Editorial
das leituras do Guilherme Araújo, jornalista e consultor de negócios e políticas
Após
ler e analisar dezenas de editoriais de renomados colunistas políticos pactuo
do mesmo pensamento do meu amigo e blogueiro Noblat e jornalista. É
indiscutível que a perda de mandato do deputado não elimina a corrupção na
política, mas ajuda na luta pela ética, da qual faz parte aprovar a PEC dos
partidos
A
votação final do pedido de cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não
prometia qualquer surpresa. Se houve alguma foi à magnitude da avalanche de
votos pela volta dele à planície dos cidadãos comuns, sem foro privilegiado. Um
sério problema para o ex-deputado, porque passou a ficar ao alcance do juiz
federal Sérgio Moro, de primeira instância, um dos pólos da força-tarefa da
Lava-Jato, em que o político é investigado e já virou réu.
Os
450 votos contra ele quando eram necessário 257 denunciam o clássico movimento
de abandono de quem cai em desgraça, em busca de outro núcleo de poder. Hoje, o
Planalto de Michel Temer. Mas a causa básica da débâcle de quem chegou à Câmara
com um estilo de atuação nas sombras, para galgar a presidência da Casa e
sonhar com vôos mais altos, foram os atos de corrupção investigados na
Lava-Jato e o uso sem limites dos instrumentos de poder da presidência da Casa
em benefício próprio, para tentar barrar o processo por quebra de decoro que o
levaria à cassação.
Por
isso, a pedido do MP, o Supremo o afastou do cargo e suspendeu o mandato.
Eduardo Cunha mentiu de fato à CPI da Petrobras ao garantir não ter contas
bancárias no exterior. Ao chegarem às provas do Ministério Público da Suíça, o
deputado forjou a história da carochinha dos trusts, titulares imateriais de
contas cujo dinheiro ele e a família usufruíam em viagens ao exterior.
É
indiscutível que a cassação não remove as fundações do fisiologismo e
clientelismo que existem na vida pública brasileira, cujas causas se tornaram
estruturais. A cassação, no entanto, ajuda, e muito, na luta contra essas
mazelas. Sem considerar a coincidência emblemática e feliz de a perda de
mandato haverem ocorrido horas depois da posse da ministra Cármen Lúcia na
presidência do Supremo Tribunal Federal, numa solenidade que escapou dos
cerimoniais enfadonhos para ser vigorosa demonstração de compromisso de combate
à corrupção na mais alta Corte da Justiça e na cúpula do MP.
Houve,
nos debates que antecederam a auspiciosa votação contrária a Cunha, quem
dissesse que em torno do agora ex-deputado havia um embate entre “direita” e
“esquerda”, “conservadores” e “progressistas”, com estes saindo vencedores.
Balela. Ocorreu, na verdade, algo muito além desse reducionismo: a Câmara se
curvou a legítimas pressões da sociedade contra a roubalheira, à esquerda e à
direita.
Muitos
que acusaram o “conservador” Cunha foram aliados dele quando o PT cevava ampla
base parlamentar com os mimos do fisiologismo. Importa, agora, o Congresso
tratar das reformas para consertar a economia, e aprovar a proposta de emenda à
Constituição dos senadores tucanos Ricardo Ferraço (ES) e Aécio Neves (MG),
aprovada ontem na CCJ do Senado, para cauterizar dois dos principais focos da
degradação da política brasileira: a multiplicidade de partidos sem
representação, a ser reduzida via cláusula de desempenho um mínimo de votos nacionais e regionais para
a legenda ter acesso à representação parlamentar plena, e o fim das coligações
em eleições proporcionais, pelas quais o eleitor elege quem não conhece.
Eduardo
Cunha e outros não surgiram por acaso.
Fonte:
Noblat
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