GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

sábado, 7 de abril de 2012

Mulheres sofrem com estupro e bigamia no Nepal

Katmandu, 7 abr (EFE).- A ambivalência do hinduísmo tradicional perante a feminilidade e um patriarcado bem arraigado à sociedade são os fatores que explicam a violência contra as mulheres do Nepal, vítimas de crimes como estupro e bigamia.
Embora no hinduísmo mulheres e homens sejam consideradas 'metades complementares', e exista uma importante corrente que exalta o poder criativo feminino, o 'shakti', o marido é um 'deus' para sua esposa.
'Os postulados religiosos que continuam na mentalidade do povo são um dos fatores que incentivam a violência contra a mulher', disse à Agência Efe a ativista pela igualdade de gênero Bandana Sharma.
No Nepal há mulheres que seguem sofrendo abusos, maus-tratos físicos e psicológicos, bigamia - aceita quando a primeira esposa de um homem é incapaz de ter filhos -, e acusações de bruxaria.
'As indigentes idosas são acusadas de bruxaria e submetidas à violência porque em nossa cultura, sobretudo no sul do Nepal, existe a tradição de atribuir as desgraças à ação de alguma bruxa', acrescentou Bandana.
O problema da violência sexual voltou à tona no Nepal recentemente, com a apresentação do estudo 'Justiça Revelada: falam as sobreviventes de estupros', que evidencia a falta de proteção das nepalesas.
Muitas entrevistadas alegaram que a violência ocorre porque há homens que veem as mulheres como 'meros objetos, cidadãs de segunda classe', e que os abusos são um ato 'natural' para homens jovens e sexualmente agressivos.
'A mentalidade patriarcal é a razão principal para que a violência contra a mulher continue. No Nepal há uma cultura de silêncio pela falta de apoio e a dificuldade de recorrer ao sistema legal', afirmou à Efe a chefe do estudo, Bindu Gautam.
Bindu contou que a Polícia nem sempre investiga as denúncias de estupro, e que muitas violentadas não se atrevem a falar do fato porque é a própria vítima é a culpada e, frequentemente, os agressores fazem parte de seu convívio.
Os ativistas, no entanto, consideram que a situação melhorou nos últimos anos e que a conscientização pública cresce cada vez mais neste país do Himalaia, onde três quartos da população pregam o hinduísmo.
O Nepal acaba de pôr fim a uma campanha de cem dias contra a violência sexual, que contou com apoio do primeiro-ministro, Baburam Bhattarai, e em que os ativistas se reuniram com funcionários de todos os distritos do país.
É difícil quantificar os crimes em um país com a precariedade administrativa do Nepal, embora a polícia registre 486 estupros no país em 2010, número superior à média de 433 para o período 2007-2010.
A causa mais comum de violência são os maus-tratos domésticos, embora também sejam registrados casos relativos à posse de terras e imóveis e, no distrito de Dang, as mulheres enfrentam a aceitação social da bigamia.
'Os homens não recorrem à bigamia para ter filhos. Voltam a se casar por prazer', afirmou a Efe a ativista Nirmala Bagchand, da Associação dos Defensores dos Direitos Humanos das Mulheres.
O Nepal aprovou há quatro anos uma lei de violência doméstica, mas os ativistas denunciam que a implementação não foi adequada e é muito branda, porque se centra na reconciliação do casal e as penas são de pouca duração.
Um agressor, de acordo com a advogada Sanu Laxmi Gahsi, pega uma pena de seis meses, enquanto um polígamo uma condenação máxima de três anos, e não existem disposições especiais para as vítimas nem para as ativistas que lutam para desfazer a mentalidade patriarcal.
'Já recebi ameaças de morte e disseram que atearão fogo na minha casa', concluiu Nirmala Bagchand. EFE

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