Ao todo o Brasil tem 12 milhões de pessoas morando nas favelas de todo o país. E, segundo um estudo realizado em 2013 - divulgado em agosto de 2014 - pelo Instituto Data Favela, mais de 6 milhões destes habitantes são mulheres. Dentre elas, 42% chefiam os lares das comunidades, sendo que 24% são mães solteiras. “A maioria delas trabalha como funcionárias de salões de beleza, operadoras de telemarketing e vendedoras de loja”, revela Renato Meirelles, presidente do Data Popular. Ele, junto com Celso Athayde - ativista social e cultural e criador da CUFA (Central Única das Favelas) -, fundou o centro de pesquisas da favela.
E se fizermos um recorte analisando somente as mulheres, Renato afirma que a inserção delas [moradoras de comunidades] no mercado de trabalho e em diferentes funções, tem a ver com a emancipação feminina. “A escolaridade média aumentou, elas passaram a ter um número menor de filhos e a não aguentarem mais os maridos querendo mandar na vida delas”, comenta. “Estas mulheres se deram conta de que ter o próprio dinheiro é uma forma de não ficarem dependentes. Isso, portanto, reflete no número de quantas delas se tornaram chefes de família na favela. É uma média maior do que no restante do Brasil (36%, segundo o IBGE).
Os dados divulgados fazem parte do mais recente levantamento do instituto, “Radiografia das Favelas Brasileiras”, no qual foram ouvidos dois mil entrevistados em 63 favelas de todas as regiões do Brasil. O estudo deu origem ao livro, “Um país chamado favela”, assinado pelos parceiros Renato e Celso, e que será lançado no dia 7 de agosto, em São Paulo.
“A obra tenta mostrar que existe muita coisa além da violência e do tráfico de drogas nas favelas. Essas comunidades são majoritariamente formadas por pessoas que trabalham, correm atrás de seus sonhos e fazem a economia movimentar. São brasileiros de autoestima crescente, orgulhosos de morar onde nasceram. E é o tipo de atitude que contribui para diminuir o preconceito, em primeiro lugar, do asfalto com a favela”, avalia o estudioso do Data Popular.
“Toda essa mudança reflete também na abertura de oportunidades de trabalho e das empresas enxergarem a possibilidade de desenvolver estratégias de negócios para esse público. Além disso, mostra que é possível crescer junto com a economia da favela, não apenas colocando esses locais como mercado consumidor, mas como gerador de riqueza”, destaca Renato.
No entanto, Celso Athayde complementa que esses territórios ainda são vistos como espaço de carência, não de cultura, realizações e felicidade. E a pesquisa do Data Favela é uma maneira de expor - para fora dali - a realidade dita pelas próprias vozes da comunidade. “No Brasil, a política pública é feita sem ouvir o favelado, mas baseada em números e informações infundadas, não verídicas, muitas vezes imaginadas e tomadas como verdade absoluta. Daí tudo cai por terra. E esse levantamento será a chance da favela pautar suas perspectivas e a política pública ser criada baseada em fatos e não em romantismo”, defende.
O livro será lançado em mais de 50 espaços dentre todas comunidades participantes da pesquisa, e também fora delas. Que saber mais, então, quem são as mulheres que vivem na favela e conhecer um pouco mais do perfil delas?
CLIQUE NAS IMAGENS ACIMA e veja mais dados da pesquisa "Radiografia das Favelas Brasileiras"
SERVIÇO:
Lançamento do livro "Um país chamado favela", de Renato Meirelles e Celso Athayde
Data: 07 de agosto de 2014, às 18h30.
Endereço: Livraria da Vila - Shopping JK - avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, Itaim Bibi, São Paulo (SP).
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