O Grupo Silvio Santos pode vender o controle do Banco Panamericano para honrar arte do empréstimo de R$ 2,5 bilhões concedido à holding do apresentador pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A instituição ainda não foi colocada à venda oficialmente, segundo fontes próximas à companhia. Mas essa pode ser a primeira - e a mais rápida - solução para começar a arrecadar o dinheiro.
Silvio Santos deu como garantia do empréstimo todas as 44 empresas da holding. O banco, na visão do grupo, é um bom negócio. Seu problema era contábil. Com a capitalização anunciada ontem, voltaria a atrair compradores. Silvio Santos estaria disposto a se desfazer do Panamericano, segundo o Estado apurou. Desde que o Banco Central apurou a fraude contábil, há cinco semanas, o empresário tem adotado uma postura bastante pragmática. Todas as opções de venda de patrimônio serão analisadas.
Quando uma participação minoritária foi vendida para a Caixa, há um ano, o Panamericano foi avaliado em cerca de R$ 2 bilhões. A venda do banco provocaria um forte impacto em todo o grupo, pois é, de longe, o negócio mais importante e rentável.
No início de 2008, um executivo de um banco americano procurou Silvio Santos para fazer uma oferta pelo Panamericano. Foi recebido na casa do apresentador. Silvio não quis vender e teria dito algo como: 'Trabalho todos os dias na televisão. Chego de manhã e saio tarde da noite. No fim do ano, a TV me rende, no máximo, R$ 40 milhões. Quanto ao banco, nunca fui lá. Mas todo ano me dá até R$ 120 milhões. Não quero vender. E posso correr risco de até uns R$ 2 bilhões no banco'. Na mesma conversa, o banqueiro perguntou por que não vendia um pedaço do SBT para a Televisa. Silvio disse que havia tentado, mas não havia encontrado interessados.
No ano passado, o grupo teve uma receita de R$ 4,7 bilhões e um prejuízo de R$ 8 milhões. O SBT é a divisão mais conhecida, mas não é mais importante. Em 2009, seu faturamento foi de R$ 734,7 milhões e o lucro, de R$ 44 milhões. Neste ano, a previsão do mercado é que ela feche no vermelho.
O grupo tem ainda outros vários negócios, como a empresa de cosméticos Jequiti, a Sisan, de empreendimentos imobiliários e a rede de varejo Lojas do Baú Crediário - em 2009, após 50 anos de operação, o Carnê do Baú foi encerrado e os serviços migraram para o varejo.
Problema familiar. A pessoas próximas, Silvio Santos tem dito que está angustiado e que quer resolver a questão da dívida rapidamente. O apresentador disse a essas fontes que estuda soluções como venda de participação no SBT.
A liquidação do banco foi cogitada no mercado. Mas Silvio Santos preferiu garantir o empréstimo na pessoa física a ver sua imagem manchada pelo episódio. Aos 79 anos e uma das figuras mais populares do País, Silvio Santos não ficou confortável em ter de ir para Brasília passar o pires. Além do rombo, teve de lidar também com um problema familiar. O Panamericano era comandado por um primo da sua mulher, Rafael Palladino, que está no banco desde a sua criação e tem sido apontado como um dos responsáveis pela fraude.
Formado em Educação Física, Palladino já trabalhou como personal trainer, foi professor na Universidade de São Paulo (USP) por 12 anos, gerenciou academias de ginástica e montou uma rede de postos de gasolina. Segundo entrevista dada ao portal da Catho há seis anos, ele foi convidado em 1990 por Silvio Santos para fazer uma assessoria na área imobiliária e acabou contratado como prestador de serviços de uma de suas empresas. Um ano depois, passou a atuar na área financeira do grupo, sendo responsável pelo Banco Financeiro, que passou a se chamar Panamericano.
Procurado pelo Estado, Palladino disse que está 'tranquilo' e que 'vai ter gente para apurar o que houve' (leia entrevista ao lado). Colocar familiares e parentes nas empresas do grupo era mais uma das idiossincrasias do empresário. Isso sempre contribuiu para a construção da figura mítica de Silvio Santos. Mas o que era só uma peculiaridade do apresentador agora pode ter efeitos desastrosos.
ENTREVISTA
'Integridade é o meu máximo'
Rafael Palladino,
EX-PRESIDENTE DO BANCO PANAMERICANO
Primo da mulher de Silvio Santos, Rafael Palladino foi demitido após a descoberta do rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano. Ontem, ele conversou com o Estado por telefone:
O sr é apontado como um dos responsáveis pela fraude. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Eu tenho 20 anos de banco, integridade moral sempre foi o meu máximo. Eu estou super tranquilo. Ontem (terça-feira), quando começaram a sair notas na internet sobre o assunto, minha filha veio me perguntar: papai, que fraude você fez?
E o que o sr. respondeu?
Você não me conhece. Infelizmente não... Mas ela me conhece.
O que houve, então, no banco?
Não posso falar. Estou acabado. Vai ter gente para apurar.
O sr é primo de Íris Abravanel?
Família não tem nada a ver com negócios.
No mercado, dizem que o senhor não tinha a sofisticação que o mercado financeiro exige.
