A Promotoria de Nova York pediu formalmente nesta segunda-feira a extinção do processo contra o ex-diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn, acusado de crimes sexuais.
Promotores do escritório do procurador Cyrus R. Vance Jr, de Manhattan, apresentaram à Justiça documentos pedindo que todas as acusações sejam arquivadas. Acredita-se que até terça-feira a Justiça decidirá se acata ou não o pedido.
O caso - baseado nas acusações da camareira Nafissatou Diallo - vinha perdendo força nas últimas semanas, em meio a questionamentos sobre a credibilidade e os motivos da suposta vítima.
Strauss-Kahn foi detido em maio, acusado de ter agredido sexualmente a camareira em um hotel de Nova York. Ele nega as acusações.
Se as acusações forem arquivadas, ele será libertado e poderá voltar à França - mas ainda enfrentará um processo civil aberto por Diallo.
A ação da Promotoria foi criticada pelo advogado de Diallo, Kenneth Thompson. 'O procurador negou o direito de uma mulher obter justiça em um caso de estupro', disse.
'Ele não só virou as costas a essa vítima inocente, mas também a provas forenses, médicas e físicas.'
Os advogados de Strauss-Kahn ainda não se pronunciaram sobre a decisão da Promotoria.
Prisão
Na França, as autoridades ainda analisam a possibilidade de abertura de inquérito judicial após as denúncias da escritora Tristane Banon, que acusa Strauss-Kahn de tentar estuprá-la durante uma entrevista, em 2003.
A história veio à tona depois que Diallo, uma imigrante da Guiné de 32 anos, denunciar Strauss-Kahn por estupro em uma suíte no hotel Sofitel de Nova York, em 14 de maio.
O economista de 62 anos foi preso por policiais quando embarcava para Paris, já dentro do avião.
Durante as investigações, o exame de corpo de delito mostrou evidência de ato sexual, mas Strauss-Kahn alega que a relação foi consensual.
O advogado da camareira disse, em entrevista à rádio francesa RTL, que sua cliente se 'sente abandonada' pela promotoria, sendo 'mais investigada que Strauss-Kahn'.
O escândalo interrompeu as aspirações políticas de Strauss-Kahn, que aparecia em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto às eleições presidenciais francesas de 2012, como candidato pelo Partido Socialista.
O caso também forçou a renúncia de Strauss-Kahn como chefe do FMI. O posto foi assumido pela ex-ministra de Finanças da França, Christine Lagarde.
A reviravolta no caso se deu depois que os promotores apontaram inconsistências nas denúncias da camareira. Ela também teria dado informações desencontradas ao preencher o formulário de imigração para os Estados Unidos.
Strauss-Kahn deixou a cadeia em Nova York, permanecendo sob prisão domiciliar, da qual também já foi liberado.
Na tentativa de defender sua versão, Diallo deu entrevistas e, em 8 de agosto, abriu um processo civil contra o político francês.
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