GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

sábado, 31 de outubro de 2015

Chupar o dedo pode atrapalhar formação dentária e fala do bebê

A sucção não nutritiva fortalece a musculatura dos bebês para a amamentação.

A palavra mania tem dois significados. Pode ser tanto um gosto ou uma preocupação excessiva com algo quanto uma prática repetitiva, um hábito estranho e excêntrico. Os gestos automáticos são imperceptíveis para aqueles que os praticam. Chupar o dedo, por exemplo, é um tique nervoso comum entre as crianças que está associado a fatores sociais e biológicos. A mania pode atrapalhar na formação dentária e também trazer distúrbios à fala. 
A sucção não nutritiva é um ato natural para os bebês e indispensável para a sua sobrevivência, pois ajuda a fortalecer a musculatura maxilar e facilita o processo de amamentação dos pequenos. Eles começam a chupar o dedo ainda na barriga da mãe. Alguns deles, contudo, mesmo quando não sentem fome, têm um forte desejo de sucção. A criança já nasce com esse impulso, porque chupar o dedo faz parte do processo de desenvolvimento psicossocial infantil. “O hábito só se torna nocivo quando traz problemas odontológicos, problemas na mastigação, atraso na fala e constrangimento social”, afirma a especialista em odontopediatria Maria Tereza S. Wendel Grainer. 
Inicialmente, chupar o dedo substitui o peito da mãe. Na psicologia, o nome dessa troca é objeto substitucional. A sucção não nutritiva é importante até uma determinada fase da vida da criança, quando ela ainda depende emocionalmente dos pais e sente-se insegura. “Às vezes, o filho sofre o que chamamos de ansiedade de separação e acha uma forma de repor essa ausência”, explica a psicóloga infantil Laura Goulart. É assim que alguns bebês desenvolvem esse hábito, pois associam o amor à oralidade. 
O hábito, comum até os três ou quatro anos, faz mal dependendo da força e da frequência com que a criança o repete. “Se os pais começarem a notar que os pequenos estão chupando muito o dedo, eles podem inserir a chupeta”, aconselha a dentista. Entre os problemas que a sucção não nutritiva pode causar, se prolongada além do período aceitável, está a mordida aberta. Com os caninos no topo, a criança não consegue morder com os dentes da frente. A ausência do contato entre a arcada superior com a inferior ocorre porque a mandíbula está afastada da maxila em alguma posição do arco dentário. O dedo é um obstáculo que impede a erupção completa dos dentes anteriores, o que produz uma deformação na estrutura óssea. 
Além disso, a articulação dos fonemas também é afetada no período em que acontece a alfabetização. “Os pais precisam reparar nos caninos. Se eles estiverem no topo, a mordida está errada e é preciso consertar o problema com urgência”, afirma Maria Tereza. Chupar o dedo também pode causar flacidez labial e respiração bucal. De acordo com a dentista, se o hábito persistir, é difícil corrigir o problema. “Mesmo que a criança coloque um aparelho, não fica 100%”. 
A fonoaudióloga especialista em crianças Katya Cabrera Rodrigues explica que chupar o dedo nunca é bom, pois ele faz mais pressão que a chupeta, e o céu da boca fica mais fundo. “O hábito faz com que a língua venha muito para frente e a criança coloca o órgão para fora. Isso faz com que ela troque os fonemas sonoros pelos surdos”. Um exemplo é a substituição da letra “v” pelo “f” ‒ em vez de vaca, a criança fala faca. 
A terapia fonoaudiológica é o último recurso, utilizado caso os problemas já estejam evidentes. “Primeiro avaliamos respiração, mastigação e fonação, depois orientamos as famílias a desviar o foco dos bebês dos dedos”. O tratamento corrige mastigação, deglutição, linguagem e respiração. Uma outra adequação é ensiná-la a mastigar dos dois lados da boca. 
Dicas 
- Converse: É unanimidade entre os profissionais que conversar com os bebês funciona. A dentista Maria Tereza S. Wendel Grainer afirma que 99% dos casos são resolvidos antes do aparelho. “Tem que dar atenção, carinho, sentar e falar com ele de como isso vai prejudicá-lo no futuro”, aconselha. A psicóloga Laura Goulart explica que, desde os seis meses de idade, a criança entende o que está sendo dito.
- Ocupe as mãos: sem segurar nada, fica mais fácil para as crianças levar a mão à boca. “Coloque algo nas mãos da criança, como lencinhos, ursos e paninhos. Isso vai impedir que ela chupe os dedos”, orienta a fonoaudióloga Katya Cabrera Rodrigues. 
- Chupeta: por ter formato anatômico, a chupeta faz menos pressão do que o dedo. Contudo, Maria Tereza ressalta que não se pode colocá-la pendurada no pescoço. “Dessa forma, o bebê não vai conseguir pegá-la sempre que tiver vontade”. 
- Não ridicularize: xingar não resolve. Fazer isso só vai deixar a criança com medo. 
 - Converse com o professor: se a criança já estiver na escola ou na creche, converse com os professores. “Eles vão reparar se o hábito persistir e estimular a criança a largá-lo”, diz Laura. 
- Para as crianças crescidas: o ideal é levá-las a fonoaudiólogos. Caso os profissionais achem necessário, haverá um encaminhamento para um psicólogo, para analisar mais profundamente o que leva à permanência do hábito e indicar um tratamento.

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