Após noite de confronto, policiamento foi reforçado no Complexo do Alemão nesta quarta-feira (7)
O policiamento está reforçado nesta quarta-feira (7) no Complexo do Alemão e seu entorno após o confronto entre traficantes e militares da Força de Pacificação na noite de terça-feira (6). Dez meses após a ocupação da comunidade, um intenso tiroteio, inclusive com balas traçantes, assustou moradores da região e deixou morta uma jovem de 15 anos.
De acordo com a Polícia Militar, 50 homens dos batalhões da Maré e de Olaria ocupam por tempo indeterminado os morros da Baiana e do Adeus. Um blindado foi estacionado ao lado da estação Itararé do Teleférico do Complexo do Alemão. Essas determinações foram dadas pelo comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte.
Os morros da Baiana e do Adeus ficam em frente ao Complexo do Alemão e não estão ocupados pela Força de Pacificação do Exército. Como eles ficam em uma posição geográfica que facilita a visão de cima para baixo, traficantes lá localizados efetuaram disparos contra os militares e PMs.
Dois artefatos de fabricação caseira também foram arremessados contra viaturas do Exército, deixando uma pessoa ferida. Por motivos de segurança, a Estrada do Itararé, principal acesso ao Complexo do Alemão, chegou a ser interditada ao tráfego durante o conflito.
Segundo a Força de Pacificação do Exército, dentro do Complexo do Alemão o policiamento está reforçado com o apoio de 100 fuzileiros navais. Doze blindados contribuem para o patrulhamento do local. Seis deles participariam do desfile de 7 de setembro no centro do Rio, mas permaneceram na comunidade para aumentar a segurança.
Clima tenso
A Secretaria de Estado de Segurança informou que os disparos feitos na terça-feira (6) teriam sido uma represália ao fechamento de uma revenda clandestina de botijões de gás pertencente ao irmão do traficante Marcinho VP.
Os criminosos também estariam inconformados com a informação de que o Exército vai permanecer no Complexo do Alemão até junho de 2012. Inicialmente, os militares ficariam somente até outubro deste ano.
O conflito na noite de terça-feira foi o terceiro tumulto registrado no Complexo do Alemão, desde o último domingo (4). Nesse dia, uma confusão entre a tropa e moradores terminou com três pessoas detidas e pelo menos outras três feridas.
No dia seguinte (5), moradores fizeram um protesto. Madeiras em chamas foram colocadas na Avenida Itaóca, impedindo o tráfego de veículos por cerca de 40 minutos. Horas depois, cerca de 30 mototaxistas realizaram outro manifesto na região. Eles reclamavam do rigor na cobrança de documentação e realizaram manobras na pista.
Avaliação
Na terça-feira (6), o comandante das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Robson Rodrigues, afirmou que o programa de pacificação da Polícia Militar do Rio vai passar por uma avaliação geral. Segundo ele, o procedimento já estava previsto antes da ocorrência no Complexo do Alemão.
O governador Sérgio Cabral elogiou o trabalho da Força de Pacificação do Exército, mas reconheceu que há problemas e "resquícios" de um tempo em que o aparato policial era feito com violência. "É um processo de educação recíproca entre forças de segurança e comunidade. Estamos dispostos a aprender e os moradores também. Há tanto na comunidade quanto nas forças resquício de aparato violento e da cultura do poder paralelo. São 30, 40 anos em que a polícia só entrava para atirar e ia embora, e a comunidade vivia refém do bandido, seja miliciano ou traficante", disse Cabral.
Balas traçantes assustaram moradores do Complexo do Alemão na noite de terça-feira (6)
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