Em um artigo publicado na última segunda-feira (6), colunista do jornal norte-americano Washington Post fez duras críticas à gestão de Michel Temer e sinalizou que o presidente tem dado espaço para o surgimento de um candidato como Donal Trump nas eleições de 2018.
O jornal destaca o resultado das eleições municipais de 2016, que consolidaram uma "guinada à direita", com o PT perdendo cerca de 60% das prefeituras do país. A isso se associa "falta de credibilidade" de Temer e ascensão de figuras como o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).
Pode ser muito tarde para Temer recuperar sua credibilidade. Com menos de dois anos no seu mandato, o Brasil parece estar à espera de que o seu Trump apareça. Populistas de fora da política tradicional, como o novo prefeito de São Paulo, um magnata de negócios que estrelou a versão brasileira do Aprendiz, são freqüentemente mencionados entre os primeiros favoritos para 2018", escreveu o jornal.
O texto foi escrito pelo correspondente do jornal na América Latina, Nick Miroff, e pela correspondente brasileira da publicação, Marina Lopes.
Os jornalistas entrevistaram o analista político Lucas de Aragão, da consultoria Arko Advice, que enxerga clima de insatisfação ideológica no país. "É um sentimento anti-status-quo, como o Brexit e o Trump", definiu.
O artigo afirma que Temer chegou ao poder há cinco meses, após o "impeachment e a humilhação política da primeira líder política do País, Dilma Rousseff" e nomeou para o primeiro escalão, apenas homens, iniciando uma agenda conservadora.
O Washington Post comenta ainda a falta de popularidade do presidente brasileiro, em torno de 14% de aprovação, taxa próxima à de Dilma pouco antes do impeachment. O jornal destaca as diferenças entre Temer e Trump.
"Temer, com 76 anos, não é uma versão brasileira de Trump. Ele não tem um toque populista ou um estilo de showman. Ele é um político de carreira e membro do governo em um momento em que ambas as coisas são profundamente impopulares no Brasil", diz trecho do artigo.