O PC do B desistiu de insistir na permanência de Orlando Silva à frente do Ministério do Esporte quando percebeu que estava se tornando alvo das denúncias de irregularidades, praticadas principalmente por ONGs ligadas à legenda. Tanto é que o partido se viu obrigado a usar o tempo de sua propaganda na TV, nos últimos dias, para se defender e dizer que não compactua com a corrupção.
Diante da mudança no alvo das denúncias, o PC do B percebeu que insistir em manter Orlando no ministério seria levar a sujeira cada vez mais para dentro do partido. Mesmo assim, a direção da legenda resolveu tentar um constrangimento à presidente Dilma Rousseff durante a reunião em selaria o destino de Orlando. Em vez de oferecer a demissão, como é corriqueiro nessas horas, o partido comunicaria que a presidente estava livre para escolher o substituto.
Isso foi decidido num encontro realizado no gabinete da liderança do PC do B na Câmara, durante parte da manhã e da tarde de quarta-feira, 26, sob o comando do presidente do partido, Renato Rabelo. Na mesma reunião, Rabelo comunicou aos integrantes do PC do B que estivera com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) um pouco antes e a conversa tinha sido dura.
O governo considerava que o desgaste com a permanência de Orlando já passara de todos os limites.
Nem toda a bancada ficou na reunião até o fim. A deputada Manuela D'Ávila (RS) saiu antes e anunciou: 'Vou para uma coisa mais importante, que é a apresentação do PSD (partido que na quarta-feira registrou no Congresso a sua bancada de senadores e deputados)'. Cerca de uma hora depois, os integrantes do PC do B foram saindo, um a um. Irritados, mas obedientes, se recusavam a fornecer detalhes do que ocorrera na reunião. Afirmavam que só Rabello poderia falar.
Nos encontros que promoveu nos últimos dias, o PC do B procurou culpados pelas denúncias contra Orlando. Achou vários. Entre eles, um complô da Fifa e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para derrubar o ministro e uma articulação das grandes empresas e da mídia para atingir o PC do B, que é defensor do financiamento público de campanha. Nas intervenções feitas nos encontros, os militantes do PC do B chegaram a dizer que, por sua história, por terem feito a Guerrilha do Araguaia (1972-1976), teriam de resistir. Não conseguiram.
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