Agir sob pressão e trabalhar com prazos e orçamentos curtos foram as principais lições que o empresário Hugo Rosin, 35, absorveu durante sua participação no reality show "O Aprendiz 5 – O Sócio", comandado por Roberto Justus, em 2008, na TV Record. Hoje, a empresa do ex-participante, a DVI Radiologia, é uma franquia que faturou R$ 8 milhões em 2014 (lucro não informado) com raio-X odontológico.
Rosin chegou às semifinais do programa. Ele foi demitido por Justus depois de afirmar que não abandonaria o negócio próprio para ser sócio do apresentador. Na época, faturava R$ 1 milhão por ano. "Quando me inscrevi para o programa, pensei que seria possível conciliar as duas atividades. Porém, minha empresa estava em um momento de crescimento e não podia abandonar o negócio", diz.
Enquanto participou das gravações, o empresário ficou cem dias sem contato com os sócios ou com a família. Segundo ele, a empresa não teve prejuízo financeiro durante sua ausência, mas os demais sócios sofreram acúmulo de tarefas.
No entanto, Rosin diz que o reality foi uma grande escola. As tarefas complexas nas quais precisava criar soluções em pouco tempo e com baixo orçamento renderam boas lições. "Na empresa, nem sempre tenho o prazo e o dinheiro que gostaria. Nesse ponto, aprendi muito", declara.
Empresário teve dia de treinamento militar
O momento que mais marcou o empresário no programa, segundo ele mesmo, foi um teste de resistência em um quartel militar. No episódio, os participantes passaram por provas físicas, psicológicas e de raciocínio lógico em um período de 24h sem dormir. "Desenvolvi muita persistência, o que me ajuda nos negócios quando preciso rever os investimentos ou refazer o planejamento", diz.
Quando Rosin entrou no reality, a DVI tinha três unidades e funcionava em um modelo de franquia informal. Hoje, a empresa tem 13 clínicas no interior paulista e segue a legislação do franchising. "Após o programa, amadureci muito e, consequentemente, meu negócio também", afirma. "Ao me inscrever, buscava justamente aprimorar o lado gerencial."
De acordo com a empresa, o custo de abertura de uma unidade franqueada é a partir de R$ 400 mil (inclusos taxa de franquia, instalação e capital de giro). O faturamento médio mensal é de R$ 55 mil, com lucro líquido de 20% (R$ 11 mil) e retorno do investimento de 36 a 48 meses.
Capital investido foi recuperado em três anos e meio
Formado em odontologia, o empresário abriu a primeira clínica em 2006, em Ribeirão Preto (313 km ao norte de São Paulo), junto com mais quatro sócios. Na época, o investimento inicial foi de R$ 600 mil, capital recuperado em três anos e meio, segundo Rosin.
Especializado em diagnósticos por imagem em 3D para o setor de odontologia, serviço até então pouco conhecido, o empreendedor teve de fazer apresentações e palestras para mostrar aos dentistas suas vantagens. Só em 2014, a rede realizou 86 mil atendimentos. A expectativa é chegar aos 100 mil este ano, segundo a empresa.
Ausência do dono pode prejudicar negócio
A ausência temporária do fundador, especialmente nas pequenas empresas, pode trazer sérios problemas para o negócio, como a perda do controle financeiro e de clientes, segundo Tania Casado, professora da FIA (Fundação Instituto de Administração). Para ela, o empreendedor deve ter, pelo menos, um substituto com capacidade para assumir o comando do negócio na sua ausência.
"Sem um substituto, o empreendedor vira refém do próprio negócio, não vai conseguir se afastar da rotina para fazer cursos ou tirar férias", afirma. De acordo com a professora, é papel do empresário identificar e treinar profissionais que possam assumir a responsabilidade do dono da empresa eventualmente.
"Esse treinamento tem de ser constante. Não dá para escolher de um dia para o outro quem vai substituir o dono da empresa", diz. "O empresário tem de analisar o perfil e os resultados de cada funcionário para identificar quem tem potencial para assumir novas responsabilidades."
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