Pela primeira vez depois de mais de um ano morando na Europa, estou participando da FOSDEM, Free/Open Source Developers' European Meeting. O evento acontece em na Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, e é completamente organizado por voluntários, pela comunidade e para a comunidade. Estimo que entre 1500 e 2000 pessoas estejam por
aqui. Como não é necessária inscrição para poder participar do evento, nem os organizadores sabem ao certo quantas pessoas participam.
aqui. Como não é necessária inscrição para poder participar do evento, nem os organizadores sabem ao certo quantas pessoas participam.
A primeira palestra que assisti foi "Liberando Java", por Simon Phipps, da Sun. Neste momento que escrevo, ele está chamando algumas pessoas da comunidade para falar sobre suas experiências com a comunidade. Aprendi nesta palestra que 26% do código disponível no repositório do Debian é contribuição da Sun, e Simon completa: "Isto é 3x mais do que a IBM contribuiu, e 5x mais do que a RedHat. Porque vocês nos odeiam?"
Sun também anunciou aqui que se tornou "Corporate Patron" da Free Software Foundation, e que a licença que o Java usará será GPL. Acho que eles estão esperando a GPLv3, e segundo o Simon, também alguns contratos com outras empresas que não permite que o Java seja libertado antes da metade do ano. Vamos esperar.
Também teve um vídeo do Stallman dizendo que as empresas deveriam aprender com o que a Sun tá fazendo, e seguir o mesmo caminho que a Sun está trilhando agora. Enfim, um keynote bem interessante e bem marketeiro.
Mark Wielaard foi apresentado como um herói do Java Livre, e falou um pouco sobre este processo de desenvolvimento do Java Livre. Mark já esteve no FISL há 2 anos atrás, juntamente com Dalibor Topic, participando do Javali.
Simon hoje não falou sobre Open Source, como ele fez há 2 anos atrás quando nos conhecemos em Brasília. Hoje ele falava de Software Livre e de colaboração com a
nossa comunidade.
nossa comunidade.
Depois desta palestra, assisti Shane Coughlan, falando da Freedom Task Force, que é um projeto da FSFE para prestar suporte para a comunidade, indivíduos e empresas sobre licenciamento de Software Livre. Foi uma sessão rápida, com muitos questionamentos sobre o que é o FLA, que é um documento legal publicado pela FSFE para ajudar os projetos de Software Livre a lidar com transferência de copyright.
Interessante palestra, com direito à depoimentos de Kern Sibbald, criador e atualmente líder do projeto Bácula, contando sua experiência sobre o trabalho que a FTF têm feito para ajudar o Bacula a não precisar se preocupar com tranferência de copyright e "enforcement" da licença em caso de violação.
Minha terceira e última palestra do dia foi sobre OpenMoko. Para quem nunca ouviu falar, OpenMoko é um projeto de desenvolvimento de um telefone celular que roda Software Livre. Nada do velho modelo de "nosso sistema é baseado em GNU/Linux, mas você tem que usar ele como a gente quer". O OpenMoko pretende dar aos nerds a possibilidade de desenvolver aplicativos para seus próprios telefones, criar novas formas de computação, e não manter a mesma visão dos anos 60 sobre o que um telefone celular deveria ser.
OpenMoko quer mudar a forma que se ve computação móvel. Sistemas fechados levam a evolucao controlada e "predictable". O sistema operacional para telefones celulares é completamente GPL e LGPL. A interface grafica é GTK. Ele ainda vem de fábrica com interface MiniSD e cartão de 512Mb de memória. A tela é touch-screen, e vem com aquelas canetinhas como PDA, mas também têm a possibilidade de usar o dedo. Eu vi o telefone bootando, com o kernel Linux aparecendo o pinguim do boot em framebuffer e tudo. Lindo lindo lindo!
O telefone estará a venda por 350 dolares, o hacker's kit custará 200 USD e o kit para carros 75 USD. A pilha GSM é fechada, proprietária e patenteada, se não me engano por Texas Instruments, que é o chip que eles estão usando neste telefone. O uso de um desses chips de mercado, completamente proprietário é infelizmente necessário para que as operadoras de telefone celular homologuem a utilização deste aparelho em suas redes. O acesso livre é as regras que controlam os sub-sistemas do telefone. Liberdade para experimentar.
Na primeira fase, programada para começo de março, o telefone estará a venda para desenvolvedores de Software Livre, e mais tarde, em setembro, para o mercado em geral. Estou contando os dias!
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