Um dito “manifesto de intelectuais” — reúne as celebridades esquerdistas de sempre e gente de que nunca ninguém ouviu falar (são os “intelectuais” de si mesmos) — circula por aí com quase mil assinaturas enquanto redijo este post. Eu o reproduzirei abaixo. O texto foi lido no protesto de ontem, liderado por Guilherme Boulos, que teria, segundo os organizadores, reunido 15 mil pessoas. Se deram esse número, chute umas 3 mil. E olhem lá. O propósito dos valentes era cercar a casa do presidente Michel Temer, em São Paulo. Desistiram antes de chegar lá. A foto mais contundente do evento é a do ex-senador Eduardo Suplicy, candidato a vereador, dando um chupão na boca de uma militante. Bem feito para ambos! Ah, sim: ele disse que o ato foi “involuntário”. Petista não se responsabiliza nem por beijo na boca.
O texto segue abaixo. Como vocês verão, em nenhum momento, há a censura ou o repúdio aos atos dos black blocs. Como escrevi aqui tantas vezes, Boulos e sua turma sabem que esses bandidos são seus aliados. Como vão partir para a porrada, a Polícia Militar necessariamente entrará em ação. E era precisamente isso o que queria o chefe da milícia: colar a pecha de repressão violenta na ação policial — o que é escancaradamente falso até pelo número de feridos, que é irrisório. Imaginem se esses malucos conseguem um cadáver.
Até agora, o caso da estudante Débora Fabri segue sendo um mistério. Os militantes tentaram transformá-la em heroína. Mas houve, claramente, um recuo. Por quê? Ninguém sabe. Há a suspeita de que tenha sido vítima de fogo amigo, já que ela mesma é uma apologista da violência. Que se apure tudo, até o último detalhe. Leiam o texto dos vermelhos, que segue em vermelho. Volto depois.
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As liberdades democráticas básicas requerem o respeito a direitos fundamentais, seja por parte do Estado, seja por outros cidadãos. Dentre tais liberdades básicas incluem-se a de reunião e a de manifestação com fins políticos. O direito à expressão pública – e em espaços públicos – de interesses, ideias e valores não pode estar submetido ao arbítrio das autoridades policiais ou de seus chefes, ocupantes de cargos governamentais eletivos ou não.
Como já ocorreu outras vezes, a manifestação de domingo, dia 4 de setembro, iniciada na Avenida Paulista e concluída no Largo da Batata, foi pacífica do começo ao fim, tendo perdido esse caráter unicamente pela ação desproporcional e truculenta da Polícia Militar. Antes mesmo que a manifestação principiasse, jovens (dentre eles menores de idade) foram detidos e mantidos incomunicáveis por diversas horas, sem que lhes fosse autorizado o acesso a suas famílias ou a advogados.
Tais condutas das autoridades policiais retratam um padrão na atuação das forças de segurança paulistas, que se reproduz frequentemente no trato cotidiano com a população, nos índices de letalidade policial e na impunidade dos crimes cometidos por policiais, como as chacinas.
Não bastasse a violação cotidiana dos direitos civis de cidadãos comuns, o uso desregrado da força em manifestações políticas coloca em risco não apenas a segurança individual das pessoas, mas atinge o cerne do próprio regime democrático. A discricionariedade necessária à ação policial não pode ser confundida com a arbitrariedade que motiva ações ao arrepio da ordem democrática.
A suposta defesa da ordem, que vale frisar, é muito mal definida na nossa legislação e objeto de fortes disputas sobre seu significado cotidiano, não pode se constituir num salvo-conduto para ações violentas de intimidação a manifestações legítimas numa democracia, nem se tornar um instrumento de imposição de outra ordem, não democrática, que atente contra a garantia de direitos e da vida.
A eventual presença ou ação de grupos violentos no interior de uma manifestação pacífica não pode se tornar justificativa para ações repressivas, de retaliação e à margem da lei, que atinjam o conjunto dos manifestantes, jornalistas ou mesmo transeuntes sem qualquer relação com as atitudes de grupos isolados.
Exigimos que as forças policiais se conformem à ordem democrática, tendo claro que o desempenho de suas tarefas tem como pressuposto básico administrar conflitos e reconhecer a legitimidade das manifestações sociais, não se deixando levar por orientações morais ou por motivações político-partidárias, pautando-se – isto sim – pelos valores maiores que definem nosso Estado de Direito, previstos na Constituição Federal de 1988. Excessos no uso da força e ações arbitrárias poderão levar a uma escalada de violência sem precedentes, e é dever das corporações policiais e de seus chefes hierárquicos impedir que isso aconteça, sob o risco de comprometerem a convivência social pacífica, a ordem legal e os fundamentos do regime democrático.
Voltei
Espero que a inteligência de Antonio Candido ainda esteja entre nós para que ele explique o que significa “eventual presença ou ação de grupos violentos”. EVENTUAL??? Será mesmo que a Polícia Militar sai por aí distribuindo porradas? A única vítima fatal até hoje das manifestações, Santiago Andrade, foi morto por black blocs ainda impunes.
Venham cá: por que as manifestações pró-impeachment, que chegaram a reunir quase 4 milhões de pessoas, não precisaram de manifestos dessa natureza? A resposta é simples: PORQUE UM DOS VÍCIOS DA ESQUERDA É USAR A VIOLÊNCIA PARA PROVOCAR A REPRESSÃO E, ASSIM, TRANSFERIR A RESPONSABILIDADE DO CONFLITO PARA A POLÍCIA. Guilherme Boulos o confessou de viva voz.
É o extremo da cara de pau abrigar mascarados violentos em manifestações e depois escrever: “Exigimos que as forças policiais se conformem à ordem democrática”. Ora, elas já estão conformadas. Aqueles que cometem excessos são punidos. E que punição merecem os vagabundos que açulam os conflitos, a serviço do PT e das esquerdas?
O PT quer acertar vários coelhos com as múltiplas pauladas dos black blocs: faz campanha eleitoral, tenta manter vivo o partido, busca mobilizar a população contra as reformas trabalhista e da Previdência na base do terrorismo e simula um clima de insurreição contra “o golpe”…
Se a gente, no entanto, olha a coisa de perto, lá estão os desocupados de sempre. E também os de sempre assinam manifestos. Que Antonio Candido seja o signatário zero, eis uma autoironia involuntária.