O site em que estão sendo coletadas assinaturas para a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito” foi alvo de 1.538 tentativas de ataques hacker de terça-feira (26), quando foi aberto aos internautas, até quarta-feira (27). A informação foi publicada no jornal Folha de S.Paulo pela colunista Mônica Bergamo.
“Estão divulgando o nosso site na deep web para incentivar hackers a derrubá-lo, mas não conseguiram”, disse à Folha de S.Paulo o procurador-geral do Ministério Público de Contas de São Paulo, Thiago Pinheiro Lima, um dos organizadores da carta. “Não conseguiram e não vão conseguir”, afirmou.
O grupo que tenta tirar o site do ar também faz xingamentos e utiliza nomes falsos para assinar lista de signatários como uma forma de tumultuar o movimento. Para evitar isso, a organização responsável pelo manifesto faz uma análise informatizada para checar a autenticidade das assinaturas e evitar fraudes, analisando os CPFs e os IPs dos signatários.
Embora não cite diretamente o presidente Jair Bolsonaro, a carta se opõe aos ataques que ele tem feito contra as eleições brasileiras. “Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, diz um trecho do texto.
Os signatários do documento se posicionam em defesa das urnas eletrônicas, da Justiça Eleitoral, da democracia, da Constituição Federal e da independência entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Eles também homenageiam a “Carta aos Brasileiros”, lida na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) em 1977 em um manifesto contra a ditadura militar. Professores e ex-alunos da instituição de ensino, bem como entidades da sociedade civil, se mobilizam para coletar assinaturas.
O documento já ultrapassou 100 mil assinaturas em menos de um dia. Entre os signatários estão os ex-ministros do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa e Nelson Jobim, os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, os professores José Afonso da Silva e Miguel Reale Júnior, membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos tribunais de contas e docentes da USP.
A carta será lida em 11 de agosto no Pátio das Arcadas, na Faculdade de Direito da USP.
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