O anúncio, nessa terça-feira, 17, de que militares teriam vetado a presença da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) no grupo formado para visitar as antigas instalações do DOI-Codi no Rio de Janeiro despertou reações entre os demais integrantes e a visita, marcada para sexta-feira, está praticamente inviabilizada.
Um dos convidados para a ir conhecer o local, o senador João Capiberibe (PSB-AP) - que preside a Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça do Senado -, já comunicou que vai recusar o convite do Exército. Como ele, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), também deve desistir. O local, no bairro da Tijuca, foi usado pela ditadura para prender e torturar adversários do regime. Ali funciona hoje o 1.º Batalhão da Polícia do Exército, mas há planos de tombá-lo e transformá-lo em centro de memória.
O senador Capiberibe considerou descabidas as restrições impostas por militares. Eles pretenderiam limitar a visita a nomes combinados antes, e Luiza Erundina não estava na lista original. Ela é presidente da Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça da Câmara dos Deputados e tem na Casa um projeto para rever a Lei da Anistia.
Hoje, os senadores pretendem votar um requerimento de autoria de Randolfe que aprova visita de um grupo ao DOI-Codi. Nesse caso, a composição do grupo não estaria subordinada às restrições impostas pelo Exército.
"Vetar a presença de parlamentares ou de quem quer que seja por motivos político-ideológicos mostra uma nostalgia dos tempos ditatoriais", reclamou Wadih Damous, presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro.
A reportagem procurou o Ministério da Defesa ontem à noite, mas a pasta não se pronunciou sobre o caso.
A visita à unidade militar já havia gerado tensão em agosto, quando integrantes da Comissão Estadual da Verdade do Rio foram barrados na poporta do antigo DOI-Codi.
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