Quem nunca ouviu: “Brasileiro não sabe votar”? Ou: “O culpado pelo mau político é o eleitor que o elege. Assim, transfere-se a culpa da desgraça para a vítima, como se fosse responsável pelos malfeitos decorrentes de seu voto, sobre o qual não tem mais controle depois que o digita na urna eletrônica. E isso acontece porque inexistem instrumentos permitindo a participação direta das pessoas nas políticas públicas.
Portanto, funciona assim: se, de repente, um governador amanhece com vontade de construir um aquário, ele manda fazer, e não há força que o impeça. Depois, deixa a conta para o próximo governo, isto é, para o cidadão contribuinte.
Outro problema é a falta de diversidade entre as opções eleitorais, apesar da quantidade de candidatos. Vejamos os quatros principais concorrentes nestas eleições municipais.
Capitão Wagner (PR): apresenta-se como “novidade”. Mas, sabemos, há moços velhos e velhos moços. Wagner enquadra-se no primeiro caso. A sua proposta é uma repetição de chavões; foi líder de uma greve armada na polícia que deixou a cidade refém dos PMs. Tem como um dos tutores o senador Eunício Oliveira (PMDB), cuja especialidade é cavar cargos para seus aliados.
Heitor Férrer (PSB): o deputado tornou-se mais conhecido pelos discursos ácidos contra os Ferreira Gomes, e não por ter um programa para a cidade. Vamos ver como vai se arranjar sem os irmãos sobralenses (diretamente) na disputa.
Luizianne Lins (PT): ficou oito anos chefiando a Prefeitura, tendo como aliados o governo federal, o governo estadual e a Câmara dos Vereadores. Mesmo com essas facilidades, não fez uma fração do que poderia ter feito.
Roberto Cláudio (PDT), atual prefeito: acolheu a Moroni Torgan (DEM) como vice de sua chapa. Moroni é uma espécie de Capitão Wagner de tempos idos: mau sinal.
Frente a esse quadro, não estaria o eleitor condenado a “votar mal”?
PS. Tem ainda João Alfredo, do Psol, partido que tenta recolher as bandeiras deixadas no caminho pelo PT.
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