A campanha do candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, José Serra, utilizou ontem o horário eleitoral no rádio para chamar de "mensaleiro" o projeto de Bilhete Único Mensal proposto pelo petista Fernando Haddad, numa referência ao escândalo em julgamento no Supremo Tribunal Federal que tem ex-dirigentes do PT como réus. Na quarta-feira, o tucano havia sido criticado - também no rádio - pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter renunciado à Prefeitura em 2006.
"Tem um candidato prometendo um bilhete de transporte mensal, o bilhete mensaleiro. Mas assim fica mais caro e não vale nem para o trem nem para o metrô", diz um personagem da propaganda de Serra. "Tem de ficar esperto, esse cara é o mesmo que criou a taxa do lixo", responde o locutor do programa sem citar o nome de Haddad, mas fazendo referência à cobrança instituída pela gestão de Marta Suplicy (2001-2004), na qual o petista atuou na Secretaria de Finanças.
Nesta primeira semana de horário eleitoral gratuito, o rádio é o lugar preferido para críticas entre os candidatos, que procuram adotar discurso mais positivo na televisão, destacando conquistas e propostas.
Coincidentemente, o Bilhete Único Mensal, promessa de Haddad de oferecer ao usuário dos ônibus municipais a opção de pagar uma tarifa fixa por mês, de cerca de R$ 150, que permita viagens ilimitadas, foi o tema da propaganda do PT no rádio ontem.
A equipe do candidato petista entrou na Justiça Eleitoral com um pedido de resposta à peça de Serra. Aliados de Haddad afirmaram que já esperavam que o tema do mensalão fosse trazido para o contexto das eleições municipais. Disseram-se surpresos, porém, com o fato de que isso tenha ocorrido já no início da campanha eleitoral de rádio e TV.
Ontem, Haddad disse que a peça do PSDB subestimava a capacidade do eleitor de compreender a sua proposta e apostava na desinformação como instrumento de debate político. Questionado, Serra não quis comentar o caso. "Não ouvi o rádio", afirmou.
O candidato do PMDB, Gabriel Chalita, também usou o rádio ontem para criticar Serra pelo fato de o tucano ter deixado a Prefeitura no meio do mandato. Em uma conversa entre duas mulheres, uma delas diz que "tem uns e outro que prometem que vão fazer e que vão cuidar e, na hora H, deixam a cidade na mão". E a outra completa: "E vem de novo para pedir voto".
Inserções.Serra tem usado também os spots veiculados no rádio para criticar as gestões anteriores à dele e à de seu sucessor Gilberto Kassab (PSD), especialmente no período em que Marta governava a cidade.
Em uma inserção de 15 segundos, uma músico, em ritmo de forró, afirma que o povo não esqueceu "das escolas de lata, dos postos sem remédios e dos coqueiros do PT".
Essas escolas foram instaladas em contêineres de zinco por Celso Pitta (1997-2000). Quando a petista estava na Prefeitura, houve problemas de abastecimento de remédios nos postos de saúde. Ela também foi criticada na época por gastar R$ 35 milhões em mudas de coqueiros para projetos paisagísticos.
Em outro spot, a canção diz que o PT, após sair da Prefeitura, deixou a cidade endividada e coube a Serra reorganizar as finanças municipais. O fato de as administrações anteriores não terem construído nenhum hospital também é lembrado em outra inserção. "Antes de o Serra ser prefeito, o negócio tava mal. Eram 17 anos sem um novo hospital."
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