O declínio rápido da civilização maia – que ocupou a maior parte do território onde ficam atualmente o México e a América Central – intriga os cientistas há bastante tempo. Não foi encontrada uma explicação clara para o aparente colapso dessa sociedade – conhecida pelo sistema de calendário sofisticado e pela construção de pirâmides – ocorrido entre 800 e 1000 D.C.
Um estudo recente, publicado na revista Science, sugere que mudanças extremas nas condições climáticas foram as causadoras da derrocada dessa civilização.
Após analisar estalagmites de 2 mil anos de uma caverna no sul de Belize e estudar registros arqueológicos, Douglas Kennett, especialista em paleoclimatologia da Universidade do Estado da Pensilvânia, em University Park, e seus colegas afirmam que padrões de chuva incomuns criaram condições para a destruição da população maia. Outros pesquisadores propuseram que o clima seco tinha acelerado o colapso dos maias, mas dados mais recentes fornecem um dos registros de precipitações mais completos e detalhados do centro geográfico do território maia.
A equipe calculou as precipitações que ocorreram nas planícies maias no passado por meio da medição dos isótopos de oxigênio presentes nas estalagmites, provenientes da água de chuva que se infiltrou ao cair sobre o solo na parte superior da caverna. Os níveis de precipitação foram associados a datas específicas por meio do cálculo da porcentagem de isótopos radioativos presentes nas estalagmites.
"Estamos falando de uma história complexa e não descobrimos todos os detalhes até o momento." Ele sugere que o aumento incomum da pluviosidade levou a um rápido crescimento populacional entre 440 e 660 D.C. As estalagmites também revelaram um clima seco prolongado entre 660 e 1000 D.C., associado a um período de instabilidade política – refletido na rápida multiplicação dos monumentos de pedra datados, erigidos por diferentes governantes.
"Eu acredito que uma das maiores contribuições desse estudo é a grande precisão de datação dos registros", afirmou David Hodell, especialista em paleoclimatologia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que apresentou alguns dos dados iniciais que apoiam a teoria de que a mudança climática foi um fator de declínio da civilização maia. Ele ficou impressionado com as margens de erro de 1 a 17 anos obtidas por Kennett – as datações por carbono anteriores tinham margem de erro de 100 anos.