GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Após silêncio, prefeito cassado de Campinas ataca a oposição Dr Hélio (PDT) foi acusado de omissão no escândalo do Caso Sanasa, em que sua mulher, a ex-primeira-dama Rosely Santos, é processada como líder de uma organização criminosa que fraudava contratos da empresa de água


Cassado pela Câmara de Vereadores em agosto de 2011, no meio de seu segundo mandato de prefeito da maior cidade do interior paulista, Campinas (758 mil eleitores), a 96 quilômetros de São Paulo, Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio do PDT, voltou à cena no último mês depois de um longo período de silêncio e isolamento. Acusado de omissão no escândalo do Caso Sanasa, em que sua mulher, a ex-primeira-dama Rosely Santos, é processada como líder de uma organização criminosa que fraudava contratos da empresa de água da cidade, corrompia empresários e desviava recursos dos cofres públicos - um rombo de mais de R$ 200 milhões, segundo o Ministério Público -, ele agora parte para o ataque.
Longe da vida política, aos 62 anos e sem falar sobre as provas do processo que podem incriminar sua mulher - depoimentos de delação das supostas fraudes, escutas telefônicas, comprovantes de pagamento, movimentação bancária, entre outras -, Dr. Hélio diz ter sido vítima de um "complô", com grampos ilegais, e acusa o PSDB de fazer política com métodos "obscuros".
Em uma hora e meia de entrevista, conta sobre o surgimento do Caso Sanasa no momento em que atuava como coordenador de prefeitos para as campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff e sobre os interesses político-partidários de seus adversários tucanos. Vinte quilos mais magro, Dr. Hélio não toca no futuro político, pensa em concluir sua biografia, um livro sobre samba, carnavais e a política e virou autor de blog (www.drhelio.com).
Também voltou a estudar medicina, sua profissão de origem: é pediatra.
Leia abaixo trechos da entrevista ao Estado:
O senhor foi cassado entre outras coisas por omissão no Caso Sanasa?
Hélio de Oliveira Santos - O Caso Sanasa foi um problema que aconteceu aqui sem o meu conhecimento. Era uma peça para ser utilizada contra a minha campanha de reeleição (em 2008). Surgia na época um CD de gravação onde os lobistas juntamente com esses empresários teriam gravado esse Luiz Aquino (delator e réu-confesso no processo criminal, ex-presidente da Sanasa de 2005 a 2008) em festas onde corria mulher, uísque com água de coco, bravatas. Essas gravações apareceram em vários comitês dos meus adversários, do PSDB, do PSB, ao Ministério Público, segundo a própria testemunha. Qual a minha surpresa quando isso aparece em janeiro de 2011. Eles dizem que fui omisso. Em 2008, quando fiquei sabendo, exoneramos o presidente em uma instituição igual a Sabesp. Ou será que o governador é responsável por omissão e negligência nesses pacotes de mais de R$ 500 milhões do Estado suspeitos de estar envolvido nisso?
De que dinheiro o senhor está falando?
Dr. Hélio - Em setembro de 2010, eles afirmam 'R$ 600 milhões foi o rombo encontrado'. Quando você vê os documentos, R$ 552 milhões são envolvendo secretarias do governo do Estado, Sabesp, Tribunal de Justiça, Ministério Público do Estado. E R$ 48 milhões da Sanasa. E lá tem diversas prefeituras, no documento colocado pelo Ministério Público, prefeitura de São Paulo, de Hortolândia, de Indaiatuba.
O senhor falou em complô político, assim que quebrou o silêncio, há uma semana...
Dr. Hélio - Na época da reeleição do Lula, reuniram mais de 2 mil prefeitos de mais de 20 partidos políticos e me pediram inclusive para fazer a apresentação para o Lula no final da campanha, nesse encontro geral, que foi no hotel Nacional, em Brasília. A mesma coisa fizemos em uma reunião com prefeitos e prefeitas, em Belo Horizonte, na Dilma, no primeiro turno.
Qual o papel o senhor tinha?
Dr. Hélio - Coordenador, eles me colocaram, tinha uma coordenação de prefeitos, tinha uns 17 prefeitos. Evidentemente o que chama a atenção, e por isso falo em complô político, é que sai a notícia aqui no jornal, sem o conhecimento de absolutamente ninguém, e sem inquérito nenhum aberto. O inquérito da questão Sanasa começa a ser aberto uma semana depois e já sai no jornal dizendo que a Sanasa está sendo... no momento específico que o presidente Lula está aqui com a futura candidata a presidenta. Era 2010, ele veio inaugurar o Minha Casa Minha Vida. Essas questões deflagradas foram em várias cidades.
Coincidência ou não, foram cidades onde eu também tive abrindo comitês com prefeitos e prefeitas para eleição Dilma à presidenta da República. Eu estive em várias regiões coordenando um trabalho multipartidário em prefeituras aqui no Estado de São Paulo, e não foi só aqui, foram em vários outros estados.
O PSDB está por trás desse complô político que o senhor diz existir?
