A pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na segunda-feira, 20, mostra que o potencial de transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, para Fernando Haddad tem um teto relativamente baixo até o momento. Quatro em cada dez eleitores do ex-presidente da República afirmam que não votarão no ex-prefeito de São Paulo “de jeito nenhum”.
O levantamento mostrou Lula com 37% das intenções de voto, patamar que ele não havia atingido em meses anteriores. Dessa parcela específica do universo da pesquisa, formada pelos eleitores declarados de Lula, metade afirma que com certeza votará ou poderá votar em Haddad se ele for o candidato apoiado pelo ex-presidente.
Outros 10% desse contingente se declaram indecisos ou dizem não conhecer Haddad o suficiente para opinar. E nada menos que 39% rejeitam a hipótese de votar nele.
Para medir o potencial de votos de Haddad, o Ibope fez aos entrevistados a seguinte pergunta: “Caso o candidato pelo PT, Lula, seja impedido de disputar a eleição para presidente da República e declare seu apoio a Fernando Haddad, o(a) sr(a) com certeza votaria em Fernando Haddad, poderia votar nele ou não votaria em Fernando Haddad de jeito nenhum?”
Mesmo com o teto baixo de transferência, Haddad pode capturar dos simpatizantes de Lula – e também de outros candidatos – uma parcela suficiente de votos para viabilizar a disputa por uma vaga no segundo turno.
Levando-se em conta o universo total da pesquisa, e não apenas os eleitores de Lula, 13% afirmam que “com certeza” votarão no ex-prefeito, e outros 14% dizem que poderiam votar.
"Isso mostra que, se Lula não for candidato, Fernando Haddad tem potencial para crescer e disputar o segundo lugar com as demais candidaturas", disse Marcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope Inteligência.
O desafio, para o PT, é fazer chegar ao eleitorado a informação de que Haddad é o “plano B”, ao mesmo tempo em que insiste na narrativa de que Lula é o candidato do partido. Parte significativa da população parece estar acreditando na hipótese de que o ex-presidente será mesmo candidato: quase um terço dos entrevistados pelo Ibope dizem achar que ele vencerá a eleição.
Lula, porém, é candidato apenas do ponto de vista formal, até que a Justiça Eleitoral barre sua pretensão por impedimentos legais – o petista foi condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, e está preso desde o dia 7 de abril.
Enquanto isso, Haddad, a menos de 50 dias da eleição, nem sequer pode se apresentar ao eleitorado como candidato.
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