Se você acha que é isso, então escreve. Estou em período de silêncio, não poderia falar com você, mas anote o meu e-mail. Você vai me perguntar por que o e-mail é do Panamericano.Mas eu combinei de ficar com esse e-mail pelo menos dois meses. Senão eu perco contato com o mundo.
Silvio Santos deu como garantia do empréstimo todas as 44 empresas da holding. O banco, na visão do grupo, é um bom negócio. Seu problema era contábil. Com a capitalização anunciada ontem, voltaria a atrair compradores. Silvio Santos estaria disposto a se desfazer do Panamericano, segundo o Estado apurou. Desde que o Banco Central apurou a fraude contábil, há cinco semanas, o empresário tem adotado uma postura bastante pragmática. Todas as opções de venda de patrimônio serão analisadas.
Quando uma participação minoritária foi vendida para a Caixa, há um ano, o Panamericano foi avaliado em cerca de R$ 2 bilhões. A venda do banco provocaria um forte impacto em todo o grupo, pois é, de longe, o negócio mais importante e rentável.
No início de 2008, um executivo de um banco americano procurou Silvio Santos para fazer uma oferta pelo Panamericano. Foi recebido na casa do apresentador. Silvio não quis vender e teria dito algo como: 'Trabalho todos os dias na televisão. Chego de manhã e saio tarde da noite. No fim do ano, a TV me rende, no máximo, R$ 40 milhões. Quanto ao banco, nunca fui lá. Mas todo ano me dá até R$ 120 milhões. Não quero vender. E posso correr risco de até uns R$ 2 bilhões no banco'. Na mesma conversa, o banqueiro perguntou por que não vendia um pedaço do SBT para a Televisa. Silvio disse que havia tentado, mas não havia encontrado interessados.
No ano passado, o grupo teve uma receita de R$ 4,7 bilhões e um prejuízo de R$ 8 milhões. O SBT é a divisão mais conhecida, mas não é mais importante. Em 2009, seu faturamento foi de R$ 734,7 milhões e o lucro, de R$ 44 milhões. Neste ano, a previsão do mercado é que ela feche no vermelho.
O grupo tem ainda outros vários negócios, como a empresa de cosméticos Jequiti, a Sisan, de empreendimentos imobiliários e a rede de varejo Lojas do Baú Crediário - em 2009, após 50 anos de operação, o Carnê do Baú foi encerrado e os serviços migraram para o varejo.
Problema familiar. A pessoas próximas, Silvio Santos tem dito que está angustiado e que quer resolver a questão da dívida rapidamente. O apresentador disse a essas fontes que estuda soluções como venda de participação no SBT.
A liquidação do banco foi cogitada no mercado. Mas Silvio Santos preferiu garantir o empréstimo na pessoa física a ver sua imagem manchada pelo episódio. Aos 79 anos e uma das figuras mais populares do País, Silvio Santos não ficou confortável em ter de ir para Brasília passar o pires. Além do rombo, teve de lidar também com um problema familiar. O Panamericano era comandado por um primo da sua mulher, Rafael Palladino, que está no banco desde a sua criação e tem sido apontado como um dos responsáveis pela fraude.
Formado em Educação Física, Palladino já trabalhou como personal trainer, foi professor na Universidade de São Paulo (USP) por 12 anos, gerenciou academias de ginástica e montou uma rede de postos de gasolina. Segundo entrevista dada ao portal da Catho há seis anos, ele foi convidado em 1990 por Silvio Santos para fazer uma assessoria na área imobiliária e acabou contratado como prestador de serviços de uma de suas empresas. Um ano depois, passou a atuar na área financeira do grupo, sendo responsável pelo Banco Financeiro, que passou a se chamar Panamericano.
Procurado pelo Estado, Palladino disse que está 'tranquilo' e que 'vai ter gente para apurar o que houve' (leia entrevista ao lado). Colocar familiares e parentes nas empresas do grupo era mais uma das idiossincrasias do empresário. Isso sempre contribuiu para a construção da figura mítica de Silvio Santos. Mas o que era só uma peculiaridade do apresentador agora pode ter efeitos desastrosos.
ENTREVISTA
'Integridade é o meu máximo'
Rafael Palladino,
EX-PRESIDENTE DO BANCO PANAMERICANO
Primo da mulher de Silvio Santos, Rafael Palladino foi demitido após a descoberta do rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano. Ontem, ele conversou com o Estado por telefone:
O sr é apontado como um dos responsáveis pela fraude. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Eu tenho 20 anos de banco, integridade moral sempre foi o meu máximo. Eu estou super tranquilo. Ontem (terça-feira), quando começaram a sair notas na internet sobre o assunto, minha filha veio me perguntar: papai, que fraude você fez?
E o que o sr. respondeu?
Você não me conhece. Infelizmente não... Mas ela me conhece.
O que houve, então, no banco?
Não posso falar. Estou acabado. Vai ter gente para apurar.
O sr é primo de Íris Abravanel?
Família não tem nada a ver com negócios.
No mercado, dizem que o senhor não tinha a sofisticação que o mercado financeiro exige.
Se você acha que é isso, então escreve. Estou em período de silêncio, não poderia falar com você, mas anote o meu e-mail. Você vai me perguntar por que o e-mail é do Panamericano.Mas eu combinei de ficar com esse e-mail pelo menos dois meses. Senão eu perco contato com o mundo.