Eles sabem que estão aí vai para 24 anos e que a possibilidade de se manter no poder é muito pequena. Então tem que usar de estratégias de natureza política que muitas vezes não são com p maiúsculo. E tem que serem investigadas essas questões. O poder de governo não pode se misturar ao poder de Estado, são coisas independentes. Não podemos manter essa possibilidade, porque isso pode retornar a épocas obscuras.
Você pega o livro do JK ("JK - O Artista do Impossível, de CláudioBojunga) e o você pega o livro do Carlos Heitor Cony "A Ditadura"você verá como é que se estabeleceu o modelo para querer acabar com a imagem de Juscelino para que não tivesse a oportunidade de a democracia chegar no Brasil mais cedo. IPM (inquérito policial militar) em cima de IPM. Chegaram a prender, acusaram a mulher dele de ter desvios na tal da LBA (Legião Brasileira de Assistência), acusaram que ele tinha grande apartamentos na avenida Miguel Couto. Você vê uma série de acusações onde você tinha os inquisidores cujo interesse final era justamente participar de um processo de impedir o retorno democrático ao país.
O Ministério Público teria sido usado pelo governo contra o senhor?
Estou analisando uma questão do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) local que toma uma atuação em Campinas e isso coincidente ou não, teve reflexo muito claro e terá na disputa da manutenção do PSDB, tanto na cidade, é evidente, quanto no Estado de São Paulo. E talvez até com reflexo no país.
O senhor atribui então a sua cassação e o escândalo a interesse político-partidário?
Existe uma questão de natureza ideológica, eu não sou petista, eu sou do PDT, sempre apreciei o presidente Leonel Brizola.
Agora sem sombra de dúvida, Campinas sempre interessou, o retorno ao poder dessa região para o PSDB. Criaram um slogan que o Caso Sanasa foi o maior escândalo da história da prefeitura de Campinas. Primeiro, não é a prefeitura, estão investigando é uma instituição e buscaram atingir pessoas da minha relação direta.
O maior escândalo político para a cidade foi o escândalo dos precatórios. Esse escândalo, em 1996, é que foi responsável por eu pegar uma prefeitura sucateada e sem condições de investimentos, com uma dívida de quase R$ 1 bilhão. Uma herança maldita do governo do PSDB.
Mas o senhor não foi alvo das investigações, sustenta o Ministério Público...
Como é que eu não estava sendo investigado se havia claramente, e o Estadão publicou uma página inteira disso, uma conversa minha com a senadora Marta Suplicy (PT-SP), ela me relatando que seria relatora do TAV, do trem de alta velocidade, juntamente com o Zaratine (Carlos, PT-SP), na Câmara dos Deputados.
Eu me sinto investigado e me senti desde o início. Veja o depoimento do Luiz Aquino em juízo, que é o réu confesso. 50% das perguntas feitas pelo promotor público foi a meu respeito. Se eu era dono de shopping center, se ele sabia se eu era dono de centro comercial em Miami, se ele sabia se eu era dono de hospital aqui em Campinas, entre aspas o Samaritano. Enfim, uma série de questionamento de uma pessoa que não está no processo.
Eu já estou há mais de dois anos investigado e não encontraram nada a meu respeito, e eu fui cassado. Quem vai me devolver o mandato?
O que o senhor vai fazer, agora que quebrou o silêncio?
Isso tem que ter uma resposta, porque se estavam me investigando, estavam investigando de forma ilegal, porque isso tem que ter uma razão. É juiz de primeira instância? Quem é que deu a ordem para me investigar? Quem é que deu a ordem para gravar aqueles que foram submetidos a chantagem e extorsão? Será que a minha mulher sofreu chantagem e extorsão?Eu não quero entrar nesse mérito... Mas o meu eu quero!
Mas que tipo de resposta o senhor busca?
Parece um dado desconexo, mas na Operação Porto Seguro (que apurou venda de pareceres em agências reguladoras e órgãos federais e envolvia a ex-secretária da Presidência, em São Paulo, Rosemary Noronha), o mesmo indivíduo preso aqui na Operação Durkheim (que apurou um esquema de arapongagem), o Vinicius, era o mesmo indivíduo que estava trabalhando na Porto Seguro, com interceptações telefônicas, junto com quem? Com o Richard, que era o policiais que se suicidou, entre aspas, que trabalhava junto com o coordenador do Gaeco, que na ocasião ia para a imprensa dizer que tinha até um policial federal de Campinas sendo convidado para trabalhar.
Eu como prefeito fui, inclusive, conversar com o ministro da Justiça.
Eu quero uma resposta. Quem é que autorizou um policial federal a trabalhar em conjunto com a coordenadoria do Gaeco de Campinas e depois estoura toda uma situação, descoberta pela Durkheim, de que tem prefeitos grampeados, que tinha senador da república grampeado, magistrados grampeados, aparelho é esse que foi colocado à disposição? A quem pertencia esse aparelho? E estou buscando respostas, vai demorar um pouco mais um pouco menos, mas tudo bem.

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