Onde está a verdade? Será que o pastor Marcos Pereira foi mesmo capaz de usar a Palavra de Deus para tirar proveito da boa fé dos outros? Ele está sendo perseguido? ... Essas são algumas perguntas que não querem calar. Nesta terça-feira, 14 de maio, o pastor Rogério Menezes, considerado ex braço direito do líder da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias concedeu entrevista coletiva aos meios de comunicação e contou detalhes de um suposto esquema que tinha como objetivo o lucro material.
Rogério trabalhou com Marcos Pereira por 15 anos, mas hoje é uma das principais testemunhas da série de inquéritos em que o religioso é investigado na Delegacia de Combate às Drogas (DCDO) por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico. Ele acusa o pastor de encenar e divulgar para a mídia a "salvação" de crianças viciadas em crack. "No início dos anos 2000, uma emissora de TV pediu para acompanhar o pastor em uma pregação dentro de uma cracolândia. Ele disse que produziria o vídeo e mandaria para a TV. Então, chegou até mim e disse: "Para convencer as crianças, pega dinheiro da igreja e pede para elas comprarem crack. Diz para elas que no final você vai dar mais dinheiro". Eu me recusei, mas outras pessoas da igreja fizeram", contou o pastor.
Ainda segundo a publicação, a história não foi a única forjada pelo pastor. Segundo Menezes, que era responsável por arrebanhar novos fiéis para a Assembleia de Deus dos Últimos Dias em favelas e presídios e já prestou depoimento à DCOD, quando algum ameaçado de morte pelo tráfico buscava a igreja sem marcas de agressão, Marcos reclamava: "Eu subia o morro para buscar as pessoas e levar para a igreja. Quando elas chegavam bem, ele pedia para que eu falasse para os traficantes maltratarem, darem tiro no pé, só para ele mostrar o antes e depois no culto".
O pastor Rogério Menezes disse em entrevista que o pastor Marcos Pereira transava com a mulher dele. "No dia 30 de dezembro de 2008, minha mulher me contou que era abusada por ele desde que entrou para a igreja. Nós éramos casados desde 1998, e ela disse que ele continuou os abusos durante o casamento. Ele ameaçava ela e dizia que, se me contasse, iria difamá-la. Depois que soube disso, não voltei para a igreja. Ele até me ofereceu dinheiro pelo meu silêncio, dizia que não queria que eu largasse ele, mas não aceitei. Na última vez que o vi, ele apenas confirmou tudo aquilo que minha esposa havia me falado na frente dela." Menezes também disse: "não concordava com tudo, mas acreditava que ele era um homem de Deus e relevava. Uma coisa que sempre achei errada é o fato de ele pegar dinheiro do tráfico para fazer cultos nas favelas. Paralelamente, ele vendia a favela para parlamentares. Em épocas de eleição, ele cobrava para ir com candidatos nessas mesmas comunidades. Outra farsa do pastor eram as rebeliões em presídios. Em Benfica, por exemplo, foram os presidiários que ligaram para ele pedindo ajuda. Ele disse: "Só vou quando autoridades e a mídia pedirem", o que acabou acontecendo. Ele só queria sair por cima sempre.
O religioso que trabalha no AfroReggae disse ainda que corre risco de vida."Pessoas ligadas a ele na igreja vão às favelas para dizer que eu sou "X9" só porque trabalho no AfroReggae. Nos últimos cinco anos, sofri quatro tentativas de homicídio em visitas a comunidades. Nessas ocasiões, os próprios bandidos apontaram arma para minha cabeça e disseram que foi o pastor Marcos que havia mandado me matar."
Na última segunda-feira, 13, mais um ex-fiel da igreja de Marcos Pereira prestou depoimento contra ele, na DCOD. Segundo o homem, o pastor lhe deu um soco e o jogou de uma escada após saber que ele queria namorar uma mulher da igreja. O homem acredita que Marcos teve um "caso" com ela.