Pesquisadora sai a campo para estudo inédito sobre a dengue
Formado pela Sucen, Instituto Adolfo Lutz, Instituto de Medicina Tropical da USP, Faculdade de Saúde Pública da USP e pelo departamento de Geoprocessamento da Unicamp, o consórcio, chamado “Gridengue”, elegeu duas cidades do Estado pra aplicar um estudo científico pioneiro, que tem por objetivo estudar e avaliar os indicadores entomológicos de doença. Ou seja, com base nesses resultados, será possível detectar qual o melhor indicador para se prevenir grandes epidemias e, com isso, traçar planos de ação mais eficazes para evita-las.
A pesquisa, denominada “Avaliação de Indicadores Entomológicos de Dengue em regiões de São Paulo”, envolve cerca de 22 pesquisadores distribuídos entre as duas cidades, São Sebastião e Sumaré, e diversos profissionais da Sesau de São Sebastião, sendo hoje o projeto de maior investimento da Sucen, com o custo total estimado de cerca de R$ 1,5 milhão.
Escolha
As duas cidades foram escolhidas por serem regiões onde a doença tem um histórico antigo e também por não haver períodos de interrupção na transmissão. Os trabalhos tiveram início janeiro deste ano e têm previsão para encerrar as pesquisas de campo em agosto de 2012, com a conclusão prevista para janeiro de 2013.
De acordo com a coordenadora de programas de dengue da secretaria, Lidiomar Conelian de Oliveira, “a participação de São Sebastião nesta pesquisa inédita tem uma importância excepcional, pois permitirá não somente conhecer as características da dengue especificamente na região, como também colocará a cidade na linha de frente das ações de combate que surgirão com base nestes estudos”, revelou.
Em solo sebastianense os cientistas selecionaram uma região abrangente entre o Topovaradouro, na região central, e Canto do Mar, na Costa Norte do município, para a implantação do material de pesquisa, que consiste em kits de armadilhas para capturar ovos, larvas, pupas e o mosquito adulto.
A pesquisadora científica da Sucen, Marylene de Brito Arduíno, explica que “o trabalho, além de muito importante e seguro, acaba também por colaborar com a captura do transmissor da doença”.
A região foi escolhida por conter a maior incidência de transmissão em função da maior densidade demográfica concentrada do município. O trabalho precisa contar com a colaboração espontânea dos moradores selecionados, através de sorteio de casas.
Marylene ressaltou ainda que “todo o processo só traz benefícios aos participantes, pois serão monitorados em relação à doença, o que pode ajudar na saúde da família bem como na disseminação de informações, ação que colabora para uma conscientização cada vez maior da população local em relação aos cuidados preventivos”.
A conscientização pessoal de cada indivíduo e suas ações preventivas no meio, segundo explicou a pesquisadora, são ainda as melhores armas contra o mosquito, pois mesmo com inúmeras ações de combate em vigência numa determinada localidade que não podem cessar, “apenas uma ação de negligência pode inutilizar todo o trabalho realizado”, frisou.
Dengue
A dengue é hoje uma das principais endemias brasileira, em razão do alto número de pessoas acometidas anualmente em praticamente todo território nacional.
O estado de São Paulo convive com essa doença ininterruptamente desde o início da década de 90. É causada por vírus do gênero Flavivirus, que possui quatro sorotipos, e transmitida por mosquitos do gênero Aedes, principalmente por Aedes Aegypti. Portanto cada indivíduo poderá ser acometido até quatro vezes pela doença.
A falta de uma vacina que possibilite a imunização da população exposta, aliada à grande adaptação dos mosquitos vetores ao ambiente urbano, dificultam o controle dessa endemia.
As concentrações urbanas oferecem ao mosquito da dengue tudo o que ele precisa para viver bem, como alimentação farta e lugares propícios a proliferação.
O controle é baseado, principalmente, no combate a focos do mosquito, “daí a importância de participação de toda a população, visto que a grande maioria dos focos são encontrados em residências e imóveis comerciais”.
As atividades de combate à dengue envolvem os três níveis de governo (Municipal, Estadual e Federal), cada qual com suas atribuições e atividades bem definidas.
A identificação de pessoas acometidas, além de possibilitar aos gestores acompanhar a distribuição e evolução da doença, permite intensificar as ações de controle em áreas onde ocorre a transmissão.
Um dado alarmante: para cada indivíduo que apresenta sintomas da doença, existem outros dez que não apresentam. Ou seja, há uma enorme parcela de pessoas que já contraiu a doença e sequer desconfia.
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