As obras exigidas pelo governo nos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília até a Copa do Mundo de 2014 serão entregues no prazo, garantiram nesta segunda-feira representantes dos consórcios vencedores do leilão desses terminais.
Os investimentos até a Copa deverão somar 626,5 milhões de reais em Brasília e 1,38 bilhão de reais em Guarulhos. Em Viracopos, a exigência antes do Mundial de futebol é de aportes de 873 milhões de reais.
"A gente sabe da responsabilidade de entregar tudo que é previsto até a Copa", disse o presidente da Invepar, Gustavo Rocha. A Invepar faz parte, juntamente com a sul-africana ACSA, do consórcio que arrematou a concessão do aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do país, por 16,2 bilhões de reais.
Tanto ele quanto o representante do consórcio Inframérica, José Antunes Sobrinho, asseguraram que os investimentos serão entregues até 2014. Formado pela Engevix e a argentina Corporación América, o consórcio Inframérica levou, por 4,5 bilhões de reais, a concessão do aeroporto de Brasília.
"O aporte de capital inicial na primeira etapa será do BNDES", disse o presidente da Triunfo Participações, que fez parceria com a UTC Participações e a francesa Egis Airport Operation para levar Viracopos por 3,8 bilhões de reais, Carlo Botarelli.
O presidente da Invepar não descartou lançar mão futuramente das debêntures de infraestrutura com benefícios fiscais -recentemente regulamentadas pelo governo- para financiar os investimentos até a Copa.
"Acho que será uma opção importante para financiar a infraestrutura no longo prazo. Se for adequado vamos usar... Talvez nessa primeira fase (até 2014), a gente vá ao BNDES. Mas, no médio prazo, com certeza vamos olhar a oportunidade das debêntures", disse Gustavo Rocha.
Os outros consórcios vencedores evitaram responder se vão emitir as debêntures, cujos rendimentos terão Imposto de Renda reduzido ou até isento, no caso de pessoas físicas.
INFRAERO
Os três vencedores do leilão elogiaram a Infraero, atual responsável pela administração dos aeroportos, e disseram ver com bons olhos o fato de a estatal ter 49 por cento de participação nas concessões.
"A Infraero, com os recursos que tem hoje, fez um grande trabalho no Brasil", disse Rocha, da Invepar.
Sobrinho, da Inframérica, afirmou que as condições de relações entre os sócios privados e a estatal são equilibradas e afirmou que tem "satisfação em ter a Infraero como sócia". "Os terminais hoje estão na mão deles e seria difícil começar um negócio do nada."
O presidente da estatal, Gustavo do Vale, garantiu que a Infraero não vai interferir nas Sociedades de Propósito Específico (SPEs) que vão administrar os terminais. "Os três aeroportos têm sócios privados majoritários."
SEM VIVA-VOZ
As concessões de Guarulhos e Viracopos foram definidas nos lances da primeira fase, já que nenhum investidor apresentou contrapropostas para esses terminais na etapa viva-voz.
Apenas em Brasília houve disputa em viva-voz, entre o consórcio vencedor, Inframérica, e o grupo formado por OHL Brasil e a espanhola Aena.
Em Guarulhos, o lance inicial de 16,2 bilhões da Invepar-ACSA, com ágio de 373,5 por cento, acabou afugentando os outros interessados.
"Quem deu um ágio maior logo de cara viu potencialidade que os outros não enxergaram", disse o secretário-executivo da Secretaria da Aviação Civil, Cleverson Aroeira.
Rocha, da Invepar, disse que a empresa estudou a concessão por oito meses e garantiu que vai entregar retorno aos acionistas e o serviço aos usuários.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, disse que a procura pelos aeroportos brasileiros justifica-se pelo fato de o Brasil ter baixo risco e boas condições de financiamento.
Para o ministro, o país tem boas perspectivas de crescimento, "principalmente no setor aeroportuário, que continua crescendo a dois dígitos".