GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Cuidados ao investir em fundos de ações

Na última terça-feira, falei da pouca competitividade dos fundos de dividendos, tese que causa polêmica. Hoje, abordo algumas táticas usadas por gestores que podem comprometer a estratégia de diversificação dos investidores.
No post “Eike não construiu seu império com dividendos. O choque entre duas teses”, de 30 de janeiro, mostro a pouca competitividade dos fundos de dividendos. Em resumo, essas carteiras tendem a apresentar pior desempenho do que o índice de bolsa em mercados altistas. E quando a bolsa está em queda, são pouco competitivos comparados a títulos públicos que, em tese, têm menos riscos. Isso decorre do menor beta das ações defensivas. Veja conceito de beta no post “As ações defensivas do Ibovespa”, de 9 de agosto.
Além disso, os investidores dos fundos de dividendos têm negligenciado aspectos importantes como, por exemplo, o custo de oportunidade, o prêmio que o retorno em ações deve ter sobre o de títulos públicos (“ativos livre de riscos”) e a necessidade de acompanhar, além dos dividendos distribuídos, a cotação do papel. Não conheço nenhuma gestora de recursos que tenha como produto “carro-chefe” um fundo de dividendos.
Algumas estratégias de gestores de fundos de ações também podem trazer riscos à diversificação. A carteira, para ser classificada como fundo de ações (FIA) e ter benefício tributário, deve investir no mínimo 67% dos seus ativos em ações. Os FIAs possuem uma vantagem fiscal sobre fundos de renda fixa e títulos públicos. Os rendimentos desses últimos são tributados com alíquotas diferenciadas. Quanto mais tempo o investidor mantém sua aplicação, menor a alíquota. As taxas variam de 15% (para investimentos superiores a dois anos) a 22,5% (para períodos de até seis meses). Por sua vez, a alíquota dos FIAs é sempre de 15% independentemente do prazo do investimento.
Gestores de FIAs podem manter até 33% do patrimônio em títulos públicos ou em caixa caso acreditem que a bolsa possa apresentar fraco desempenho. Contudo, esse procedimento pode prejudicar a estratégia de diversificação dos investidores. Imagine um investidor com R$100 mil aplicados em um CDB de grande banco que resolva diversificar sua carteira, direcionamento R$30 mil para um FIA ativo. Suponha que, nesse exato momento, o gestor do fundo tenha alocado 33% de sua carteira em títulos públicos. Logo, no caso em questão, apesar de o investidor ter destinado 30% de sua poupança para um fundo de ações, ele terá apenas 20,1% (R$30 mil x 67%/R$ 100 mil) dos recursos com risco-bolsa.
Se o cenário do gestor se confirmar, o FIA, provavelmente, terá melhor desempenho do que o índice de ações. O aplicador ficará satisfeito. Mas imagine o oposto: a Bovespa engatando uma alta consistente. As chances de o FIA superar o Ibovespa são menores. Ao comparar a rentabilidade do FIA com o Ibovespa ou o IBrX, o investidor ficará desapontado. Importante dizer que o mau desempenho do FIA em relação ao mercado não foi necessariamente devido à escolha das ações (os 67% alocados), mas a um erro na projeção sobre a direção da bolsa.
Há estratégias ainda mais preocupantes. Alguns FIAs buscam reduzir a volatilidade. Procuram se caracterizar como fundo de ações para terem o benefício fiscal, embora tenham perfil mais de multimercado. Além de operar o nível do caixa do fundo, esses gestores podem reduzir a exposição ao mercado acionário utilizando derivativos e aluguéis de ações.
Uma possibilidade é manter 100% da carteira alocada em ações e, de vez em quando, ter uma posição 100% vendida em Ibovespa futuro caso acredite na queda do índice. É uma estratégia para ganhar mesmo com a bolsa em baixa. Se a parcela de ações se desvalorizar menos do que o índice, o fundo apresentará performance positiva decorrente do ganho no mercado futuro. Caso o mercado acionário contrarie nosso gestor, iniciando uma alta, o fundo pode até apresentar desempenho positivo, mas dificilmente superará o índice de bolsa. Mais uma frustração para o investidor do exemplo.
As estratégias acima são ruins? Não necessariamente. O importante é o investidor ter noção de como o gestor atua para não comprometer a sua estratégia de diversificação. Qual a diferença básica entre um FIA convencional (“long only”) e FIAs com estratégias mais ariscas? O primeiro tem como meta “bater” o índice de bolsa escolhendo bons ativos. Os outros, além dos ativos, necessitam acertar também a direção do mercado. Tarefa mais complexa.
E a referência desses fundos pode até mesmo se alterar, deixando de ser o índice de bolsa e passando a ser o CDI. Nesse caso, o investidor do exemplo diversificou sua carteira?

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