Imagine ir ao consultório odontológico e descobrir que seus ossos não vão bem. Ainda que a situação não seja comum, o dentista pode ser o primeiro a levantar a suspeita de osteoporose em seu paciente o que acontece a partir de exames de raio-x, como as radiografias panorâmicas. A doença afeta todos os ossos do corpo, e a boca não está livre dos sintomas.
A osteoporose, que é a redução da resistência óssea e consequente aumento do risco de fraturas, pode afetar ossos da maxila (parte superior da boca) e da mandíbula (inferior). De acordo com Sérgio Spezzia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em saúde da mulher no climatério pela USP, a doença influencia na conduta do dentista em certos procedimentos odontológicos, como os implantes dentários. Nesse caso, a fixação do material pode ficar comprometida. Além disso, a osteoporose não tratada pode causar alterações nos tecidos de sustentação dos dentes, que podem até cair.
“É vantajoso que se execute o diagnóstico da doença precocemente, para evitar danos ou sequelas em longo prazo, e o cirurgião dentista pode ajudar nesses termos”, observa Spezzia. Ainda assim, o professor ressalta que o paciente deve confirmar o diagnóstico em consulta ao médico, geralmente a partir do exame de densitometria óssea.
Para quem já sabe que convive com a osteoporose, é importante relatar o fato ao dentista. O tratamento médico por drogas chamadas bifosfonatos associado a procedimentos como extrações e implantes dentários, enxertos ósseos e outras cirurgias, aumenta o risco de osteonecrose - perda de irrigação sanguínea ao osso, causando a morte do tecido.
Grupo de risco é formado, principalmente, por mulheres acima de 40 anos: Mulheres na fase do climatério – idade de transição do período fértil para o não fértil, em torno de 40 anos – são as pessoas mais propensas a apresentar osteoporose. Isso acontece por causa da redução hormonal, principalmente do estrogênio, que é responsável pela regulação da absorção do cálcio. Para esse grupo, Spezzia recomenda ainda mais cuidado com a saúde bucal, antes e depois dos 40 anos.
“O importante é que deve haver conscientização da população feminina nas fases mais precoces de suas vidas”, afirma. Alterações decorrentes da osteoporose se tornam ainda mais graves caso o paciente já apresente problemas bucais, causando uma “somatória desfavorável”, defende o professor.
A prevenção odontológica é feita através de escovação adequada e uso do fio dental e de antissépticos bucais corretamente. Além disso, é recomendado acompanhamento de um dentista, para remoção de placa bacteriana e, eventualmente, tártaro da superfície dos dentes.
Já a osteoporose pode ser evitada com exercícios físicos regulares, exposição à luz solar por 15 minutos por dia e ingestão mínima de cálcio (1200 mg por dia) e vitaminas, sobretudo a D. O cálcio pode ser encontrado no leite, em iogurtes e na sardinha, por exemplo. A vitamina D, além dos laticínios, também está em verduras.
Números: Cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão fratura devido à osteoporose ao longo da vida, conforme o Ministério da Saúde (MS). Além disso, a população brasileira propensa a desenvolver osteoporose aumentou de 7,5 milhões em 1980 para 15 milhões em 2000. Segundo dados do MS, foram internados 90 mil idosos por fraturas em 2013.