A falta de capital costuma ser uma barreira para muitos empreendedores. Mas não impediu que Jan de Oliveira começasse do zero duas vezes. A primeira foi para comprar uma loja de cosméticos, na cidade de Rio Verde (GO). A segunda --e bem-sucedida-- foi na criação da marca Luxor, que licencia perfumes e cosméticos de famosas.
As essências que perfumam as fãs da cantora de funk Anitta e os esmaltes que colorem as unhas das admiradoras das atrizes Deborah Secco e Cláudia Raia ajudaram a empresa a faturar R$ 3,5 milhões em 2014.
Empreendedora diz que já dormiu no banheiro da rodoviária do Tietê
A empreendedora começou como vendedora em lojas de produtos de beleza. Até que, em 2006, a proprietária de uma delas quis se desfazer do negócio e ofereceu para Jan Oliveira. "Eu não tinha dinheiro nenhum, mas sugeri comprar a loja e pagar em prestações", diz. Na época, ela contraiu uma dívida de R$ 40 mil, que acabou quitada em apenas dois meses.
Três anos depois, a empresária deixou a loja sob os cuidados de um irmão e se mudou para São Paulo, para tentar expandir o negócio. Após um mês morando em quarto de pensão, as negociações na capital paulista não deram certo e ela decidiu voltar para Goiás. Sem dinheiro, diz que acabou dormindo uma noite no banheiro do terminal rodoviário Tietê.
Mas, no dia seguinte, antes de embarcar, um cliente entrou em contato para realizar um pedido. Intuitiva, a empresária vendeu a passagem e foi até ele. "Consegui fechar o negócio e receber a comissão no mesmo dia. Foi a venda da minha vida", afirma. Com novo fôlego, conseguiu se fixar em São Paulo e em três meses já tinha 12 clientes cadastrados.
As coisas em Goiás, no entanto, não iam bem. Sem seu aval, o irmão vendeu a loja em Rio Verde e acumulou dívidas. Em 2011, ela teve que começar do zero novamente. "Muitas empresas de cosméticos e perfumaria estavam fechando as portas com a popularização das lojas online. Decidi criar minha marca própria. Assim nasceu a Luxor", declara.
Associação a famosas fez vendas crescerem 300%
Desde o início, o foco da empresa é comprar essências de perfumes consagrados e produzir linhas próprias para vendas no sistema porta a porta. Com mais dois sócios, Renato Costa e Nilson Oliveira, o negócio começou com investimento de R$ 5.000, usados na compra de embalagens e de essências de marcas como Azarro e Gucci, que compõem fórmula.
A guinada veio no começo de 2014, quando passou a trabalhar com licenciamentos de celebridades. "Fiquei sabendo que a cantora Anitta queria lançar uma linha com o seu nome e a procurei", declara Oliveira. A aposta deu tão certo que as vendas cresceram 300% em relação a 2013 e abriu portas para ampliar o rol de famosos. "Aliar o nome de celebridades ao produto tem um forte apelo de vendas", diz.
As revendedoras da Luxor compram kits por R$199 e têm em torno de 100% de lucro. O carro-chefe da marca são os perfumes de 50 ml, vendidos a R$ 69. Os esmaltes (R$ 8,90) e o hidratante (R$ 42) também estão entre os itens mais procurados.
Investimento necessário é alto, e falta de caixa pode comprometer negócio
Casos como o de Oliveira são exceção no setor de perfumaria e cosméticos. O investimento nesse tipo de negócio costuma ser alto, principalmente devido ao grande mix de produtos, alerta Rose Gonçalves, consultora da Assessoria em Beleza.
Além disso, é preciso ter um caixa para segurar os primeiros seis meses, tempo necessário para a empresa começar a dar lucro. "Eu recomendo começar vendendo marcas famosas, que chamam o cliente para a loja e já investem em propaganda", afirma.
Como são muitos os nichos nesse mercado, o primeiro passo é focar em um deles e fazer o plano de negócio. Depois, deve-se escolher a região onde a loja será aberta. "É preciso fazer uma boa pesquisa. Se tiver empresas grandes, é difícil competir", afirma Rose.
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