Ana Victória tem 17 anos e está realizando o sonho de muitas meninas: estrear na carreira de modelo.
A diferença é que a jovem está prestes a se tornar a primeira modelo com microcefalia do mundo e tudo começou graças a um projeto de inclusão de uma agência de modelos.
Modelo com microcefalia: como começou a carreira?
Divulgação/BM Model´s
Divulgação/BM Model´s
“Uma agência convidou Ana Victória para fazer umas fotos para a exposição 'Arte sem Preconceito'. Ela foi e, neste dia, disseram que a Victória tinha jeito de modelo”, relembra a mãe da jovem, Viviane Lima.
Como não tinha condições financeiras de pagar um book fotográfico para a filha, Viviane contou com a solidariedade de um fotógrafo, uma cabeleireira e uma maquiadora que aceitaram produzir e fotografar Ana Victória sem custos.
De acordo com Viviane, sua filha sempre gostou de se vestir bem, dançar e se apresentar para as pessoas, mas nunca imaginou que ela pudesse se tornar modelo um dia.
As fotos foram levadas para a agência de modelos e, em poucos dias, Ana Victória estava fotografando seu primeiro book profissional.
“Foram as primeiras fotos dela, estava com pouca maquiagem, colocou salto apenas para fotografar, mas ela se soltou completamente”, relembra Viviane.
Melhora no desenvolvimento mental
Por causa de microcefalia, Ana Victória tem atraso cognitivo de seis a sete anos, mas, segundo sua mãe, esta diferença para a idade real está diminuindo por causa do estímulo que o trabalho como modelo tem proporcionada a ela.
“Ela se colocou mesmo no papel de modelo durante as fotos e as coisas foram acontecendo rapidamente. Hoje ela fez sobrancelha pela primeira vez, tirou o buço, depilou a perna ecomeçou a treinar a caminhada com salto alto”, explica a mãe da jovem.
A expectativa agora é que empresas comecem a chamar Ana Victória para fazer campanhas publicitárias de moda.
“Ela se transforma em outra pessoa quando chega ao estúdio. Acredito que seja uma forma de ela expressar que está fazendo o que quer e o que gosta. Tem ajudado muito no desenvolvimento dela”, comemora Viviane.
Ainda de acordo com a mãe, Victória está mais calma e concentrada. “O trabalho está estimulando e a ajudando na parte comportamental e de desenvolvimento.”
Filhas com microcefalia
A filha do meio de Viviane também tem microcefalia e, por isso, ela conta que teve que enfrentar preconceito a vida inteira.
“Eu acreditava que o preconceito ia acabar com os anos, mas ele vai evoluindo. Pessoas já disseram que eu estava mentindo sobre Victória ter microcefalia, porque não aceitavam que uma pessoa com deficiência pudesse ser modelo”, explica.
Contudo, Viviane diz, com orgulho, que se posiciona diante das filhas como um escudo e que o medo do preconceito ficou no passado.
“Hoje, muitas mães estão passando pelo o que eu passei. Me disseram que a minha filha nunca ia falar, nem andar, mas ela está aí. Que ela seja a menina que vai abrir portas para que,quando a nova geração [de crianças com microcefalia] crescer, alguma coisa tenha mudado”,torce.
Para Viviane, ver a filha vencer é uma realização como mãe e ela pretende mostrar que ninguém deve nunca se prender a um diagnóstico no papel.
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