Provável candidato do PMDB ao governo paulista, o empresário Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), vem investindo pesado na construção de escolas como estratégia para alavancar sua candidatura nos grotões do Estado. O projeto encabeçado por ele já gastou quase R$ 1 bilhão em novas unidades educacionais. Só em 2013, o peemedebista inaugurou pessoalmente 26 escolas integrantes do Projeto Educacional Sesi-Senai - entidades também dirigidas por ele. E vem mais pela frente.
Em média, foram investidos R$ 15 milhões em cada uma delas. O programa foi concebido em 2007, quando Skaf assumiu o comando da Fiesp. As primeiras escolas ficaram prontas em 2009, um ano antes de o dirigente disputar o governo paulista pela primeira vez - em 2010, ele concorreu pelo PSB e recebeu pouco mais de 1 milhão de votos, terminando a disputa em quarto lugar. Ao todo, foram inauguradas 60 escolas nos últimos cinco anos. O custo da empreitada até agora foi de R$ 900 milhões.
O programa também instituiu o ensino médio e em tempo integral, feito que será tratado como mote de campanha na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Em outra frente, Skaf inaugurou 12 faculdades.
A maratona de inaugurações será intensa até junho, quando o presidente da Fiesp se licenciará do cargo para disputar a eleição e passará o bastão para o aliado Benjamin Steinbruch.
Grotões. Enquanto Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e provável candidato do PT em São Paulo, preparava uma caravana com Lula pelo interior do Estado, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que disputará a reeleição, rodava o interior inaugurando obras, Skaf retomou na semana passada sua agenda de inaugurações.
Ele já esteve em Arujá, Guarulhos, Itapira, Mogi das Cruzes, Igaraçu do Tietê, Jaú e Bariri. Como boa parte das obras é feita em parceria com os prefeitos, que doam os terrenos, o programa educacional ajudou o empresário a construir uma rede de aliados de diversos partidos no mapa paulista.
No último dia 4, por exemplo, Skaf recebeu na Fiesp o prefeito de Atibaia, Saulo Pedroso, do PSD, partido do também pré-candidato Gilberto Kassab. Na ocasião, foi assinado um convênio pelo qual a prefeitura fez a doação de um terreno ao Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP) para a construção de um espaço cultural, o Estação Sesi-SP Cultura.
Horário nobre. As inaugurações e atividades da pré-campanha de Skaf se somam ao polêmico investimento que a Fiesp vem fazendo em propaganda na TV. O empresário foi alvo de uma representação aberta pelo PSDB no Ministério Público Eleitoral sob a acusação de ostentar "evidente tom de propaganda eleitoral" nas campanhas que protagonizou.
Só em 2013, a entidade gastou R$ 32 milhões em publicidade institucional. O mesmo valor deve ser gasto em 2014.
Apesar de ter dito que iria reduzir sua participação nos comerciais para "apenas" 10% das inserções este ano, o presidente da Fiesp continua aparecendo em quase todas as peças publicitários no rádio e na TV.
As aparições constantes têm garantido a Skaf até agora o posto de principal adversário de Alckmin na disputa estadual. No levantamento mais recente do Instituto Datafolha, divulgado em dezembro, Skaf apareceu com 19% das intenções de voto, atrás somente do governador Alckmin, com 43%.
Punição. No entanto, a estratégia do pré-candidato do PMDB sofreu um revés recentemente. A Justiça Eleitoral de São Paulo decidiu que o partido não terá direito a inserções de propaganda eleitoral na televisão no primeiro semestre em São Paulo. A legenda foi punida por ter divulgado em 2010 dois filiados, candidatos a deputados, durante a propaganda exclusiva para difundir o programa partidário.
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