Ex-chefe de gabinete pessoal e amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta terça-feira que o ex-presidente não tem "nenhuma pretensão" de voltar a concorrer às eleições presidenciais. Para Carvalho, o momento atual vivido pelo governo Dilma Rousseff - cuja popularidade desabou, conforme constataram pesquisas de opinião - é semelhante ao verificado na época em que explodiram as denúncias do mensalão, em 2005. Na opinião do ministro, Lula é um "reserva que não precisa ser chamado".
"Sei que o Lula aposta no governo da presidente Dilma. Quem já viveu nesse palácio como eu estou vivendo há 11 anos, já viu o balão subir e descer tantas vezes, que fica muito sereno. Quem viveu 2005, onde já era proclamado por vários editorialistas que o governo Lula tinha acabado, que não ia ter reeleição, tem de ter muita serenidade agora", disse o ministro, antes de participar de evento no Palácio do Planalto.
Conforme informou o jornal O Estado de S.Paulo na semana passada, em reunião marcada por críticas à falta de diálogo do governo Dilma, a Executiva do PT montou uma operação para abafar o coro do "Volta Lula" e desviar o foco dos protestos nas ruas.
"A vitória do Lula é a vitória da Dilma, isso precisa ficar definitivo, ele não tem nenhuma pretensão, nenhuma vontade de voltar, o que ele aposta é na vitória da presidente Dilma e nós sinceramente estamos muito convencidos de que houve, de fato, uma queda na popularidade, que as pesquisas registraram. Temos de aceitar esse fato, estamos trabalhando muito para que os fatos mostrem a nossa capacidade de reação", afirmou Carvalho.
Para o ministro, se a economia brasileira se recuperar - apesar das turbulências no cenário externo -, o quadro político daqui a cinco, seis meses será bem diferente. A avaliação do ministro é menos otimista que a do marqueteiro João Santana, que acredita que a recuperação poderá levar quatro meses.
"Em 2005, quando todo mundo dizia que o governo tinha acabado, o Lula ordenou para gente que nós não déssemos tanta importância para bolha política e trabalhássemos mais. A presidenta Dilma reedita agora, de certa forma, a mesma determinação. Eu quero resultado, eu quero governo de entrega. Se conseguirmos fazer isso, se a economia se recuperar como estamos apostando, não temos dúvida nenhuma que daqui 5, 6 meses, o quadro será bem diferente", disse Carvalho.
"Nós de maneira alguma estamos achando que o circo está pegando fogo, está em decadência, de jeito nenhum", prosseguiu.
Reserva
Em entrevista no início do mandato de Dilma, em janeiro de 2011, Carvalho disse que Lula seria um "Pelé na reserva". Questionado nesta terça por jornalistas sobre essa fala, o ministro respondeu: "(Lula) É um reserva que não precisa ser chamado, o titular tá jogando bem pra caramba".