A metralhadora, de fabricação belga, foi utilizada no helicóptero da Polícia Civil durante a operação que resultou na morte do traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, na favela da Coreia, em Senador Camará, zona oeste da capital, em 11 de maio do ano passado. A metralhadora aparece nas imagens da operação exibidas pelo "Fantástico", da TV Globo, no último dia 5. O vídeo mostra os agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil, atirando de um helicóptero contra um carro onde estava o bandido, apesar de haver várias casas, prédios e pedestres na linha de tiro. A MAG estava sendo usada no helicóptero.
Em entrevista coletiva na última segunda-feira, o subchefe operacional da Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, disse que aquela não foi a primeira vez que a metralhadora foi utilizada pela Polícia Civil. "O emprego da MAG não é novidade pelas polícias do Estado do Rio. Neste caso, a arma foi cedida pela Polícia Federal num ato de cooperação visando à captura do (traficante) Matemático. A PF tinha uma investigação sobre o paradeiro dele e pediu que a Polícia Civil desse apoio aéreo, e a PM, apoio terrestre. Além disso, o calibre 7.62 da MAG é compatível com o de armas usadas pelas forças de segurança do Rio", afirmou Veloso, na ocasião.
Procurado pela reportagem na segunda-feira, após a coletiva, o Exército informou que somente a Polícia Federal e as policias militares dos Estados são autorizadas a empregar a MAG.
Em nota, a Polícia Civil fluminense informou nesta quinta que o termo de cautela da metralhadora foi assinado pelo então chefe do Serviço Aeropolicial (Saer), Adonis Lopes de Oliveira, e um representante da Polícia Federal. A instituição não divulgou o nome do agente federal que assinou o documento de empréstimo. A Civil disse que a arma já foi devolvida à PF. Indagada quantas vezes e desde quando a MAG foi utilizada, a assessoria limitou-se a dizer que a Corregedoria está investigando. A mesma resposta foi dada para responder a pergunta sobre que medidas serão tomadas para punir os responsáveis pelo empréstimo da metralhadora e os agentes que a utilizaram. O piloto Adonis Oliveira não foi localizado para comentar o caso.
A reportagem enviou os mesmos questionamentos à Superintendência da Polícia Federal no Rio, mas não obteve resposta até o início da noite desta quinta.
Vazamento de vídeos
No último dia 11, o jornal Extra publicou vídeos de outra operação da Polícia Civil cuja legitimidade foi questionada. Cinco homens - sendo que dois não tinham antecedentes criminais - foram mortos durante a incursão na Favela do Rola, em Santa Cruz, na zona oeste da cidade. Uma das vítimas, que estava desarmada, aparece sendo carregada por policiais para um bar, conhecido reduto de traficantes da favela. O objetivo, segundo o jornal, seria forjar um auto de resistência (morte em confronto com a polícia). Este caso também está sendo investigado pela Corregedoria da instituição.