palestra aquele dia. A grade foi aberta porque ele era ex-aluno. Só por isso que ele conseguiu.
Em estado de choque, Leila diz que não está pronta para voltar à escola:
— Eu fico imaginando: como é que eu vou entrar naquela sala e olhar para aquelas crianças? Sei que eu preciso deles e eles precisam de mim. Afinal de contas, sou professora. Mas hoje não sou inteira, eu sou cacos. Eu vou juntar esses cacos em que eu me fiz e eu vou dar força pros meus alunos.