Após cinco dias de greve, e de o governo do Estado definir a demissão de 42 funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), os metroviários decidiram, na noite desta segunda-feira, 9, suspender a paralisação pelo menos até quinta-feira. Uma nova assembleia deverá ocorrer na quarta, mas a categoria já definiu nova paralisação na quinta, data da abertura da Copa do Mundo.
Durante o dia, em que a greve atingiu parcialmente as Linhas 1, 2 e 3 e 50 estações, os sindicalistas até acenaram com a possibilidade de encerrar a greve, caso o governo desistisse das demissões. À tarde, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, adiantou que não haveria acordo.
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, chegou a afirmar que a tendência era de que a greve continuasse para defender os demitidos. “Todas as centrais sindicais do País estão solidárias com a luta. A intenção do governo é intimidar, demitindo só 42 trabalhadores, e não todos os funcionários que não foram trabalhar de manhã e de tarde. Se (o governador) Alckmin seguisse sua lógica, deveria demitir toda a categoria.”
O representante do Ministério do Trabalho, Luiz Antônio de Medeiros, que faz a mediação das negociações, afirmou que o presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, estava até disposto a readmitir 40 dos 42. Mas a iniciativa foi barrada pelo Palácio dos Bandeirantes, durante reunião na sede da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), no centro. Em nota, o Metrô destacou que a greve foi declarada abusiva pela Justiça no domingo - o que justificaria as demissões - e não haveria negociação.
Dessa reunião na DRT participaram representantes de várias centrais sindicais, em apoio à paralisação dos metroviários. Entre elas: a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Conlutas, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB). “Não há acordo e não haverá readmissão em hipótese nenhuma”, rebateu Fernandes, na saída da DRT. Outros grupos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e o Movimento Passe Livre (MPL), fizeram uma passeata pelo centro, em favor dos metroviários.
Piquete. Havia ainda a possibilidade de o número de demitidos aumentar. Outros 13 metroviários foram detidos para averiguação pela polícia na Estação Ana Rosa e tiveram de assinar termos circunstanciados (crime de menor potencial ofensivo) por “paralisação de trabalho de interesse público”. Eles eram parte dos grevistas que organizaram o maior piquete dos cinco dias de paralisação, na Estação Ana Rosa do Metrô.
Acabaram surpreendidos pela Polícia Militar, que veio da Estação Paraíso, pela Linha 1-Azul, em um trem vazio, e ficou em posição de confronto na plataforma. Enquanto os 13 prestavam depoimento à polícia, os representantes do Metrô passavam os nomes dos detidos por telefone para o departamento de Recursos Humanos da companhia. A estratégia, de acordo com um dos representantes da empresa, é de que os sindicalistas sejam demitidos por justa causa.
O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, porém, afirmou que o caso ainda será analisado. “Não sei se vamos processar, porque parece que eles não fizeram nenhuma violência”, disse.
Questionado sobre a possibilidade de a greve continuar, se o governo não ceder, Fernandes disse, pela manhã, não saber “o que vai acontecer amanhã”. “Isso é não é da nossa alçada. Eles (os sindicalistas) vão discutir e vão mostrar para vocês.”
Copa. Já sobre o risco de a paralisação se estender até quinta-feira, dia da abertura da Copa na Arena Corinthians, como definiu a assembleia, o secretário de Alckmin minimizou. “Não, não. A greve está acabando. Estamos com 77% das estações abertas.”
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